No período de uma década Uberlândia obteve avanços em várias áreas do desenvolvimento, mas que ainda não foram suficientes para melhorar a sua posição quando comparado dentro de um coletivo que reúne outras cidades de médio e grande porte. No ranking geral que analisa a situação das 100 maiores cidades brasileiras, Uberlândia é a melhor posicionada de Minas Gerais, no entanto, perdeu 12 posições, caindo do 4ª lugar, em 2005, para 16º, em 2015. O resultado faz parte da segunda edição do Índice Desafios da Gestão Municipal (IDGM), realizado pela consultora Macroplan e divulgado pela Revista Exame. O estudo agrega resultados de 16 indicadores divididos em 4 áreas: educação e cultura; saúde; segurança; e saneamento e sustentabilidade.
A consultoria analisou localidades com mais de 266 mil habitantes, o que representa apenas 1,8% do total dos municípios, mas que produz metade do PIB brasileiro. Os pesos dos indicadores e das áreas que compõem o índice foram divididos da seguinte forma: 35,3% para educação e cultura; 35,3% para saúde; 20,6% para infraestrutura e sustentabilidade e 8,8% para segurança.
A partir da análise comparada e temporal das maiores cidades brasileiras é possível identificar os desafios, as boas práticas e as soluções para a superação dos entraves ao desenvolvimento das cidades. O ranking foi formado por um índice que vai de 0 a 1 – quanto mais próximo de 1, melhor é a condição de vida na localidade.
Dos 100 maiores, 49 municípios estão na região Sudeste. Minas aparece no levantamento com nove cidades: Belo Horizonte, Betim, Contagem, Governador Valadares, Juiz de Fora, Montes Claros, Ribeirão das Neves, Uberaba e Uberlândia.
Das quatro áreas apuradas, a da educação e cultura é que apresentou melhores resultados para Uberlândia. O município registrou avanços nos quatro indicadores desta área, o que permitiu subir 16 posições no ranking dentro deste agregado, passando de 49ª, em 2005, para a 33ª melhor educação do país em 2015. O aumento de vagas nas escolas do ensino infantil contribuiu para a melhoria do índice. O universo de matrículas em creches saltou de 6,5% para 36,4% do total de crianças entre 0 a 3 anos em uma década, aumento de 29,9%. Já as matrículas na pré-escola, que contemplam crianças de 4 e 5 anos, saíram de 66,4% para 88,8% no mesmo período, crescimento de 22,4%. No IDEB do Ensino Fundamental 1, a nota subiu de 4,6 para 6, e no IDEB do Ensino Fundamental 2 passou de 3,6 para 4,5. Apesar do avanço, no índice agregado da educação Uberlândia perde para Uberaba, que tem a 25ª posição nesta área.
O índice usado pela consultora Macroplan para apurar a nota do IDEB varia de 0 a 10 e em seu cálculo são combinados dois fatores: desempenho dos estudantes na Prova Brasil, aplicada a cada dois anos, e a taxa de aprovação.
Saúde
Há dez anos Uberlândia tinha a terceira melhor saúde entre os 100 maiores municípios brasileiros. Hoje, ocupa a 10ª posição. Um dos indicadores que pesou no resultado foi a taxa de mortalidade prematura por doenças crônicas não transmissíveis, que aumentou 6,2%, passando de 252,5 mortes no ano de 2008, para 268,1 em 2013. Em alguns indicadores o ano de parâmetro é diferente dos demais em função da falta de dados disponíveis.
Ainda na saúde, a cobertura da atenção básica apresentou avanços, mas não na mesma proporção que outros municípios de porte médio. Em 2008, Uberlândia tinha 31,8% da população coberta pelas equipes de saúde da família. Já em 2015 a cobertura chegou a 52% da população. Em Uberaba, que tem população de 322 mil habitantes, a cobertura na atenção básica chega a 74% e, em Montes Claros, no Norte do Estado com 394 mil habitantes, esse índice é de 100%.
Em relação a taxa de mortalidade infantil Uberlândia está exatamente no limite aceitável pela Organização Mundial de Saúde, após os índices saírem de 10,5 para 10 mortes a cada mil nascidos vivos na comparação entre 2004 e 2014.
