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09/06/2022 às 08h00min - Atualizada em 09/06/2022 às 08h00min

Caminhos para as mobilizações populares

CLÁUDIO DI MAURO

A PANDEMIA tem oferecido uma imensa demonstração de maldades impressas no modelo que estrutura as vidas no capitalismo neoliberal.

Realmente o fundo do poço de maldades e que pretende enterrar o proletariado é inesgotável.

Mas também, as maldades são tão claras e perceptíveis que abrem uma imensa possibilidade de articulação entre os seres que o capitalismo pretende subjugar.

Foi ampliada em muito a reserva de trabalhadores com imenso sofrimento econômico e emocional. Mas, o pulsar dos setores sociais que se organizam para fazer a reação revolucionária é visível e importante. Vejam-se os exemplos das eleições na Bolívia, na Argentina, na Colômbia, no Peru, entre outros. 

A América Latina se levanta contra os governos sanguinários que se formaram para impor e ampliar os processos de exploração popular, com retirada de direitos elementares que foram resultado de conquistas de longo prazo.

No caso brasileiro, a imposição da emenda constitucional que limitou os tetos de gastos em itens absolutamente prioritários, como educação, saúde, cultura, segurança pública, mas que manteve os pagamentos destinados aos setores financeiros e de proprietários dos meios de produção, tem sido um escárnio que enriquece mais os bilionários e empobrece ainda mais os já empobrecidos. É uma violenta concentração de renda nas mãos dos já privilegiados.

Essas austeridades contra os setores populares, com privatizações e abertura para os mercados financeiros e comerciais mostram que o capitalismo, ainda que apoiado em “modernização neoliberal” está vivenciando o real processo de esgotamentos.

O desemprego ganhou contornos jamais vistos, acompanhado da carestia que abate duramente as mínimas condições de vida das famílias. O exemplo dos preços dos alimentos e mesmo do gás de cozinha são motivos para as famílias ficarem sem possibilidades de oferecer o mínimo de dignidade aos seus membros.

O caso da gestão da Petrobrás e dos combustíveis, aumenta ainda mais o sofrimento da classe média. O preço da gasolina e do óleo diesel é transferido para os preços de todos os produtos, inclusive os de primeira necessidade. Assim, as famílias não tem mais para onde correr. Com isso aumentam os números de moradores nas ruas das cidades. Cada vez mais observa-se a miséria acampando nas praças públicas, sob viadutos e nas calçadas.

Ninguém deixa de observar tanto sofrimento humano. A destruição dos componentes ambientais, dos biomas não pode ser ignorada. Os bens da natureza não podem continuar sendo entendidos como “recursos naturais” para permitir a concentração da riqueza, nas mãos dos já enriquecidos. Os chamados “recursos naturais” em verdade são bens que pertencem à humanidade. Os povos originários da Amazônia, dos Pantanais, do Cerrado, da Mata Atlântica, da Caatinga não podem continuar a ser entendidos com se não fossem humanos. Precisam ser valorizados e respeitados. São os verdadeiros guardiões de nossas paisagens naturais, de nossos biomas.

No dizer das forças populares, neste momento temos um imenso contingente de pessoas e famílias que precisam receber apoio dos governos para conseguirem consumir pelo menos o mínimo necessário a que têm direitos e precisam para a dignidade humana.

Trata-se de um imenso contingente de pessoas que poderá, ao receber a atenção do Estado, se constituir no componente do processo de transformação nacional.

Investir nos pobres e miseráveis. Garantir as condições de consumir o indispensável, com direitos respeitados. Esses investimentos poderão estimular a roda de um sistema produtivo destinado especialmente à redução do sofrimento humano, distribuidor de bens e riquezas. Não se deve reduzir ao indispensável, é preciso socializar a riqueza.

Estes investimentos poderão promover o avanço da ciência e da tecnologia, proporcionando ações em favor da economia solidária, revigoradora das formas de viver.    Assim também pode-se pensar nas políticas de habitações, de saúde pública de educação. Recursos financeiros para investimentos públicos nessas áreas devem proceder da cobrança de impostos nos produtos que são esbanjados pelos que consomem produtos que não são indispensáveis para a vida humana e manutenção das famílias. 

Chegou a hora da reforma tributária com a cobrança de impostos das grandes fortunas, dos verdadeiros endinheirados, dos bilionários. Esse pessoal, agora, precisa financiar os investimentos que permitirão o verdadeiro desenvolvimento social, ambiental e econômico, com base nos verdadeiros donos e produtores das riquezas, os trabalhadores e suas famílias.

Não há outro caminho para se promover a paz e o bem estar social. 

Chegou a hora da socialização da riqueza que se concentrou, retirada e fundamentada nos sofrimentos humanos e das famílias exploradas.

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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