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17/10/2017 às 17h15min - Atualizada em 17/10/2017 às 17h15min

'Ponte dos espiões'

KELSON VENANCIO | COLUNISTA
Foto: Divulgação

 

Quando se fala em Steven Spielberg logo nos vem em mente um diretor e produtor que assinou vários projetos clássicos que se transformaram e campeões de bilheteria como por exemplo “Indiana Jones”, “Tubarão”, “Jurassic Park”, “Poltergeist”, “E.T. O Extraterrestre”, “Gremlins”, “De volta para o futuro”, “Hook - A volta do Capitão Gancho”, “Os Goonies” e diversos outros. Mas este cineasta não fez apenas grandes obras nos gêneros aventura e suspense. Spielberg também nos deu obras primas na dramaticidade com produções como “A cor púrpura”, “Amistad”, “Prenda-me se for capaz”, “Munique”, “Cavalo de Guerra”, “Lincoln” e muitos outros.

No entanto, mesmo com longas incríveis em gêneros diversos, Spielberg sempre foi injustiçado pela Academia e só em 1993 conseguiu ganhar seu primeiro Oscar como diretor e melhor filme com “A lista de Schindler” e posteriormente, em 1998, como melhor diretor por “Resgate do soldado Ryan”.

Em 2016 Spielberg teve um reconhecimento pelas metades com “Ponte dos Espiões”. Apesar do longa estar entre os indicados a melhor filme, Spielberg simplesmente foi ignorado na categoria de melhor diretor, o que pra gente foi uma grande estupidez já que o trabalho dele está perfeito no filme.

Durante a Guerra Fria, o advogado especializado em seguros James B. Donovan (Tom Hanks) aceita uma tarefa diferente do seu trabalho habitual: defender Rudolf Abel (Mark Rylance), um espião soviético capturado pelos americanos. Mesmo sem ter experiência nesta área legal, Donovan torna-se uma peça central das negociações entre os Estados Unidos e a União Soviética, quando é enviado a Berlim oriental para fazer um acordo para a troca de Abel pelo piloto americano Francis Gary Powers (Austin Stowell), capturado e condenado quando sobrevoava território soviético.

O longa é irretocável do início ao fim e, em nossa opinião, não tem nenhum defeito. A começar pelo roteiro que nos apresenta uma história baseada em fatos reais, escrita pelos ótimos irmãos Joel e Ethan Coen (“Fargo”, “O grande Lebowski” e “Onde os fracos não têm vez”). A narrativa nos mostra um caso verídico que a princípio nos parece ser pesado já que se trata de espionagem e guerra entre os Estados Unidos, russos e envolvendo os alemães. Só de ser assim, temos a impressão de que vamos assistir um filme arrastado e cansativo. Mas isso não acontece e a trama vai ficando melhor à medida que o tempo passa. O clima vai ficando mais tenso e diante dos fatos não sabemos se tudo vai terminar bem ou mal.

As atuações são magistrais. Tom Hanks, outro injustiçado pelo Oscar 2016, fez o de costume. Atuou de forma brilhante e mostrou em seu personagem um advogado corajoso que contra o povo dos Estados Unidos defendendo um suposto espião russo salvando a vida dele e de mais dois norte-americanos que estavam nas mãos da União Soviética. Hanks mostra no filme, por meio de sua caracterização como James B. Donovan, o peso de ter em suas costas a possibilidade de até provocar uma guerra entre os países por causa de suas decisões.

Outro grande destaque é o ator britânico Mark Rylance que apesar de aparecer apenas na primeira metade da projeção e nos minutos finais do filme, fez um brilhante trabalho como coadjuvante. Trabalho este reconhecido pela academia nesta categoria no Oscar 2016 estando entre os indicados.

O filme ainda tem outros méritos que se fossem pra colocar aqui aumentariam em muito seu tempo de leitura. Mas destacam-se a fotografia belíssima, que retrata bem o período histórico da Guerra Fria, especificamente o ano de 1962 em que aconteceu o fato em que a trama se baseia, e também a trilha sonora que é do consagrado compositor Thomas Newman.

Além de tudo isso, “Ponte dos Espiões” tem um final perfeito, que agrada e emociona.

Nota 10

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