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23/02/2017 às 10h35min - Atualizada em 23/02/2017 às 10h35min

“Lion - uma jornada para casa”

De cara vou avisando: prepare-se para chorar muito ao término deste filme. “Lion - Uma jornada para casa” é sem dúvida um filme que emociona do início ao fim. É difícil não se envolver com a linda história do personagem principal deste longa e mais complicado é conter as lágrimas com o desfecho da difícil trajetória enfrentada por Saroo. Quando tinha cinco anos, o indiano se perdeu do irmão numa estação de trem de Calcutá e enfrentou grandes desafios para sobreviver sozinho até ser adotado por uma família australiana. Incapaz de superar o que aconteceu, aos 25 anos ele decide buscar uma forma de reencontrar sua família biológica.

O roteiro adaptado para as telonas por Luke Davies, se baseia na autobiografia do indiano, "A long way home". Confesso que não li o livro, mas se for tão bom quanto a adaptação para o cinema, com certeza vale a pena gastar um tempinho para a leitura.  A narrativa do filme é dramática e tem um tom bem pesado especialmente na primeira metade da projeção em que acompanhamos o sofrimento do pequeno garoto interpretado de forma espetacular por Sunny Pawar que com seu brilhante trabalho com certeza merecia uma indicação ao Oscar de melhor ator, com grandes chances de levar a estatueta. Desde os primeiros minutos o garotinho nos conquista com sua forma de expressar, sorrir, chorar e principalmente na hora de chamar o irmão mais velho na hora do desespero: “Guddu!” O menino não precisa nem conversar no filme que já ficamos com vontade pegá-lo nos braços e acolhê-lo diante de tal expressividade.

E o garoto sustenta boa parte do filme, especificamente 57 minutos, até surgir a nova fase da trama. E é aí que entra Dev Patel, que interpreta Saroo 20 anos mais velho. E o ator não deixa por menos e faz jus a indicação dele no Oscar de melhor ator coadjuvante, mesmo sendo o personagem principal do filme. Vai entender né? Patel continua o ótimo trabalho de Sunny até o fim da projeção, nos presenteando inclusive com uma cena final emocionante. Nicole Kidman também atua bem e mostra porque foi indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante por este papel bem diferente daqueles que estamos acostumados a ver.

Além de contar uma história verdadeira, o roteiro nos mostra três temas que merecem um bom debate. Faz uma dura crítica à realidade vivida por milhares de famílias que têm crianças desaparecidas. Assistindo a “Lion”, passamos a refletir sobre este grave problema social e nos colocamos no lugar destas pessoas. Foca na adoção e em todas as problemáticas que existem por trás dessa atitude honrosa de diversos pais que não podem ou não querem ter filhos biológicos. E por fim na pobreza que existe no país asiático e que serve de exemplo para vários outros países que enfrentam a mesma situação de miséria.

Para completar, “Lion” tem uma excelente direção do estreante Garth Davis, que logo no seu primeiro trabalho para o cinema deixa seu marco com um filme digno de Oscar. É uma pena ele não ter sido indicado à categoria de melhor diretor. Merecia. Em compensação a academia lembrou da fotografia do filme que não mostra nenhuma beleza, pelo contrário, escancara o jeito sofrido de viver de milhares de pessoas e mesmo assim é espetacular.

Lion, pode não ser o favorito a ganhar o Oscar de melhor filme, mas entre as nove produções indicadas se tornou o meu favorito. Há muito tempo um filme não me fazia desidratar dessa forma.

Nota 10


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