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20/05/2017 às 11h20min - Atualizada em 20/05/2017 às 11h20min

Arte que embeleza e questiona marca 30 anos do Itaú Cultural

750 obras do acervo de 15 mil itens do Instituto podem ser vistos até o dia 13 de agosto com entrada franca

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA
Fotos: Agência Ophélia/Divulgação

A arte como agente transformador de uma sociedade. É com essa concepção que o Itaú Cultural chega aos 30 anos. E, para marcar a data, o instituto inaugura a maior exposição de sua história: "Modos de ver o Brasil - Itaú Cultural 30 anos". A princípio, o que seria uma exposição num espaço de mil metros quadrados no prédio do instituto na avenida Paulista, em São Paulo, transformou-se em uma megaexposição que vai ocupar os 10 mil metros quadrados da Oca, dentro do Parque Ibirapuera. Foram selecionadas 750 obras do acervo do Itaú Cultural entre 15 mil itens.

Para a curadoria da exposição foi recrutado o experiente Paulo Herkenhoff, que contou com a co-curadoria de Thaís Rivitti e Leno Veras, que participaram da coletiva que reuniu jornalistas de todo o país na quinta-feira (18), na capital paulista. Para eles, não foi uma tarefa fácil. Primeiro mergulharam no acervo, um dos maiores particulares da América Latina, e depois, precisavam entender o que é a instituição. "Ocupar a Oca foi um desafio honroso, e rico e eu não poderia fazê-lo sozinho. Nos deparamos com muita coisa interessante e fizemos um trabalho por camadas. Poucas peças precisaram de manutenção, já que o instituto tem profissionais de museologia que cuidam muito bem dessa conservação", disse Herkenhoff. Entre outros trabalhos, ele já foi responsável pela Bienal de São Paulo e participou de mostras em espaços como o Museu da Arte Moderna de Nova York, além de atuar como escritor.

A ideia é que a exposição tenha um caráter multiplicador, ela não tem uma ordem cronológica e foi feita para ser vista também por quem quer se expor, por quem não tem esse contato diário com esse tipo de projeto. "Em tempos de crise social e política, o que tem salvado o Brasil da descrença é a arte", diz o curador.

Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, afirma que nunca foi interesse deles fazer um evento para marcar as três décadas, e sim trabalhar com ações não só em São Paulo, como em várias cidades do Brasil. "O nosso projeto de Ocupação deste ano é todo dedicado às mulheres. Em cartaz atualmente está a escritora mineira Conceição Evaristo. A questão de gênero sempre esteve muito presente nos nossos projetos. Além disso, há ainda sete recortes do acervo do Itaú Cultural viajando pelo país. Além do acervo queremos provocar debates sobre eles, não se trata só de acumular, e sim de preservar a memória e questionar, por exemplo, como faremos a conservação da arte tecnológica", disse Saron.

Ele afirma que a exposição dos 30 anos é uma das maiores parcerias público-privada já realizada pelo Instituto, que contou com recursos próprios, sem nenhum incentivo fiscal, e destaca o papel da itinerância. Por meio de seu edital Rumos, que completou 19 anos, já impactou mais de 6 milhões de espectadores em todo o país.

ESPAÇO

Para Thais Rivitti, desde novembro no projeto, e Leno, desde janeiro, as noites de sono são algo distante. Durante visita guiada para mostrar aos jornalistas a montagem da exposição, eles afirmam que, apesar do cansaço, o resultado será revigorante. "Já trabalhei em grandes projetos, mas não na linha de frente como estou agora", disse Thais. Leno está ultimando o aplicativo que será lançado junto com a mostra e que possibilitará ao visitante montar o seu próprio acervo virtual.

Herkenhoff destaca a amplitude do acervo. "Queremos provocar nesses vários recortes. Essas obras levantam questões religiosas, raciais, indígenas, entre trabalhos que vão desde a primeira peça adquirida pelo Itaú Cultural (o óleo sobre tela Povoado Numa Planície Arborizada, do holandês Frans Post), até aquisições de 2017. Temos 46 novas aquisições nesta exposição. É preciso refletir sobre o papel da arte na constituição do sujeito, algo difícil principalmente quando não se tem a cultura entre as prioridades do governo. O papel do índio e a falta de registro e de respeito com as etnias é algo preocupante neste momento", completa o curador.

Fotos: Agência Ophélia/Divulgação

O barroco mineiro está contemplado no espaço em obras de Adriana Varejão, como "Azulejão" (2000-2001). Há ainda trabalhos de Hélio Oiticica, Lygia Clark, Beatriz Milhazes, Vik Muniz, entre outros. "O que o público vai ver aqui são que os modos de ver o Brasil são muitos, assim como a variedade de sua arte", diz Saron. Nas paredes, dividindo espaço com Portinari, tem um quadro feito todo com stickers, daqueles que as crianças adoram brincar. E tem ainda outro composto por 196 bolas de tênis usadas por jovens em sinais. O artista questiona a realidade e a realidade desafia o artista.

Eduardo Saron diz ainda que o Itaú Cultural investe na formação de público. Diariamente, durante todo o período da exposição, que abre dia 24 para convidados e dia 25 para o público em geral, haverá oito ônibus disponíveis para levar alunos e professores da rede pública de ensino para a Oca. Por lá, podem escolher como preferem contemplar a mostra. Pode ser do subsolo para o térreo e segundo e terceiro andares ou o inverso, o importante é entrar e se deixar envolver por todas as histórias emanadas por cada artista, em cada uma das 750 obras.

SERVIÇO

A exposição “Modos de Ver o Brasil – Itaú Cultural 30 anos” fica em cartaz de 25 de maio a 13 de agosto, de terça-feira a domingo, das 9h às 18h, na OCA, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. Entrada franca. Saiba mais: www.itaucultural.org.br.


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