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10/12/2017 às 05h53min - Atualizada em 10/12/2017 às 05h53min

Sindicato Rural terá sua primeira disputa

Eleição acontecerá no dia 21 de dezembro entre Gustavo Galassi Gargalhone e Paulo Roberto Andrade Cunha

WALACE TORRES | EDITOR
Gustavo Galassi e Paulo Roberto disputam a presidência / Fotos: Divulgação

 

Pela primeira vez em sua história recente o Sindicato Rural de Uberlândia terá duas chapas na disputa pela presidência. Cada uma conta com 24 membros, incluindo os integrantes dos conselhos. A eleição será no dia 21 de dezembro e cerca de 520 associados terão direito a voto.

Considerado uma das sete principais entidades de classe de Uberlândia, integrante do G7, o Sindicato Rural é responsável pela principal festa popular da cidade, o Camaru. Desde 2012, a parte de agronegócios foi separada do entretenimento. Com isso, além do Camaru, o sindicato realiza a Femec – Feira do Agronegócio de Minas Gerais, que já é considerada uma das maiores do país.

Na disputa do sindicato estão dois nomes de peso do setor. Gustavo Galassi é neto do ex-prefeito Virgílio Galassi e integra a diretoria da entidade há 16 anos. Paulo Roberto presidiu a entidade por 11 anos, tendo inclusive o atual adversário como um dos dirigentes num de seus mandatos.

O Diário do Comércio conversou com os dois candidatos, que têm em comum entre suas propostas intensificar a segurança no campo e incrementar os serviços aos produtores.

 

ENTREVISTAS

Gustavo Galassi Gargalhone

Idade: 48 anos

Engenheiro agrônomo com MBA em gestão em marketing

Naturalidade: Uberlândia

Atuação no sindicato: faz parte da diretoria há 16 anos, sendo duas vezes vice-presidente.

 

O que o motivou a tentar a presidência após 16 anos na diretoria?

Eu convivi minha vida inteira com a entidade. Desde criança eu participava do sindicato por conta do meu avô e do meu pai. Meu nome sempre foi lembrado quanto tinha alguma mudança de gestão. E este ano o Thiago não poderia ser candidato novamente, então a diretoria me convocou e eu aceitei a convocação sem vaidade nenhuma, sem impor nada.

 

A atual diretoria tem como um dos principais feitos a implantação da Femec, a Feira do Agronegócio. Se eleito, pretende incrementar esse evento?

Já tínhamos uma cobrança de diretorias passadas querendo separar a parte de entretenimento de negócios. Como a exposição de agosto é tradicional desde a época de 1950, em 2012, diante dessa necessidade, nós montamos um projeto e para nossa surpresa logo no primeiro ano tivemos R$ 40 milhões em negócios realizados dentro da feira. A cada ano tivemos um incremento e alguma novidade. No começo, a Femec era voltada para insumos e máquinas, depois vieram os veículos, a parte de animais, pro-genética, feirão de animais, e mais recente os campos de semente. Então já estamos visualizando que num futuro breve a feira será tão grande que a parte dos campos de experimentos não será dentro do parque. Já temos a oferta de áreas próximas da cidade com essa visão, pois o crescimento é tão grande que estamos preparando esse futuro. Já o Camaru seguiu a tradição, conseguimos modernizá-lo, portanto, criou-se uma mescla de uma festa cultural de Uberlândia com os negócios, pois continua havendo muita genética de senepol, nelore, os equinos, as provas, torneio leiteiro, a fazendinha, o rodeio, a cavalgada.

 

Hoje a área do Parque de Exposição está dentro da cidade. Há uma necessidade de se rever a mudança do parque para outro lugar?

Essa conversa do parque sair de onde se encontra sempre existiu, embora a gente tenha todos os requisitos para todos os eventos, seja nas questões ambientais, de acessibilidade, de trânsito, alvarás, policiamento. Não descartamos no momento devido, pela sua magnitude, o parque se mudar para outro lugar. Mas no momento não é o foco principal da diretoria.

 

A violência no campo é uma das principais preocupações dos produtores rurais. O que pode ser feito para melhorar a segurança?

Nas nossas gestões mais recentes conseguimos criar a Companhia Rural dentro do nosso recinto, com a união das polícias Militar e Civil. A diretoria do sindicato sempre tem se empenhado muito, recentemente repassamos um veículo para a Polícia Civil, e arcamos com as despesas da delegacia. Nos projetos futuros a gente tem um caminho de montar um cinturão de monitoramento via câmeras interligado aqui na Companhia Rural. Tem algumas empresas nos procurando para tentar auxiliar essa segurança no campo. Já temos sinais positivos em conversas com a Prefeitura e a Câmara Municipal para tentar conseguir mais veículos para a Patrulha Rural. A gente sempre quer interagir com a Polícia Militar no sentido de ajudar a diminuir esses índices de criminalidade, como criar a vizinhança solidária e uso de aplicativos de celular que facilita a velocidade de ação da polícia. Trabalhando em conjunto podemos ajudar, lembrando que segurança pública é uma responsabilidade de todos, mas um dever do Estado.

 

O Sindicato Rural tradicionalmente foi um formador de políticos. Você também tem essa vontade de disputar um cargo político, como seu avô (Virgílio Galassi)?

Sempre me questionam isso. Quando fiz 18 anos, a primeira coisa que fiz foi tirar a carteira de motorista e me filiar ao partido do meu avô. Sempre acompanhei a vida política dele porque eu andava com ele praticamente o dia todo em seus processos eleitorais. Hoje eu tenho o meu foco estritamente no Sindicato Rural. Se eu tivesse interesse em ser candidato, eu já teria várias oportunidades. Como estou muito focado no sindicato, não penso no momento em cargo político ou pleito eleitoral.

