Começou ontem e segue até dia 28 a 70ª edição do Festival de Cinema de Cannes e a cidade não está tão receptiva para os brasileiros como esteve Berlim em abril. Teremos um brasileiro na presidência do júri da mostra Semana da Crítica. O prestígio talvez seja mais de Kleber Mendonça Filho, o diretor de “O Som ao Redor” e “Aquarius”, que concorreu no ano passado, do que do país em si.
A mostra Semana da Crítica é a mais compacta de Cannes - sete longas e alguns curtas. É a única seção deste ano que terá filme brasileiro. “Gabriel e a Montanha” há tempos era um projeto que falava ao coração do diretor Fellipe Barbosa. Inspira-se numa história tristemente real. O Gabriel do título é, ou era, Gabriel Buchmann, amigo do diretor do colégio e da faculdade no Rio. Gabriel, “o cérebro mais brilhante da PUC”, resolveu pesquisar a pobreza no mundo. Foi à África. E morreu na tal montanha do título - o Monte Mulanje, onde, conta a lenda, JRR Tolkien teve a inspiração para “O Senhor dos Anéis”.
Talvez o que tenha motivado Barbosa foi o e-mail que recebeu de Gabriel Buchmann, pouco antes de sua morte. "Os colegas achavam loucura ele querer estudar a pobreza na África, mas Gabriel estava feliz. Acho que essa felicidade é o que quero resgatar."
A terceira participação brasileira se dará com um curta na mostra Cinéfondation, dedicada a filmes de universitários. “Vazio do lado de fora” tem direção de Eduardo Brandão Filho, da Universidade Federal Fluminense.