SETOR
Segurança apresentou o pior desempenho
Das quatro áreas de apuração do estudo, a segurança é a que mais deixa a desejar nas estatísticas de Uberlândia. O município caiu da 25ª posição para a 41ª nesta área agregada. A taxa de homicídios teve um aumento de 36,1% em uma década. Para cada grupo de 100 mil habitantes teve 19,1 mortes violentas no ano de 2004, enquanto que em 2014 essa taxa subiu para 26 homicídios. Em Ribeirão Preto (SP), cidade do mesmo porte de Uberlândia, a taxa mais recente é de 11,4 homicídios para cada 100 mil habitantes. Até a cidade do Rio de Janeiro apresentou índices mais expressivos de mortes violentas. Em uma década, a capital fluminense registrou queda de 58,3% na taxa de homicídios. De 57,9 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes em 2004, o Rio reduziu para 24,1 homicídios em 2014.
Em relação a taxa de mortes no trânsito, Uberlândia teve uma redução 5,8% na década comparada. Foram 22,9 mortes por 100 mil habitantes no ano de 2004 ante 21,5 no ano de 2014. O município com menor proporção de mortes no trânsito é Belford Roxo (RJ), com taxa de 1,9 para cada 100 mil habitantes.
Saneamento
Na área de saneamento e sustentabilidade, Uberlândia melhorou em quatro dos cinco indicadores apurados. A melhor nota é na cobertura de água, que chega a 100% da população. Outros 25 municípios também alcançaram a totalidade nesse item. Outro resultado positivo é no índice de perdas na distribuição, que caiu de 32,2% do volume de água consumida para 25,5%. Já na coleta de lixo de rede domiciliar houve uma pequena queda (-0,84%). A cobertura que em 2010 chegava a 98,6% da população caiu para 97,7% em 2015.
Prefeitura
O Diário do Comércio entrou em contato com a Prefeitura de Uberlândia para que a administração comentasse os números do estudo. Em nota enviada pela Secretaria de Comunicação, a Prefeitura informou apenas que “Uberlândia sempre foi referência para o Brasil, pioneira em desenvolvimento econômico e qualidade de vida. A atual administração municipal investe em uma gestão transparente e eficiente para fazer com que Uberlândia volte a obter os melhores índices nos próximos anos”.
Dados de Uberlândia
Área 2005 2015
Ranking geral 4º 16º
Educação e cultura 49º 33º
Saúde 3º 10º
Saneamento e infraestrutura 2º 14º
Segurança 25º 41º
Situação por área
EDUCAÇÃO
Matrícula em creche sobre o total de crianças de 0 a 3 anos
2005 6,5%
2015 36,4%
Matrícula na pré-escola sobre o total de crianças de 4 e 5 anos
2005 66,4%
2015 88,8%
IDEB Ensino Fundamental 1 (nota)
2005 4,5
2015 6
IDEB Ensino Fundamental 2 (nota)
2005 3,6
2015 4,5
SAÚDE
Taxa de mortalidade prematura por doenças crônicas não transmissíveis
2008 252,5
2013 268,1
Proporção de nascidos vivos de mães com 7 ou mais consultas de pré-natal
2008 86,6
2014 86,6
Cobertura das equipes de atenção básica (% da população)
2008 31,8%
2015 52%
Taxa de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos)
2004 10,5
2014 10
SEGURANÇA
Taxa de homicídios (por 100 mil habitantes)
2004 19,1
2014 26
Taxa de óbitos no trânsito (por 100 mil habitantes)
2004 22,9
2014 21,5
SANEAMENTO E SUSTENTABILIDADE
Índice de esgoto tratado (% do volume de água consumida)
2005 78,4%
2015 81,2%
Índice de perdas na distribuição (% do volume de água consumida)
2008 32,2%
2015 25,5%
