O aposentado José Domingos Batista, de 79 anos, tentou por três meses vender sua minivan da marca chinesa Jac, modelo J6, ano 2012. Procurou duas concessionárias, mas lhe ofereceram R$ 15 mil pelo carro, avaliado em R$ 30 mil na tabela Fipe.
"Quando comprei, não achei que a aceitação no mercado fosse ruim e que o valor pudesse cair tanto", diz.
Ele também anunciou em um site de vendas e chegou a receber uma proposta, mas desconfiou do comprador. Agora, espera vender ou trocar em uma feira de usados.
Alguns procedimentos ajudam na comercialização. Se for anunciar na internet, o proprietário precisa caprichar para concorrer com centenas de veículos semelhantes ao seu. Fotos feitas em lugares claros, que mostrem o carro por inteiro e limpo, são fundamentais.
Carros muito rodados assustam os compradores. Nesse caso, o jeito é abaixar o preço. "Já avaliei veículos ruins com 30 mil quilômetros e bons com mais de 100 mil, mas o mercado tem esse medo", diz o consultor automotivo Felipe Carvalho, especialista em encontrar veículos usados para seus clientes.
Estar com a manutenção do veículo em dia -e ter como provar isso- também ajuda. O proprietário deve guardar todos os comprovantes de revisões e consertos.
Carvalho afirma que esses cuidados valem para quem quer vender sem intermediários. Se for repassar para uma concessionária ou loja, não é preciso tanto. "O veículo vai ser desvalorizado de qualquer jeito, dificilmente o investimento em melhorias é recuperado", diz o consultor.
O principal fator que atrapalha a venda, para Bruno Tinoco, dono da oficina Motorfast, é a má fama causada por custos altos de manutenção.
Carros importados, antigos ou fora de linha têm peças caras e raras, e poucos sabem consertá-los. "É o carro que o rico não quer mais e o pobre não pode manter", diz Adalmo Geraldo Mourão, dono da revendedora Auto Nobre.
SEM MEDO
Há quem não tema veículos com fama de serem difíceis de revender. O administrador de empresas Renato Oliveira, de 36 anos, nunca teve um zero-quilômetro na garagem. Ele prefere comprar um veículo usado potente e completo e investir na manutenção.
Em fevereiro, trocou seu Honda Accord 2007 por um Lexus ES300 ano 2000, pelo qual desembolsou R$ 23 mil e gastou mais R$ 6.000 em manutenção. A geração atual do seu carro, modelo 2017, custa R$ 275 mil.
Oliveira afirma não ter preocupação, nem pressa, com a venda do carro. Ele encontrou um comprador para o seu Honda depois de dois meses e meio de anúncio.
RELAÇÃO DURADOURA
Veículos de marcas que ficaram pouco tempo no país
- Geely EC7
- MG 550
Importados de alto luxo com mais de 10 anos de uso
- BMW X5
- Volvo S80
- Porsche Cayenne
- Audi A8
Nacionais (ou produzidos nos demais países do Mercosul) que não fizeram sucesso no mercado
- Peugeot 408
- Ford Focus Sedan
- Renault Symbol
- Chevrolet Vectra GT
Carros que deixaram de ser produzidos e têm alto custo de seguro e/ou de manutenção
- Fiat Marea
- Volkswagen Bora
- Ford Mondeo
- Chevrolet Sonic
- Citroën C4 Pallas
DICAS PARA VENDER TEU CARRO
-Limpe o carro antes de fotografar; procure um local com boa iluminação
-Se for usar a câmera do celular, fotografe na posição horizontal
-Tire fotos das duas laterais, da frente, do motor e do espaço interno
-Anuncie o ano, o modelo e a quilometragem do veículo
-Informe se está em dia com a manutenção
-Se os pneus forem novos, destaque no anúncio
-Verifique preços máximo e mínimo pedidos pelo mesmo modelo em anúncios para definir um valor médio
-Quilometragem baixa ajuda na venda. Se o carro rodou menos de 15 mil quilômetros por ano, destaque essa informação
-Seja simpático com os interessados e responda a todas as perguntas deles sobre o carro
-Ofereça um test-drive em local seguro e movimentado
DICAS PARA COMPRAR UM CARRO E FUGIR DO MICO
-Pesquise o nome do carro ao lado de palavras-chave (modelo + manutenção, modelo + revenda, modelo + defeitos)
-Desconfie de carros anunciados muito abaixo do valor da tabela Fipe
-Converse com seu mecânico e pergunte sobre custos de reparo e de peças
-Veja em tabelas de preço por quanto tempo o modelo foi comercializado. Se não passou de três anos em linha, desconfie
-Verifique quanto custa o seguro: carros com manutenção cara ou peças difíceis de encontrar têm seguro com valor mais alto
-Séries especiais (relacionadas a eventos esportivos, por exemplo) tendem a se desvalorizar mais rápido
-Prefira cores neutras, como preto, tons de prata e branco
-Fuja de versões básicas, sem direção hidráulica e ar-condicionado
-Recuse veículos que não têm histórico de manutenção documentado
-Faça perícia (vistoria em postos credenciados) para verificar se o carro é clonado, de leilão ou recuperado por seguradora