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07/09/2017 às 05h57min - Atualizada em 07/09/2017 às 05h57min

Câmara homenageia supercentenária

Maria Domingas nasceu em 1900 e pode ser considerada a mulher mais velha do país e a segunda do mundo

WALACE TORRES | EDITOR
Maria Domingas nasceu no Município de Prata e veio para Uberlândia na década de 1950 / Foto: Denilton Guimarães

 

A Câmara Municipal de Uberlândia concedeu ontem um título de cidadã honorária a uma senhora que pode ser a mais idosa do Brasil e a segunda do mundo. Maria Domingas nasceu no ano de 1900, conforme consta em sua carteira de identidade, e, aos 117 anos completados em 12 de julho, seria hoje a mulher mais velha do país. Maria Domingas só perderia o posto de mulher mais velha do mundo para a jamaicana Violet Brown, que nasceu em 10 de março de 1900, ou seja, apenas 124 dias de diferença.

Amparada por dois netos e uma bengala numa das mãos, Maria Domingas chegou ao plenário da Câmara andando, a passos curtos, mas firmes. O assédio da imprensa e de curiosos logo na abertura da sessão a deixaram curiosa, porém não tiraram a sua tranquilidade. Semblante sereno e a dificuldade para ouvir as perguntas, dona Domingas foi de pouca prosa, mas atenciosa. Ela só usou uma cadeira de rodas cedida pela Câmara apenas na hora de receber homenagem, como forma de evitar o desgaste físico.

O que impressionou os participantes da sessão foi sua árvore genealógica ou árvore de geração. São quatro filhos, 9 netos, 28 bisnetos e oito tataranetos. Natural do município de Prata, viveu suas primeiras décadas na roça. A data da vinda para Uberlândia é desconhecida pelos familiares, mas segundo os netos, ela já tinha os filhos quando se mudou para ficar mais perto dos irmãos, na década de 1950. Eram cinco irmãos, todos já falecidos. Três filhos também já se foram dessa vida - o último morreu há dois anos, aos 52 anos de idade.

A neta Neidiana Domingos Elias, de 32 anos, é quem cuida dela e lembra de algumas histórias contadas pela avó. “Ela contava que veio morar em Uberlândia depois que os pais tinham falecido e veio tentar uma vida melhor”, diz. Ainda no Prata, trabalhou como lavadeira num hotel, função que permaneceu exercendo ao se mudar para Uberlândia. “Aqui ela lavou roupa no rio, vendia laranjinhas, moeu arroz, colhia milho e algodão, catava papelão, conheceu Uberlândia inteira a pé. Foi uma pessoa trabalhadora, bem disposta, criou os netos porque os filhos precisaram sair de casa cedo para trabalhar”, diz Neidiana.

Na breve conversa com a reportagem, dona Maria Domingas disse que sentia saudades do tempo na roça. Alguns anos atrás, chegou a visitar a irmã caçula “Chiquinha”, que permaneceu na zona rural de Prata até morrer.

Quando há uma data comemorativa, como Natal ou aniversário, a família tenta reunir o máximo de parentes em torno de dona Maria Domingas. “Para a gente é um orgulho muito grande ter ela como avó. Ela representa uma força, uma vontade muito grande de viver e a gente se espelha na história dela. Para nossa família, ela é tudo”, diz o neto Carlos Alberto Batista da Silva.

A família acredita que ela realmente seja a mulher mais velha do Brasil e até do mundo, no entanto, devido à falta de habilidade com a língua estrangeira, não chegou a pedir o registro de mulher mais velha. Independente do título, Maria Domingas já tem direito a fazer parte do seleto grupo de supercentenários, que são pessoas que tenham atingido a idade de 110 anos comprovados documentalmente.

O verdadeiro número de supercentenários vivos é incerto porque nem todos são reconhecidos por pesquisadores, e também porque algumas reivindicações não são comprovadas. O Grupo de Pesquisa de Gerontologia de Los Angeles se dedica a esse tipo de pesquisa, que serve de referência para o ingresso no Livro dos Recordes.

No Brasil, apenas uma mulher teve a documentação comprovada para ingressar no grupo dos supercentenários. Maria Gomes Valentim, nascida em 9 de julho de 1896, faleceu em 21 de junho de 2011, aos 114 anos e 347 dias.

O título de cidadã honorária a dona Maria foi indicado pelo vereador Adriano Zago. “Por simbolizar as mais antigas memórias do Município, nosso mandato se sente honrado em homenagear Dona Maria com o Título de Cidadã Honorária em uma cidade que, no passado, já foi um grande polo escravista. Hoje, almejamos reparar um passado triste tornando-a oficialmente uma legítima cidadã uberlandense”, disse.


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