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04/02/2018 às 05h17min - Atualizada em 04/02/2018 às 05h17min

Adiar reparos pode gerar prejuízos aos motoristas

Mecânicos alertam para riscos de ampliar problemas e encarecer conserto

MARCO ANTONIO ROCHA | FOLHAPRESS

Em três décadas como mecânico, Alexandre Correia, de 48 anos, diz que já viu de tudo. O cheiro de gasolina que, ignorado, virou incêndio; a suspensão que tanto gritou por socorro que soltou uma roda com o carro em movimento; o óleo que em 50 mil quilômetros jamais havia sido trocado e arruinou o motor.

"O que eu mais escuto na oficina é 'depois eu faço, esse orçamento ficou muito caro'", diz Correia. Segundo ele, muitos pedem para fazer apenas o serviço básico, para vender o carro. "Passam-se meses e o cliente volta, com uma quantidade de problemas infinitamente maior."

Os casos relatados pelo mecânico têm duas características em comum: chegaram ao limite porque o motorista foi negligente e tiveram soluções bem mais caras devido à demora em providenciar o conserto.

"As peças geralmente trabalham em conjunto. Não adianta trocar somente as pastilhas de freio se o disco também estiver ruim. Faço questão de registrar na nota fiscal que o cliente optou por fazer apenas parte do serviço, porque com certeza ele voltará", afirma Correia.

BARULHO

Orlando Júnior, de 34 anos, é dono de uma banca de revistas e ainda paga as prestações do reparo de seu Chevrolet Corsa 2006. Ele havia sido alertado por seu mecânico que era preciso trocar não apenas a correia que aciona diversos acessórios de seu carro, mas também os rolamentos que fazem parte do conjunto.

Júnior decidiu que faria o serviço em partes, por acreditar que gastaria menos. Um dia, a caminho do trabalho, o carro parou logo após um forte barulho.

"Um rolamento estourou, a correia de acessórios se rompeu e um pedaço entrou por trás da polia do motor, levando ao rompimento de outra correia. Já vinha escutando um barulhinho, mas deixei para lá, achei que era besteira", diz Júnior, que teve de gastar com a retífica e a troca de várias peças, além de pagar o reboque.

FALTOU ÁGUA

A falta de manutenção também gera problemas silenciosos. Um pequeno vazamento de água no radiador pode ter consequências graves, porque muitos dos carros atuais não têm marcador de temperatura.

Correia lembra o caso de um cliente que rodou com o carro com nível baixo de fluido refrigerante por tanto tempo que o motor não resistiu.

Partes internas começaram a derreter. Segundo o mecânico, o conserto que sairia por R$ 600 saltou para R$ 3.500.

Quando o assunto é manutenção, desleixo vira sinônimo de prejuízo.

Para o mecânico, há condutas que podem evitar surpresas desagradáveis.

O motorista deve circular por trechos curtos com os vidros abertos e o rádio desligado, para que sinais sonoros dados pelo carro sejam percebidos. Outra dica é seguir as recomendações do manual do carro.

"Está tudo lá, com os prazos determinados pelo fabricante para manutenções. Se é para trocar o óleo aos 10 mil quilômetros, não pode deixar para fazer isso aos 20 mil", afirma Correia.

No caso do carro que rodou 50 mil quilômetros com o mesmo lubrificante, um Hyundai Tucson, o mecânico afirma que o gasto chegou a R$ 5.000. Caso a manutenção tivesse sido feita no prazo, o serviço sairia por R$ 600.
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