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24/12/2017 às 08h04min - Atualizada em 24/12/2017 às 08h04min

Ex-presidente assume conselho fiscal

Guto Braga ajudou o time a encontrar o equilíbrio financeiro e a permanecer na elite do Mineiro

ÉDER SOARES | REPÓRTER
Guto Braga: “Quero levar experiência e colaborar com atual gestão” / Foto: Éder Soares

 

No dia 31 deste mês, Guto Braga encerra um ciclo de seis anos como presidente do Uberlândia Esporte Clube. Considerado por muitos como o redentor financeiro do Verdão, Guto chegou ao clube em 2006 como diretor financeiro na diretoria executiva então presidida por Everton Magalhães de Siqueira. Guto assumiu o clube pela primeira vez no triênio 2012/2014, sendo reeleito para o último mandato 2015/2017.

Como maiores feitos dentro de campo, Guto Braga conseguiu o título do Campeonato Mineiro – Módulo II (2015), tirando o Verdão de uma fila de cinco anos no que é a legítima segunda divisão estadual. Em 2016, apesar dos resultados ruins com a terceirização do departamento de futebol para a Universidade do Futebol (UF), o clube ainda conseguiu se manter na elite estadual, o que era a principal meta.

Neste ano, fazendo uma campanha regular no Mineiro, alcançou o maior objetivo da temporada, que era conquistar a vaga para a Série D do Brasileiro para 2018. De quebra, ainda veio uma vaga na Copa do Brasil, com a entrada do América Mineiro diretamente nas oitavas de final da competição.

Braga passará o bastão para Flávio Gomide, eleito no dia 20 de setembro e que terá a responsabilidade de conduzir o Verdão no triênio 2018/2020, a partir de 1º de janeiro. Guto continuará no clube, mas como presidente do Conselho Fiscal, ala destinada a fiscalizar e orientar as contas da entidade.

Flávio Gomide destacou os principais méritos e ações de Guto Braga nos seus dois mandatos. “Primeiro mandato foi conturbado com problemas políticos porque os dois vices renunciaram (Márcio Reis Maia e o Everton Magalhães). Com o time não subindo para a primeira divisão, ele enfrentou muita pressão da torcida. Mas em um segundo mandato, ele (Guto) mesclou dirigentes experientes com os da nova geração (Flávio Gomide, Edenilton Faria, Fabrício Tavares, Alessandro Marques e Robson Márquez), e criou um organograma, chamando eu e o João Gilberto para ajudar na executiva. A mescla alavancou o clube”.

O comandante da equipe esportiva da Rádio Vitoriosa AM, Wander Tomaz, além de sócio do clube foi um dos diretores da comissão eleitoral do último pleito. Tomaz vai mais longe e faz questão de buscar a história de Guto no Verdão, desde que assumiu o departamento financeiro em 2006.

“Os 12 anos de Guto Braga e de seus pares no Uberlândia Esporte Clube foram um divisor de águas. De instituição quebrada e com falência anunciada, utilizaram de excelência administrativa para transformar o Furacão Verde em um dos clubes mais sólidos do futebol brasileiro. Caberá à nova diretoria continuar batendo um bolão, fora de campo, e com um algo a mais: procurar a perfeição dentro de campo. Certamente, não a encontrará, mas atingirá a excelência no futebol. O ‘Periquito mais querido e forte’ (parte do hino do UEC) está pronto para voos altos em Minas e no Brasil”, disse Wander.

 

ENTREVISTA

Diário: Como foi o seu primeiro trabalho no UEC, logo em 2006, quando foi convidado para assumir a parte administrativa e financeira?

Guto: O Uberlândia tinha muitas dívidas, penhoras constantes de renda e seu patrimônio 100% leiloado devido ao histórico de muitos e muitos anos atrás que culminou com o caos absoluto, em dezembro de 2005. Naquele momento o Verdão estava como uma empresa falida, na qual as suas dívidas eram maiores do que o seu patrimônio líquido.

 

O UEC chegou a perder o Juca Ribeiro?

Sim, chegou a perder o Juca Ribeiro por um dia. Nós conseguimos recuperar através do senhor Estevam (Bretas), que devolveu o leilão do arremate que ele havia feito do estádio. Ele, pessoalmente, havia arrematado e o Uberlândia estava ali perdendo um dos seus maiores patrimônios. Então, o Juca Ribeiro e a Vila Olímpica não cobriam os custos das dívidas, mas conseguimos, através do presidente Everton Magalhães e de muitos outros, enfim, reverter a situação e a partir daí negociar as pesadas dívidas que o clube tinha.

 

E como foi o seu primeiro mandato em 2012?

