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02/10/2017 às 05h26min - Atualizada em 02/10/2017 às 05h26min

ONG combate anemia com peixinho de ferro

Voluntários de Uberlândia levam utensílio para famílias moçambicanas

LAURA FERNANDES | APRIMORAMENTO PROFISSIONAL
O utensílio tem durabilidade de cerca de cinco anos / Foto: Divulgação

 

A ONG Missão África, de Uberlândia, encontrou uma forma simples e eficaz de auxiliar as famílias de Moçambique, na África, no combate à anemia ferropriva (decorrente da deficiência de ferro): o Lucky Iron Fish, também conhecido como peixinho de ferro. O mecanismo criado pelo canadense Christopher Charles fornece até 90% da quantidade de ferro necessária por dia e pode ser reutilizado diariamente durante cinco anos. Em um ano, o mecanismo já auxiliou mais de 50 famílias do país do sudeste da África.

A utilização do peixinho é simples: basta o colocar em fervura durante dez minutos, enquanto o alimento estiver sendo cozido, e depois retirá-lo do recipiente. O utensílio tem o mesmo princípio das tradicionais panelas de ferro, bastante utilizadas em muitas regiões brasileiras, mas em formato portátil e prático.

As famílias são medicadas tanto para combater as enfermidades em geral quanto para suprir a deficiência de ferro, mas a médica voluntária Saori Carloto explica que a praticidade do peixinho tem algumas vantagens. “Uma hora a medicação acaba, então o peixinho entra para suprir essa deficiência”, esclarece.

A ideia de empregar o utensílio no cotidiano das famílias auxiliadas pela Missão África partiu da própria médica. Saori explica que a maioria das pessoas atendidas pela ONG tem dificuldade para ler e entender as orientações sobre a medicação. A partir disso, a médica viu a necessidade de oferecer a elas uma solução prática quando os voluntários não estivessem lá para orientá-los. “Temos que levar algo que seja eficiente e didático”.

A ONG gasta cerca de R$ 30 para adquirir cada peixinho. As doações não possuem valores pré-estabelecidos, e a campanha para arrecadação continua aberta.

 

AVALIAÇÃO

Famílias têm bons resultados com o tratamento

A primeira leva de peixinhos enviados para Moçambique pela ONG de Uberlândia foi em abril do ano passado. A coordenadora da Missão, Ana Carolina Detoni, diz que a médica Saori Carloto comprou por conta própria 35 peixinhos e os levou para a viagem naquele mês.

Segundo Ana Carolina, eles foram deixados em parte das escolas onde a ONG desenvolve trabalho e entregues a algumas famílias com maior índice de anemia. “Distribuímos de acordo com a condição clínica da criança”, afirmou.

Nesse processo de apresentação do peixinho, os voluntários procuram explicar as consequências da má alimentação e da ausência de minerais. “Entramos com trabalho de conscientização para mostrarmos que além de comer as coisas que estão acostumados eles precisam colocar o peixinho na panela”.

A coordenadora explica ainda que o acompanhamento desses resultados tem sido maior nas escolas onde eles atendem, uma vez que há dificuldade de acesso à rotina das famílias. “Percebemos que as crianças que estudam nas nossas escolas têm tido uma melhora significativa na anemia”, afirmou.

Ana Carolina reconhece os resultados dos peixinhos no combate à anemia ferropriva dessas famílias e explica que até então, por não terem tido financiamento, poucos peixinhos foram enviados. Mas a próxima viagem a Moçambique está marcada para o dia 9 deste mês e a Missão África conseguiu arrecadar 127 peixes de ferro. “A intenção é aumentar a gama de pessoas que receberam o peixinho, porque a gente sabe que quase todo mundo lá tem anemia por causa da deficiência de ferro e o peixinho tem sido eficiente neste sentido”, disse.

 

A ONG

A Missão África é uma organização não governamental e sem fins lucrativos. A instituição recebe apoio da associação Missão Sal da Terra e trabalha em parceria com a ONG Jocum, com a Prefeitura do Dondo e com instituições de ensino. Suas atividades estão concentradas no trabalho de combate à fome e à pobreza e na proteção da família e da infância em Moçambique, um dos países mais pobres do mundo. Lá a ONG oferece tratamento médico e odontológico gratuito para a população carente, além de um centro de recuperação nutricional para as crianças da região.

A entidade também mantém a Escola Comunitária Missão África, com atendimento a 120 crianças carentes de quatro a cinco anos que não tinham acesso à educação básica em uma comunidade próxima a Moçambique.

 

SERVIÇO - AJUDE A MISSÃO ÁFRICA

Interessados em contribuir podem acessar o site da ONG.

Os depósitos na conta da Missão África podem ser realizados no: Banco do Brasil, conta corrente 119273-6, agência 1001-4 / Caixa Econômica Federal, conta corrente 2919-8, agência 3961, op. 003 / CNPJ 16.908.250/0001-64.


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