 

Há outras prioridades em caso de eleito?

Temos vários projetos, a melhora dos espaços comerciais do leilão, o fortalecimento do setor jurídico que é para evitar essa questão da invasão de terra que foi muito consequente na região de Uberlândia, a parte do convênio médico que os produtores nos questionam – e que perderam por questões jurídicas e não nossa – e estamos tentando antecipar isso para o associado. Somos um grupo de associados tentando ajudar e resolver os problemas que acontecem com cada um. A gente tem um grupo muito diferenciado de diretor, um voltado a pecuária leiteira, outro na banana, na Ceasa, na pecuária de corte, agricultura, na produção suína, de frango, então a gente consegue trazer para o sindicato todas as discussões que acabam amenizando os problemas e tentando ajuda-los em todas as questões.

 

Paulo Roberto Andrade Cunha

Idade: 63 anos

Engenheiro Civil

Naturalidade: Uberlândia

Atuação no sindicato: 11 anos na presidência

 

Quais as suas pretensões com a perspectiva de retornar à presidência do sindicato?

Quando você é uma pessoa atuante no meio, você é cobrado e chamado. E eu fui chamado por um grupo para encabeçar uma chapa. Fizemos uma pesquisa na Femec e foi uma adesão muito boa para formar uma chapa e defender os interesses dos produtores. Dos 24 integrantes de nossa equipe, 21 estão vindo pela primeira vez. É uma renovação. Eu entendo que precisamos dar um choque para ter mais motivação, mais serviço para o produtor rural. Quando fui presidente, tínhamos dois bancos no sindicato, tínhamos várias associações instaladas, o Clube de Amigos da Terra (CAT), o plantio direto, novilho precoce, fazíamos o evento Boi Verde, vários serviços na defesa do produtor rural. Havia também uma comissão fundiária, pois na época que entrei no sindicato, em 1998, começaram as invasões de terra aqui e no Brasil. Essa comissão buscava inteligência e como fazer as reintegrações de posse.

 

A segurança, aliás, é uma das principais questões hoje no campo.

Em 2000, constituímos no sindicato o projeto Campo Seguro, que foi um projeto inovador, copiado no Brasil todo. Construímos dentro do Camaru uma delegacia, e agora com a nossa vinda vamos fazer o Campo Seguro Inteligente, que é uma parceria do Sindicato Rural com a Polícia Militar, Polícia Civil, Prefeitura. Serão instaladas torres nas estradas vicinais, chips serão colocados nos defensivos agrícolas, carros, tratores e faremos um trabalho forte de blitz com a polícia. Além disso, para complementar esses projeto de segurança no campo, vamos contratar de imediato um advogado criminal para que ele possa, a partir do momento que um bandido for preso na zona rural, dificultar a saída dele da cadeia, além de ajudar o produtor rural no boletim de ocorrência e tudo o que ele precisar. Tudo gratuito. Isso vai levar um pouco mais de segurança ao homem do campo, porque hoje ninguém quer mais ficar dormindo em fazenda, os funcionários estão com medo de morar nas propriedades rurais. Temos que levar segurança para ele produzir em paz. Vamos trazer também um departamento técnico, com agrônomos, técnicos veterinários, zootecnistas com preços diferenciados para o sócio. Teremos também um balcão de negócios para auxiliar o produtor e ainda uma secretária exclusiva para os conselhos rurais, para organização da documentação e dar agilidade.

 

A Femec, implantada pela atual diretoria, conseguiu separar os negócios do entretenimento. Sendo eleito, pretende dar sequência a esse trabalho?

A Femec foi muito importante. Na diretoria atual tem o João Carlos Semenzine, que é muito amigo meu e está na outra chapa, mas não tem importância. Se viermos a ganhar, já falei para o João continuar seu trabalho junto comigo. Temos que aproveitar essas pessoas que estão à frente dos grandes projetos, não podemos jamais enfraquecer uma Femec que está na sua sexta edição. Precisamos é de melhorar e trazer mais fomento para o Sindicato Rural. Os diretores que entenderem que querem ajudar, se viermos a ser vitoriosos, serão todos aproveitados. O sindicato fica e nós passamos, então precisamos ter uma equipe boa com bons projetos. Também queremos fazer o Camaru cada vez melhor. A parte de pecuária precisa ser incrementada, chamar a ABCZ para fazer nelore, gir, trazer os taurinos, não podemos deixar esvaziar a nossa feira. Hoje tem pouco gado aqui dentro.

 

O parque hoje está dentro da cidade. Seria o caso de em pouco tempo se repensar um novo local para o Camaru?

Acho que não. Dou o exemplo da ABCZ, que está há 80 anos no centro de Uberaba. Temos é que melhorar cada vez mais o nosso parque, sou contra tirar o Camaru daqui. Isso é um patrimônio do produtor rural, do povo de Uberlândia. Inclusive vamos investir muito no cavalo, que é um dos segmentos que mais gera renda no agronegócio, pois traz divisa e turismo para Uberlândia. De imediato, vamos drenar a pista do cavalo e fazer um projeto para cobrir a pista. Vamos fortalecer a ACC – Associação dos Cavaleiros do Camaru, criada na nossa gestão. A ACC é que vai tomar conta da parte de cavalgada, rodeio, exposição na nossa gestão. Queremos ainda fazer vários shows beneficentes no Camaru, não tem um local melhor de acesso em Uberlândia do que o Camaru. Serão shows para ajudar o Hospital do Câncer. O Hospital Henrique Prata, em Barretos, sobrevive por conta dos eventos beneficentes e doações. Com isso, estamos ajudando a população de Uberlândia e região.


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