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23/02/2017 às 10h22min - Atualizada em 23/02/2017 às 10h22min

Preconceito é tema de debate e exposição

Hoje é o último dia para visitar a mostra que teve curta temporada

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA
Imagens selecionadas pela Diretoria de Igualdade Racial da SMS para a exposição

Na última segunda-feira (20) a Galeria de Arte do Mercado Municipal sediou um debate que está cada vez mais latente na sociedade brasileira. Promovida pela Diretoria de Igualdade Racial, ligada à Secretaria Municipal de Cultura, o encontro levou para debate a questão do racismo na era digital, que acabou ganhando ainda uma exposição de curta temporada, que pode ser vista até hoje no mesmo espaço.

A exposição consiste em reproduções de postagens com ataques racistas em redes sociais. Para a diretora da Diretoria de Igualdade Racial, Pollyanna Sabrini, a ideia é mensurar até que ponto os indivíduos utilizam-se de ferramentas digitais para reproduzirem o preconceito racial naturalizado. "A era digital, que ganha força pelo contínuo avanço tecnológico, não está alheia a todas essas dimensões de preconceito racial. Serve, por vezes, como ferramenta desinibidora em que se desencadeiam em ofensas e agressões gratuitas propagadas em redes sociais. É nessa configuração que nos esbarramos com o racismo virtual", afirmou.

O doutorando e pesquisador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de Uberlândia (Neab-UFU), João Gabriel Nascimento Nganga, fez uma palestra na abertura da exposição. Ele explica que as práticas fascistas realizadas nas redes sociais dão um sentido de anonimato para quem as pratica. “Ao vermos aquelas imagens, frases e comentários impressos em um espaço público o impacto fica maior, espanta”, afirma Nganga.

O estudioso diz ainda que o espectador pode se colocar no lugar da vítima ou até mesmo do agressor. “Tem uma imagem de um negro comemorando a entrada no curso de Medicina e nela um comentário ‘como assim, negro pode ser médico?’. Não houve xingamento, não houve agressão, mas é uma forma sutil de racismo que algumas pessoas cometem sem perceber”, explica.

Nganga comenta que os comentários racistas sempre tendem a colocar em dúvida a capacidade do negro. “Tem sempre algo que remeta ao Brasil escravista como ‘volta para a senzala’, ‘volta para a África’. A ainda o insulto ao corpo negro quando comparado a um animal, como quando são chamados de ‘macacos’”, exemplifica.

 

OUTRO LADO

Da mesma forma que a internet e principalmente redes sociais como Facebook e Instagram são usados para insultos aos negros e negras, também há um outro lado. Segundo o pesquisador João Gabriel Nascimento Nganga, nesses mesmos canais é possível promover o empoderamento do negro e da negra.

“Há canais que vão muito além da denúncia. Publicam reportagens que vislumbram colaborar com a auto estima principalmente das crianças e jovens negros. Temos, na nossa história, personagens negros praticamente invisibilizados como Machado de Assis, Teodoro Sampaio. Essas crianças e jovens tendem a se fortalecer quando em contato com histórias inspiradoras de negros que fizeram a diferença na história do Brasil e do mundo”, comenta Nganga.

 

SERVIÇO

ESPOSIÇÃO: O racismo na era digital

ONDE: Galeria de Arte do Mercado Municipal de Uberlândia (acesso pela rampa – Olegário Maciel, 255 – Centro)

QUANDO: Até hoje, das 12h às 18h

ENTRADA FRANCA

MAIS INFORMAÇÕES: 3235-7790

 


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