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14/03/2018 às 06h00min - Atualizada em 14/03/2018 às 08h44min

Suspensão de clínica infantil sufoca UAIs em Uberlândia

Reportagem do Diário flagrou esperas de 3 horas por atendimentos

VINÍCIUS LEMOS | REPÓRTER
Há mais procura por atendimento infantil e maior tempo de espera nas UAIS | Foto: Vinícius Lemos

O descredenciamento da Clínica Infantil Dom Bosco na última semana, por problemas na documentação, pressionou as Unidades de Atendimento Integrado (UAI) que fazem atendimentos pediátricos.  Maior procura por atendimento infantil e também maior tempo de espera foram percebidos por pais e mães que estiveram nestas unidades nos últimos dias. A Prefeitura, por sua vez, informou que a situação se encaminha para resolução e que, apesar das esperas de mais de três horas flagradas pela reportagem do Diário de Uberlândia na tarde de terça-feira (13), a alta na demanda é causada por uma “questão de sazonalidade”.

De acordo com apuração do Diário, o descredenciamento aconteceu formalmente na última quinta-feira (8), mas ainda no início daquela semana, o Município encontrou problemas na tentativa da unidade de saúde de renovar contrato. Uma série de documentos apresentados não estava em conformidade com o exigido pela Prefeitura.

A clínica Dom Bosco foi a única a atender à chamada pública 041/2018, em fevereiro deste ano, que buscava realizar “credenciamento de empresas para execução de serviços ambulatoriais e hospitalares em Clínica Pediátrica em regime de internação em enfermaria pediátrica, bem como consulta em atendimento de urgência e emergência”.

Procurada, a direção do hospital não quis se manifestar a respeito do caso. Entretanto, fontes informaram ao Diário de Uberlândia que a unidade, que presta serviços para o Município há mais de quatro anos, passa por adequações em sua estrutura física e também busca regularizar a situação documental. A expectativa é que até amanhã a situação esteja resolvida.
 
ESPERAS

Entre as UAIs da cidade de Uberlândia, quatro têm atendimento pediátrico de 24h - as dos bairros Planalto, Roosevelt, São Jorge e Morumbi. As unidades dos bairros Martins e Luizote têm atendimento infantis entre 7h e 19h.

Na Uai Morumbi, na zona leste, a reportagem encontrou Kerolaine Jennifer, que na tarde de terça-feira (13) esperava há mais de duas horas para que seu filho de um ano fosse atendido por conta de febre e diarreia. “Mais cedo estava até mais cheio aqui. Vi gente esperando desde 11h”, disse ela. Em situações anteriores, a mãe afirmou ter sido atendida mais rápido, em menos de uma hora.

Na mesma unidade, Maria das Graças Silva de Brito esperou mais de duas horas e meia para que o filho de 9 anos fosse avaliado por um pediatra. “Cheguei aqui era 13h, ele passou pela triagem faz tempo. Eu procuro saber e só e dizem para ter paciência. Sempre demora, mas desta vez está muito cheio e demora mais ainda”, afirmou.

Ontem (13), quando a reportagem esteve na UAI São Jorge, na zona sul, mais de 10 crianças aguardavam no corredor da pediatria para receber atendimento, todas há mais de uma hora, sendo que uma mãe informou estar há quase três horas na fila.

No caso da filha de Ruth Assis da Silva, chamou a atenção que a criança de apenas um ano foi encaminhada com urgência do posto de saúde do bairro Jardim Botânico, na zona sul, por baixa oxigenação e mesmo assim a espera beirava duas horas. “Aqui ela foi classificada como verde”, disse a mãe, ao fazer referência à classificação de Manchester, o que indicava que o caso da filha foi considerado pouco urgente.

PREFEITURA

Em nota, a Prefeitura informou que a “Clínica Infantil Dom Bosco já apresentou a documentação necessária e estará reabilitada a prestar atendimento em enfermaria pediátrica ainda nesta semana”.

Sobre o estrangulamento das UAIs, foi escrito que “a Prefeitura Municipal de Uberlândia informa que está impossibilitada de contratar mais profissionais devido a uma representação movida pelo vereador Adriano Zago junto ao Ministério Público de Minas Gerais. Informa ainda que a demanda por atendimento pediátrico nas unidades está maior devido questões relacionadas à sazonalidade de doenças infantis”.

ZAGO

Procurado, o vereador Adriano Zago, também em nota, explicou que “Ao longo de 2017, percebemos que a Fundasus, embora extinta desde janeiro, continuou realizando contratação de funcionários para atuar na rede municipal de saúde. (...) Com isso, recorremos ao Ministério Público, que já havia começado a apuração dos muitos indícios de irregularidades, ou mesmo de ilegalidades, ao longo das contratações realizadas pela Fundasus. Na ocasião, o secretário municipal Gladstone Rodrigues, em depoimento ao promotor Fernando Martins (em agosto de 2017), afirmou que no primeiro semestre de 2017, a Fundasus contratou cerca de 150 funcionários. (...) Diante destes absurdos e destas ilegalidades, o promotor Fernando Martins ajuizou no dia 25 de outubro uma ação de improbidade administrativa contra o prefeito e o secretário municipal. Nos pedidos, inicialmente, estão a suspensão imediata destas ilegalidades (ou seja, que a Fundasus, por ser uma entidade extinta, pare de realizar contratações)”. Ele ainda afirmou que “a Administração Municipal pode, e deve, contratar profissionais para a saúde, desde que não o faça pela Fundasus.”
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