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09/10/2017 às 17h11min - Atualizada em 09/10/2017 às 17h11min

Novos residenciais se estruturam

Pequis e Monte Hebron ganham novos contornos com intervenções dos moradores e novas relações de cooperação

VINÍCIUS ROMARIO | REPÓRTER
Valéria de Souza agora tem uma confeitaria na garagem da nova casa no Pequis / Foto: Vinícius Romario

Há menos, de um ano dois novos bairros foram criados na zona oeste de Uberlândia, o Residencial Pequis e o Monte Hebron, por meio do Minha Casa, Minha Vida, programa do Governo Federal. A reportagem do Diário do Comércio foi até lá conversar com os novos moradores para saber como está a formação dessas novas comunidades em relação à infraestrutura e segurança.

De forma geral, eles disseram estar felizes com a realização do sonho da casa própria (todos os entrevistados pagavam aluguel antes de se mudarem), mas reclamaram da falta de uma rede de comércio próxima e cobraram a entrega de escolas, creches e unidades de saúde.

Sirlene Helena do Nascimento foi contemplada com uma casa no Residencial Pequis, onde mora há três meses. Antes, vivia no bairro São Jorge, na zona sul de Uberlândia. Ela conta que atualmente está desempregada porque não conseguiu vaga em nenhuma escola da cidade para o filho de 1 ano e 4 meses e, por isso, precisa ficar em casa para cuidar dele.

O bairro dela contempla três escolas de educação infantil. De acordo com dados da Prefeitura de maio deste ano, apenas uma estava concluída e funcionando. As outras duas unidades ainda estavam em obras.

Os entrevistados também reclamaram da dificuldade em manter produtos em casa devido à falta de comércio local, como supermercado, padaria, farmácia, entre outros. “O complicado é ter que sair do bairro para fazer compras, mas também é normal por ser um bairro novo”, disse Sirlene do Nascimento.

Foi pensando nessa demanda que Valéria de Souza resolveu mudar de profissão e abriu uma confeitaria na nova casa no Residencial Pequis, onde mora há quatro meses, após se mudar do bairro Jardim Califórnia, zona leste. Agora    comerciante, ela conta que abriu o negócio há dois meses, após deixar o emprego de atendente. “As vendas estão melhorando. O pessoal ainda está conhecendo, está tudo em formação por aqui”, afirmou Valéria de Souza. Ao lado da casa dela também já funciona uma mercearia.

 

SEGURANÇA

Cooperação tem sido maior que a insegurança

Uma das pessoas ouvidas pela reportagem presencia pela segunda vez a experiência de chegar a um bairro que está começando. A vendedora, que preferiu não ser identificada, se mudou em 2012 para o bairro Shopping Park, na zona sul da cidade, e vive em uma casa do conjunto habitacional. Ela conta que muito do que viu acontecer lá tem se repetido no Pequis, onde mora a filha dela. Mesmo morando em bairros distantes, a vendedora vai com frequência à casa da filha, que precisa de auxílio da mãe por conta de um problema de saúde.

Nesta semana, a mãe acompanhou a filha em uma audiência no Juizado de Pequenas Causas. O motivo: um desentendimento entre a filha e uma vizinha por causa da construção do muro que separa a casa das duas. “Muitos problemas são semelhantes aos que vi acontecer quando me mudei para o Shopping Park, como os desentendimentos por causa da construção dos muros da divisa, o som em volume excessivo e a falta de consciência na hora de usar espaços que fazem parte da propriedade do outro”, cita.

A vendedora ainda aponta questões mais sérias, como as ligadas à segurança. “No Pequis ainda está menos complicado do foi no início no Shopping Park, mas sabemos que deve haver disputas ligadas ao tráfico de drogas”, afirmou.

Apesar das questões complicadas, ela conta que também existe cooperação entre os novos moradores. “Eu contei com muita amizade quando me mudei para o Shopping Park, e também vejo isso acontecer entre minha filha e alguns vizinhos.”

Já a dona de casa Maria de Lourdes Gonçalves mora no Monte Hebron há dois meses e, segundo ela, a segurança não tem sido motivo de preocupação e a vizinhança está se ajudando. “Ficamos sabendo às vezes de alguma coisa, mas nunca aconteceu nada por aqui como roubo ou furtos. Mas sabemos também que coisas como o tráfico de drogas existem em todos os cantos da cidade e aqui não deve ser diferente”, afirmou.

Segundo o tenente Marcos Ronald Correia da Silva, a Polícia Militar (PM) trabalha normalmente, mesmo quando há novas comunidades em formação. “Atuamos conforme a demanda, e ela tem sido baixa nessa região. No Monte Hebron, por exemplo, temos somente quatro registros de roubos desde janeiro deste ano”, disse.

Sobre o tráfico de drogas, o tenente afirmou que ainda não há uma contabilização dos números de ocorrência, mas que a PM age de forma repressiva. “Trabalhamos para tirar esses criminosos da rua e a participação da população nesse processo por meio da denúncia é muito importante”, ressalta Silva.

Em relação aos desentendimentos entre vizinhos, o tenente afirma que os registros não são alarmantes. “Claro que existem conflitos, mas temos notado que há uma cooperação entre a vizinhança”, explica.

Sobre ações como a rede de vizinhos, já existente em outros bairros da cidade, o tenente ressalta que ainda é cedo para por em prática. “São comunidades ainda em formação. Primeiro é preciso que eles se estabeleçam para que possamos começar a desenvolver esses possíveis projetos”, afirmou o tenente Ronald.

 

INTERVENÇÕES

Famílias se organizam para melhorar casas

Se há poucas farmácias e mercados, as casas de materiais de construção já são vistas com mais frequência pelos bairros Pequis e Monte Hebron. Residências em obras e, principalmente, a construção de muros, são vistos em todos os quarteirões. Os moradores afirmam que essas providências são para trazer mais segurança, além de privacidade.

O aposentado Sebastião Vieira Santana mudou-se para o Monte Hebron há dois meses e iria começar a construir o muro da casa onde vive durante o fim de semana. “Realmente é uma questão que traz mais segurança para a gente, apesar desse quesito estar tranquilo por aqui”, ressaltou Santana.

A comerciante Janaina Lizandra Paiva também já adquiriu o material para construir um muro na parte dos fundos da casa e pensa em novas obras para o futuro. “Quero fechar a frente do imóvel também e, apesar de toda essa crie, talvez eu também construa mais um quarto”, disse.

 

EQUIPAMENTOS PÚBLICOS

Prefeitura não comenta entrega de escolas e UBS

A reportagem do Diário do Comércio solicitou à Prefeitura de Uberlândia, na ultima terça-feira (3), uma atualização sobre a entrega de casas e equipamentos públicos – como as escolas e unidades de saúde - dos bairros Residencial Pequis e Monte Hebron, mas até o fechamento desta edição, na noite de sexta-feira (6), a questão não havia sido respondida.

Conforme divulgado pelo Município em maio deste ano, haviam sido entregues 1.729 casas no Residencial Pequis, que tem um total de 3,2 mil unidades na faixa 1 do Programa Minha Casa, Minha Vida. O restante estava pronto e aguardava autorização para ser entregue. Já o Residencial Monte Hebron conta com 2 mil casas, sendo que já tinham sido entregues 1.006. Outras 499 estavam concluídas e outras 495 unidades estavam com obras em andamento.

 

NÚMEROS

- Residencial Pequis

3,2 mil casas

- Monte Hebron

2 mil


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