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04/03/2018 às 05h25min - Atualizada em 04/03/2018 às 05h25min

Oscar 2018 já tem conotação histórica

Pela primeira vez uma mulher é indicada na categoria Melhor Fotografia

VINÍCIUS LEMOS | REPÓRTER
Por “Mudbound” Rachel Morrison é a primeira mulher indicada ao Oscar de Melhor Fotografia | Foto: Divulgação

“Aqui estão todos os homens indicados”. Foi com essa frase que a atriz Natalie Portman introduziu os nomes dos diretores indicados ao Globo de Ouro em janeiro, durante a festa de entrega do prêmio da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood. Cinco direções. Todas de homens. Damos um salto de alguns dias e, ainda em janeiro, descobrimos que Greta Gerwig se tornou a quinta mulher indicada ao Oscar de Direção na história de 90 anos do prêmio. É uma minoria, mas ao lado da diretora de “Lady Bird”,  vai estar Rachel Morrison, a primeira mulher indicada na categoria de Melhor Fotografia da Academia por “Mudbound”. São poucas mulheres, mas representa muito.

Quando, neste domingo (4), a festa do Oscar começar, ela vai ser histórica mesmo sem que qualquer susto aconteça. A premiação vem na cola de uma onda de denúncias contra assédios em Hollywood, as quais derrubaram, entre outras pessoas, o gigante da indústria Harvey Weinstein, logo um especialista em colocar filmes na premiação. Mas o lobby do produtor caiu frente às dezenas de denúncias que o levaram a ser a principal persona non grata no cinema americano. O reflexo disso e também das mudanças promovidas desde o ano passado na Academia são as principais explicações para mais uma festa politizada e o que parece um passo (de vários) para as mulheres dentro da indústria.

“Se levarmos em conta que entre as cinco indicadas ao Oscar de Direção temos apenas uma vencedora, Kathryn Bigelow com ‘Guerra ao Terror’, em 2010, é ainda mais decepcionante”. “A jornada, infelizmente, é longa em relação a maior inclusão das mulheres no mercado, mas já começou”. “Ainda temos um chão grande para caminhar, visto que a Academia é formada majoritariamente por homens (ainda). Sigo atenta”. As frases formam um pensamento único, mas são três cinéfilas consultadas pelo Diário para está reportagem. Na ordem, a cantora Lane Dias e as jornalistas Thais Zago e Ana Augusta Ribeiro.

MAIS QUE PRÊMIOS

Não se espera que as atrizes usem preto, como no Globo de Ouro, mas um momento especial para o movimento Time’s Up, que combate os avanços contra mulheres e dá apoio às vítimas. Uma série de representantes da organização, entre elas Ava DuVernay, Laura Dern e Shonda Rhimes falaram sobre o assunto à imprensa norte-americana. O que exatamente vai acontecer é surpresa, mas o momento é único em quase um século do Oscar. Dessa forma, haverá mais do que broches do movimento no momento mais popular da indústria de filmes americana.

Umas das vítimas das investidas Weisntein, a atriz Ashley Judd foi confirmada na festa como umas das apresentadoras da noite de hoje, hora que uma série de outros nomes importantes para a representatividade feminina também subirão ao palco do Teatro Dolby. Entre elas estará Gal Gadot, protagonista de um dos principais filmes abraçados pelo movimento feminista, “Mulher-Maravilha”. Sucesso de bilheteria e elogiado pela crítica, para muitos o filme poderia ter estado ao lado de “Lady Bird” duplamente, nas categorias de melhores Filme e Direção. O longa da heroína da DC/Warner foi dirigido por Patty Jenkins. Mais do que apresentar e ser o rosto da amazona dos quadrinhos, Gal esteve diretamente envolvida, em 2017, com o afastamento do produtor Brett Ratner da sequência de “Mulher-Maravilha”. Ele teve pelo menos seis acusações de assédio sexual.

E se eu disse que o Oscar de 2018 vai se tornar histórico por si, ainda na juntada dos apresentadores um tipo de tradição foi quebrada. Desta vez, o vencedor de 2017 do prêmio de melhor ator não vai entregar o de melhor atriz. Casey Affleck levou o Oscar de Ator por “Manchester à beira-mar”, só que ainda no ano passado houve protestos contra ele devido a acusações de ser violento e assediar pelo menos duas mulheres da produção do longa “Eu ainda estou aqui”, de 2010. Affleck anunciou em janeiro que se retirou do cargo de apresentador, automaticamente escalado pela vitória anterior.

