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11/05/2017 às 09h57min - Atualizada em 11/05/2017 às 09h57min

Interrogatório de Lula em Curitiba dura 5 horas

Ex-presidente prestou depoimento sobre o triplex no Guarujá

CURITIBA
Polícia Militar isolou a entrada da Justiça Federal em Curitiba

Durante cerca de cinco horas, ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu perguntas sobre o apartamento triplex do Condomínio Solaris, no Guarujá, cuja propriedade a força-tarefa do Ministério Público Federal atribui a ele.

O interrogatório feito pelo juiz federal Sérgio Moro durou cerca de 3 horas e 20 minutos. Moro foi o primeiro a fazer perguntas a Lula, a partir de 14h20, aproximadamente. Durante as quase 3h20, houve um intervalo de cerca de 10 minutos em que as partes puderam se servir de água e café.

Após o juiz da Lava Jato, foi a vez de o Ministério Público Federal dar início a seus questionamentos, já por volta das 17h40. Depois da Procuradoria da República, os advogados das partes puderam fazer questionamentos. O interrogatório foi encerrado pouco depois das 19h.

A denúncia do Ministério Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio - de um valor de R$ 87 milhões de corrupção - da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012. As acusações contra Lula são relativas ao recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira por meio do triplex 164-A no Edifício Solaris, no Guarujá, e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela Granero de 2011 a 2016. O petista é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção.

Triplex

O Edifício Solaris era da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), a cooperativa fundada nos anos 1990 por um núcleo do PT. Em dificuldade financeira, a Bancoop repassou para a OAS empreendimentos inacabados, o que provocou a revolta de milhares de cooperados. O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi presidente da Bancoop.

A ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta neste ano, assinou Termo de Adesão e Compromisso de Participação com a Bancoop e adquiriu "uma cota-parte para a implantação do empreendimento então denominado Mar Cantábrico", atual Solaris, em abril de 2005.

Em 2009, a Bancoop repassou o empreendimento à OAS e deu duas opções aos cooperados: solicitar a devolução dos recursos financeiros integralizados no empreendimento ou adquirir uma unidade da OAS, por um valor pré-estabelecido, utilizando, como parte do pagamento o valor já pago à Cooperativa.

Segundo a defesa de Lula, a ex-primeira-dama não exerceu a opção de compra após a OAS assumir o imóvel. Em 2015, Marisa Letícia pediu a restituição dos valores colocados no empreendimento.

Bens

A Lava Jato afirma que a OAS pagou durante cinco anos pelo aluguel de dez guarda-móveis usados para armazenar parte da mudança do ex-presidente Lula quando o petista deixou o Palácio do Planalto no segundo mandato. A empreiteira desembolsou entre janeiro de 2011 a janeiro de 2016, R$ 1,3 milhão pelos contêineres, ao custo mensal de R$ 22.536,84 cada.

Toda negociação com a transportadora Granero teria sido intermediada pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, que indicou a OAS como pagante com o argumento de que a empreiteira é uma "apoiadora do Instituto Lula." Para investigadores da Lava Jato, os fatos demonstram "fortes indícios de pagamentos dissimulados" pela OAS em favor de Lula. Isso porque o contrato se destinava a "armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativo de propriedade da construtora OAS Ltda", mas na verdade os guarda-móveis atendiam a Lula.

MANIFESTAÇÕES

PM estima 4 mil em ato pró-Lula

A Polícia Militar do Paraná afirmou que não houve ocorrências ou problemas graves nos atos contrários e de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), até o início da noite de ontem.

De acordo com o porta-voz da PM na operação montada durante o depoimento, tenente Rafael Bittencourt, o chamado mais grave foi a denúncia da explosão de rojões no acampamento do Movimento Sem-Terra (MST), na região central, pela madrugada. Chegando lá, a PM não constatou nada em relação à ocorrência, disse o policial.

Na Praça Santos Andrade, o porta-voz afirmou que a estimativa da PM é que aproximadamente quatro mil pessoas se concentraram no local, onde houve um ato político de apoio a Lula. A Polícia não divulgou o número de policiais envolvidos na operação, alegando questões de segurança.

A Secretaria de Segurança Pública paranaense estimou que chegaram a Curitiba sete mil pessoas em 130 ônibus.


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