Assumi em 2012 com o meu modo de agir e pensar, e apesar de ser o sucessor do Everton, ainda encontramos muitas dificuldades para desenvolver o futebol, pois quando se fala do Uberlândia Esporte, para o torcedor, o negócio é futebol. Mas a gente que está lá dentro sabe que a parte estrutural do clube tem de ser forte para trazer os resultados dentro de campo. Então, na minha primeira gestão, acabamos apanhando bastante porque não tivemos sucesso dentro de campo. Não conseguimos o acesso para a primeira divisão.

 

Mas na segunda gestão, a partir de 2015, a situação melhorou. Como foi?

Para começar, entramos com dez diretores e saímos agora com os dez diretores. Isso é muito importante, pois o histórico do Uberlândia mostra que sempre começava com uma diretoria com muitas pessoas e terminava com poucas pessoas, sendo dois ou três no máximo, sempre foi assim. E com essa reformulação da minha primeira para a segunda passagem conseguimos obter os êxitos em 2015 (acesso para a primeira divisão), 2016 (manutenção na primeira divisão) e 2017 (vaga para a Série D e Copa do Brasil). 

 

Mesmo com a sua saída ao final deste ano está sendo dada continuidade ao processo administrativo e de futebol?

Está acontecendo principalmente no departamento de futebol, onde não deveria mudar mesmo. A gente precisa ver que hoje o departamento de futebol está afinado com o Uberlândia Esporte Clube. Para chegar onde nós chegamos, hoje precisava acontecer o que aconteceu na primeira gestão, o insucesso da equipe.

 

Em 2016 aconteceu a parceria com a Universidade do Futebol, do João Paulo Medina, que acabou não dando muito certo. Foi mais um aprendizado para o clube?

A maioria absoluta pedia a profissionalização do futebol do Uberlândia Esporte. Foi feito, mas o encargo caiu todo sobre mim (o presidente), o suposto insucesso. Mas eu não sei o que foi insucesso, porque nos mantivemos na primeira divisão, que era o nosso principal objetivo. Todos os clubes que sobem, no primeiro ano, a meta é permanecer na primeira divisão. Se foi bom ou não, e eu me coloquei de forma neutra no rompimento do contrato, serviu como aprendizado para o clube. A partir disso tudo, o clube aprendeu sobre o que não deve ser feito.

 

O que as pessoas deveriam pensar sobre o Uberlândia hoje?

Se deve pensar que estamos na primeira divisão, com vaga na Série D do Brasileiro, na Copa do Brasil, com as contas equilibradas, temos a Vila Olímpica impecável com a parte social muito bem administrada e tem um belo centro de treinamento. Um clube muito bem cuidado e temos que, inclusive, ressaltar o grande trabalho feito lá pelo presidente Luiz Martins Neto e a sua equipe nestes três anos, pois foram companheiros de primeira hora. Tomaram uma posição contrária na eleição, mas estão lá ainda até o final do seu mandato e fizeram a sua parte neste processo do Uberlândia Esporte.

 

Em relação à continuidade do trabalho para 2018, como você está vendo?

Fizemos contratações antecipadas, mantendo uma base da equipe deste ano, trouxemos boas peças, está acontecendo uma pré-temporada muito boa, antecipada e com uma comissão técnica que também está dando continuidade ao trabalho, que todos nós sabemos o quanto isso é importante dentro do futebol. Também temos que ressaltar o desempenho do nosso diretor de futebol (Fabrício Tavares), que está fazendo um grande trabalho.

 

Em 2014, o Uberlândia perdeu o acesso para a primeira divisão na última rodada, no Norte de Minas, para uma equipe de Montes Claros formada por jogadores juniores. O que você diz sobre este fato?

Acho que foi uma situação positiva para o clube, por incrível que pareça, pois se tivéssemos subido naquele ano, nós provavelmente cairíamos no ano seguinte e não teríamos condições de ter uma sequência tão boa quanto estamos tendo agora.

 

E agora, em relação ao Verdão, como você ficará?

A minha visão agora é de colaborar com a minha experiência financeira de 12 anos no clube. Eu não vou ser um ex-presidente que vai estar ingerindo na gestão atual, de maneira alguma. Não vou mesmo e não vou estar participando das decisões. A nova diretoria tem pessoas que já conhecem bem o clube, são bem experientes e sabem o que não fazer. A minha opção em ir para o conselho fiscal é para levar experiência e colaborar com a nova gestão. Lá, vamos fiscalizar para que o UEC não tenha retrocessos na sua gestão. Essa é a minha única e exclusiva função dentro do Uberlândia Esporte Clube.


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