“A pressão exercida através dessa conscientização em massa poderá provocar uma abertura gradual dentro da indústria e, por fim, a tal sonhada real representatividade dentro da sétima arte”, disse Lane Dias.

MODA

O que passa pelo tapete vermelho sempre é moda

O tapete vermelho é um momento tão ou mais comercial para uma noite de premiação como o Oscar. Estrelas, astros e muita imagem. Parece futilidade e a pergunta “O que você está vestindo?” pareceu incomodar mulheres nos últimos anos, como se aquilo fosse o que de mais importante elas tivessem a dizer, acima, inclusive, de seu trabalho. Especialista em moda, a jornalista Ana Augusta Ribeiro explicou que por trás do glamour ou da falta de assunto sobre cinema, há, na verdade muito dinheiro envolvido. “A relação moda e red carpets é algo que vem desde o começo da premiação, ganhando muito força nos anos 80. Pense em grifes que desembolsam mais de U$ 200 mil para vestir uma indicada a Melhor Atriz. Claro que isso não justifica os entrevistadores de red carpet não desenvolverem mais nada com elas além da fatídica pergunta”, disse.

Ela deu dois exemplos. As ações da Dior subiram exponencialmente em 2013, quando Jennifer Lawrence usou um vestido de princesa da grife e o eternizou com sua queda na escada. E o estilista novato Brandon Maxwell conseguiu uma vaga na Semana de Moda de Nova York depois que Lady Gaga usou um modelo da grife no Oscar de 2016.

Nada que não possa ser mudado, como o dinheiro sempre faz para continuar a fluir. O que é bem visto pela também jornalista ligada à moda, Thais Zago. “Acredito que o Cinema e a Moda estão passando por um processo maravilhoso de modificação. Moda sempre foi vista como algo supérfluo, e tem muito, mas há muito mais nesse meio do que apenas usar o look em alta. Achei muito bacana no Globo de Ouro, quando a repórter passou a perguntar as atrizes o porquê da escolha do look e não quem ela estava vestindo”, afirmou.
 
Todas as Diretoras indicadas em 90 anos de Oscar

2018 - Greta Gerwig – “Lady Bird”
2010 - Kathryn Bigelow - "Guerra ao Terror” (única vencedora)
2004 – Sofia Coppola – “Encontros e Desencontros
1994 – Jane Campion – “O Piano”
1977 - Lina Wertmuller – “Pasqualino Sete Belezas”
 
Principais catetorias – Indicados 2018
 
Melhor Filme
Me Chame Pelo Seu Nome
O Destino de Uma Nação
Dunkirk
Corra!
Lady Bird - A Hora de Voar
Trama Fantasma
The Post - A Guerra Secreta
A Forma da Água
Três Anúncios Para um Crime
 
Melhor Direção
Dunkirk - Christopher Nolan
Corra! - Jordan Peele
Lady Bird - A Hora de Voar - Greta Gerwig
Trama Fantasma - Paul Thomas Anderson
A Forma da Água - Guillermo del Toro
 
Melhor Atriz
Sally Hawkins - A Forma da Água
Frances McDormand - Três Anúncios Para um Crime
Margot Robbie - I, Tonya
Saoirse Ronan - Lady Bird - A Hora de Voar
Meryl Streep - The Post - A Guerra Secreta

Melhor Ator
Timotheé Chalamet - Me Chame Pelo Seu Nome
Daniel Day Lewis - Trama Fantasma
Daniel Kaluuya - Corra!
Gary Oldman - O Destino de Uma Nação
Denzel Washington - Roman J. Israel, Esq.
 
Melhor Ator Coadjuvante
Willem Dafoe - Projeto Flórida
Woody Harrelson - Três Anúncios Para um Crime
Richard Jenkins - A Forma da Água
Christopher Plummer - Todo o Dinheiro do Mundo
Sam Rockwell - Três Anúncios Para um Crime
 
Melhor Atriz Coadjuvante
Mary J. Blige - Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi
Allison Janney - I, Tonya
Laurie Metcalf - Lady Bird - A Hora de Voar
Octavia Spencer - A Forma da Água
Lesley Manville - Trama Fantasma
 
Onde assistir ao Oscar:

Rede Globo - Após o Big Brother Brasil

TNT - 20h30 com Tapete vermelho | 22h – Cerimônia

E! Entertainment - 19h – 22h – Tapete Vermelho
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