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04/09/2017 às 09h06min - Atualizada em 04/09/2017 às 09h06min

Trânsito: a cidade não pode parar

Para o trânsito fluir bem é preciso valorizar o pedestre e investir em transporte público

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA
Paulo Sérgio Ferreira, secretário de Trânsito e Transportes de Uberlândia / Foto: Adreana Oliveira

 

Quem é de Uberlândia e está acostumado a enfrentar o trânsito de grandes centros, como Belo Horizonte, São Paulo ou Rio de Janeiro, sabe que aqui ainda temos uma vantagem. Dependendo do horário, é possível chegar, de carro, a praticamente qualquer lugar da cidade em 30 minutos. Porém, com uma frota de quase 400 mil veículos nas ruas – média de 1,5 por habitante, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) – em alguns pontos o tráfego é crítico nos horários de pico. O jornal Diário do Comércio conversou com Paulo Sérgio Ferreira, secretário de Trânsito e Transportes de Uberlândia, para saber o que está sendo feito para evitar esse caos comum nas metrópoles.

Ele afirma que, para reduzir o número de carros nas ruas, é preciso valorizar mais o pedestre, melhorar as condições do transporte público e investir em ciclovias e ciclofaixas. Ele recorda que, desde a aprovação do Plano Diretor da cidade, em 1991, esforços são feitos para que a área de trânsito e transporte em Uberlândia seja uma referência no Brasil. “Os investimentos são direcionados para que haja um crescimento organizado. Em 1997, fomos a primeira cidade do interior do país a implantar o Sistema Integrado de Transportes (SIT), um benefício para o usuário do transporte coletivo, mas também inovamos com o gerenciamento dos semáforos, para a criação da ‘onda verde’, que beneficia os motoristas”, relatou.

Para quem não é familiarizado com o termo, onda verde é aquele momento em que o motorista em velocidade controlada praticamente não pega sinal vermelho em uma via como a avenida Rondon Pacheco, por exemplo, otimizando a viagem. A avenida Rondon Pacheco abriga também uma das 39 ciclovias da cidade, que tem ainda 19 ciclofaixas, segundo levantamento de 2016 disponibilizado por Frank Barroso, ex-coordenador do Núcleo de Planejamento de Transporte da Settran.

A criação de anéis viários urbanos, como o da Rondon Pacheco e da BR 365, também é um ponto que o secretário destaca. “Fizemos ligações importantes para a cidade, o que beneficiou o tráfego para o bairro Shopping Park e para o aeroporto (via Anselmo Alves dos Santos).”

A Settran dará continuidade aos investimentos na efetivação dos corredores de transporte. “Neste ano, criamos praticamente uma cidade dentro de Uberlândia, que foram os residenciais Monte Hebron e Pequis, e precisamos dar um tratamento emergencial para a região, que é distante do centro”, disse Paulo Sérgio. Os residenciais terão um corredor de ônibus, o Jardins, que atenderá também ao Canãa, o que deve diminuir o tempo de deslocamento dos moradores da região para o centro e para bairros como Umuarama e Morumbi.

Outros três corredores de ônibus serão construídos: um na Zona Sul, na região da avenida Nicomedes Alves dos Santos, para atender à comunidade universitária, o do Luizote de Freitas, cujo projeto está sendo reavaliado, e o corredor do Distrito Industrial, que será reforçado. Todos já estão com orçamentos aprovados. “Três terminais de ônibus serão entregues ainda nesta gestão: um no bairro Luizote de Freitas, um em frente à Unitri e outro na saída para o Prata. Esses pontos são essenciais para conectar os bairros”, reforçou Paulo Sérgio. Segundo ele, o corredor da avenida Segismundo Pereira e o terminal Novo Mundo devem ser entregues ainda neste ano.

Paulo Sérgio faz questão de frisar que o transporte público em Uberlândia é destaque nacional em transporte público, atrás apenas do de Curitiba. “São Paulo começou a investir em corredores de ônibus há pouco tempo, optaram pelo metrô. E por que não temos metrô em Uberlândia? Essa seria uma terceira fase. Hoje onde temos os ônibus nas faixas exclusivas (BRT) aumentaria a vasão de passageiros instalando-se primeiramente veículos leves sobre trilhos, que são mais baratos do que o metrô, que custa dez vezes mais do que os BRTs”, informou o secretário.

Ele defende que não adianta sonhar com soluções mirabolantes que não se encaixam no orçamento e que, futuramente, o metrô usaria o leito que hoje já é usado pelos corredores. “Sou otimista com o crescimento organizado e com responsabilidade”, disse Paulo Sérgio. 

 

BALAIADAS

O prolongamento da avenida Balaiadas, que divide os bairros Nossa Senhor das Graças e Marta Helena, está em andamento. A obra deve ser concluída ainda neste ano e é uma reivindicação antiga da população da região da Zona Norte da cidade. A professora Divina Helena Chaves tem 65 anos, mora no Marta Helena desde 1993 e, com a obra em andamento, vislumbra o progresso para o bairro. “O lugar era usado como área para descarte de lixo, servia de abrigo para usuários de drogas e gerava muito medo nas pessoas”, disse. Para ela, agora que a obra saiu do papel, ela voltou a pensar em abrir um comércio no terreno de sua casa, que fica em uma rua paralela à Balaiadas. “O trânsito vai fluir, mais pessoas vão passar por aqui, pelo bairro Minas Gerais, vai ser bom para todo mundo, inclusive quanto à valorização dos nossos imóveis”, completou a professora.


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