Índice de atendimento de água (% da população)
2005 100%
2015 100%
Cobertura coleta de lixo domiciliar (% da população)
2010 98,6%
2015 97,7%
Índice de atendimento de esgoto (% da população atendida com água)
2005 96,9%
2015 97,2%
OUTROS DADOS/UBERLÂNDIA
- População: 662.363 habitantes (29ª maior do país)
- Área: 4.115,21 km2
- Densidade populacional: 161 hab/km2
- Uberlândia gera R$ 0,49 de receita própria para cada Real recebido de transferência intergovernamental
- 50,5% da receita corrente é definida por leis e/ou convênios
- 5,9% de endividamento bruto
- Capacidade de poupar (em 2015): -1,6%
- Investimento médio por cidadão: R$ 200
- Receita tributária: R$ 564,69 por capita
- Gasto corrente por cidadão para prestar serviços: R$ 2.479
- PIB: R$ 28,3 bilhões
- PIB per capita: R$ 43.292
- Empregos formais: 215.700
- Estabelecimentos formais: 20.229
- Remuneração média dos empregados formais: R$ 2.111
- 94º lugar em termos de transparência (nota 3,8 na Escala Brasil Transparente, que vai até 10)
- 79,4% dos funcionários da Administração pública são estatutários; 12,3% não tem vínculo permanente; 4,9% são apenas comissionados
- 5º maior índice que mede a qualidade da gestão do cadastro único
Ranking geral dos 100 maiores municípios
Município UF Índice
Maringá PR 0,731
Piracicaba SP 0,721
São José do Rio Preto SP 0,719
São José dos Campos SP 0,715
Franca SP 0,707
Campinas SP 0,706
Jundiaí SP 0,703
Limeira SP 0,699
Curitiba PR 0,696
Sorocaba SP 0,691
Ribeirão Preto SP 0,691
Taubaté SP 0,690
Santos SP 0,689
São Bernardo do Campo SP 0,688
Londrina PR 0,688
Uberlândia MG 0,688
Florianópolis SC 0,686
Cascavel PR 0,682
Vitória ES 0,681
Belo Horizonte MG 0,677
São Paulo SP 0,673
Santo André SP 0,668
Montes Claros MG 0,667
Uberaba MG 0,666
Niterói RJ 0,661
Mauá SP 0,661
Blumenau SC 0,658
Palmas TO 0,657
Suzano SP 0,655
Taboão da Serra SP 0,651
Caxias do Sul RS 0,647
Diadema SP 0,646
Joinville SC 0,646
Campo Grande MS 0,645
Mogi das Cruzes SP 0,640
Betim MG 0,640
Ponta Grossa PR 0,637
Bauru SP 0,634
Contagem MG 0,633
Praia Grande SP 0,627
Rio de Janeiro RJ 0,627
Santa Maria RS 0,625
Goiânia GO 0,622
Porto Alegre RS 0,622
Petrolina PE 0,615
Guarulhos SP 0,614
Osasco SP 0,613
Juiz de Fora MG 0,609
Campina Grande PB 0,600
São José dos Pinhais PR 0,599
Petrópolis RJ 0,595
Boa Vista RR 0,593
Carapicuíba SP 0,589
São Vicente SP 0,589
Governador Valadares MG 0,589
Vila Velha ES 0,585
Serra ES 0,580
João Pessoa PB 0,574
Cuiabá MT 0,569
Guarujá SP 0,566
Campos dos Goytacazes RJ 0,566
Fortaleza CE 0,566
Vitória da Conquista BA 0,565
Anápolis GO 0,562
Mossoró RN 0,562
Ribeirão das Neves MG 0,558
Salvador BA 0,555
Caruaru PE 0,553
Juazeiro do Norte CE 0,552
Itaquaquecetuba SP 0,543
Recife PE 0,543
Natal RN 0,542
Pelotas RS 0,541
Teresina PI 0,536
Caucaia CE 0,535
Cariacica ES 0,532
Rio Branco AC 0,529
Manaus AM 0,528
Gravataí RS 0,523
Canoas RS 0,514
Olinda PE 0,514
Aracaju SE 0,512
Camaçari BA 0,512
Feira de Santana BA 0,511
São Luís MA 0,508
Paulista PE 0,499
Aparecida de Goiânia GO 0,496
Santarém PA 0,491
Belém PA 0,486
São Gonçalo RJ 0,486
Jaboatão dos Guararapes PE 0,486
Várzea Grande MT 0,479
Maceió AL 0,473
Porto Velho RO 0,470
São João de Meriti RJ 0,465
Duque de Caxias RJ 0,461
Nova Iguaçu RJ 0,457
Macapá AP 0,434
Belford Roxo RJ 0,434
Ananindeua PA 0,413