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09/02/2017 às 09h43min - Atualizada em 09/02/2017 às 09h43min

CINEMA E VÍDEO

POR KELSON VENÂNCIO

“Estrelas além do tempo”

POR KELSON VENÂNCIO

O filme se passa em 1961. Em plena Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética disputam a supremacia na corrida espacial ao mesmo tempo em que a sociedade norte-americana lida com uma profunda cisão racial, entre brancos e negros. Tal situação é refletida também na Nasa, onde um grupo de funcionárias negras é obrigada a trabalhar a parte. É lá que estão Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughn (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe), grandes amigas que, além de provar sua competência dia após dia, precisam lidar com o preconceito arraigado para que consigam ascender na hierarquia da Nasa.

O roteiro de “Estrelas além do tempo” vem de um livro-reportagem homônimo da americana Margot Lee Shetterly, filha de um engenheiro negro da Nasa. A adaptação para as telonas foi bem feita, com uma narrativa que poderia ser pesada por abordar temas como a segregação racial e até mesmo o machismo em alguns momentos. Mas felizmente a trama coloca estes elementos para um debate profundo de uma maneira até divertida, sem deixar de lado a importância da discussão dessas problemáticas. Com isso, o espectador se sente mais leve, mesmo assistindo um filme que mostra o preconceito racial da época.

Apesar das três mulheres terem seu destaque na história, ao contrário do que pensei ao ver a campanha de marketing da produção, o longa tem o maior foco na vida de Katherine Johnson. O que se passa com as outras personagens Dorothy Vaughn e Mary Jackson não tem tanto peso na trama, o que pode ser encarado como uma falha para alguns ou simplesmente como menos importante para outros.

“Estrelas além do tempo” tem um elenco muito bom, com atores conhecidos e todos fazem um bom trabalho. Porém, não vi nenhuma atuação digna de Oscar, daquelas que a gente possa lembrar durante anos. Em minha opinião, se alguém merecia uma indicação ao maior prêmio do cinema, esta pessoa com certeza seria Taraji P. Henson que foi a que mais se destacou, especialmente na cena em que ela tem uma crise nervosa depois que o chefe pergunta porque ela sai todos os dias do trabalho. Mesmo assim, a Academia não levou isso em conta já que ela não foi indicada à melhor atriz. No caso, foi a Octavia Spencer a escolhida para disputar o prêmio de melhor atriz coadjuvante, o que eu não concordo, apesar de ser fã do trabalho dela. Acredito que ela já fez atuações bem melhores.

A direção de Theodore Melfi é eficaz, mas nada excepcional. É interessante inclusive ver as cenas originais da época sendo misturadas as do filme. A trilha sonora é um ponto forte da projeção. Compostas por Hans Zimmer e Pharrel Williams, as canções do longa nos remetem à época em que a narrativa se passa e complementam o tom dramático leve do longa.

Por fim, “Estrelas além do tempo” é um bom filme. Poderia até ser melhor, caso tivesse se aprofundado mais nas temáticas a que se propõe. Mas, mesmo sendo um drama, digamos de “Sessão da Tarde”, agrada bastante.

Nota 7


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