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23/03/2017 às 08h16min - Atualizada em 23/03/2017 às 08h16min

Projeto conscientiza alunos sobre uso de drogas

Caravana Contra Drogas levas às escolas oficinas de dança, teatro, rima, grafite e bate-papo sobre drogas.

Letícia Petruccelli REPÓRTER*
Da Redação

Programa de Aprimoramento Profissional

Manter 60 alunos do 5º ano quietos e atentos a tudo o que se diz não é uma tarefa fácil. Ainda mais se é para falar sobre assuntos considerados por muitos como “chatos”. Um grupo de seis pessoas vai até as escolas municipais, estaduais e particulares de Uberlândia para incentivar crianças e adultos a não utilizarem drogas, seja licitas ou ilícitas. Parece clichê, mas quando as ferramentas certas são aplicadas, os estudantes compreendem a mensagem com facilidade. O grupo trabalha com oficinas de dança, música, teatro, grafites e bate-papos. Em no máximo uma hora crianças e adolescentes ficam entusiasmado com o que é passado. De forma divertida compreendem o mal que o uso de entorpecentes pode causar.

O projeto chamado de Caravana Contra Drogas começou em 2012, e já passou por mais de 137 escolas. No total mais de 75 mil educadores, alunos e pais participaram das ações realizadas. O combate as drogas é uma batalha constante em todo Brasil, já que estão presentes em toda as classes sociais. Segundo pesquisa das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), no mundo, em torno de 29 milhões de adultos são dependentes químicos. Segundo José Jonas Lacerda, psicólogo atuante na Caravana Contra as Drogas, a incidência de drogas existe em quase toda as escolas de Uberlândia. “Quando chegamos às escolas percebemos que a maioria dos alunos já tem conhecimento do que vamos falar, alguns dizem que conhecem alguém que usa ou que já usou drogas. Mesmo em bairros com melhores condições”, conta.

O projeto atende todas as turmas do ensino infantil à Educação de Jovens e Adultos (EJA). Cada oficina é adaptada para a faixa etária determinada. Segundo o coordenador do projeto, conhecido por todos como Kakko, as apresentações são focadas na mesma mensagem: dizer não às drogas. “Acreditamos que a prevenção é a melhor forma de combater os entorpecentes. Esse mal está presente em todas as idades. Já encontramos alunos de apenas oito anos usuário de drogas. Mas não dá para utilizar a mesma linguagem com crianças e com os adultos. Por isso adaptamos cada oficina” disse.

Os integrantes têm vivência na oficina ministrada, como o bailarino Alysson Smyth que é um dos fundadores da Cia Manos do Hip Hop. “Sempre após as apresentações de dança, eu conto para os alunos minha experiência, eles ficam fascinados ao saber que já viajei para mais de 11 países graças à dança. Eles dizem que também querem viajar. Aproveito o momento e mostro os dois caminhos. Dois amigos meus estão mortos e outros dois estão na cadeia. Os alunos se assustam quando escutam isso.”  

Ele reforça a importância da arte em todos os ambientes. “Por meio da dança já conseguimos resgatar vários jovens que estavam perdidos no mundo das drogas. Eu vejo no olhar dos alunos a alegria de presenciar um pouco da arte, isso traz uma satisfação impagável. Muitos pais já me procuraram para matricular os filhos em escola de danças após eles participarem das oficinas”, contou o bailarino.

Qualquer diretor pode solicitar a Caravana e para isso basta entrar em contato com a equipe pelo telefone 3239-2818 ou pelo e-mail [email protected].

 

OFICINAS

Alunos e professores acham projeto importante

Sair da sala de aula e da rotina diária, mesmo que por uma hora, já traz a sensação de alívio aos alunos. João Victor do 5º ano diz que achou a oficina de dança legal por ser algo diferente. “Eu acho importante a gente aprender a dançar, é uma cultura legal. Eu aprendi aqui que não devo mexer com drogas, vou dizer a todos que conheço isso” afirmou.

Para a pedagoga e professora Karlla Godói, essa é uma oportunidade única dos alunos entenderem sobre entorpecentes, que respondem positivamente após participarem de projeto como esse. “Esse projeto abre a mente dos alunos de uma forma diferente. Não tem como eu passar essa mensagem na sala de aula, pois sei que eles não iriam dar a devida atenção. Os alunos não esquecem quando o trabalho é feito com música. Eles comentam com a gente depois que não podem usar drogas”, contou a professora

O aluno Maurício do 5º ano contou que ficou aguardando pela oficina de grafite por ser algo inovador. “Participei da oficina de dança, mas também quero fazer o grafite. A gente vê as pinturas nos muros é uma coisa, mas poder ajudar a fazer é muito legal”, disse. Segundo Kakko as crianças cobram deles para que as oficinas sejam realizadas. “Não dá para fazer algo com uma turma e não fazer com outra, eles observam e contam tudo uns para os outros.” 


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