Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
24/05/2022 às 08h00min - Atualizada em 24/05/2022 às 08h00min

O asfalto para Itumbiara

ANTÔNIO PEREIRA
Comitiva uberlandense que pediu o asfaltamento: Euvaldo Lodi, CedroNaves, Alexandrino Garcia, Getúlio Vargas, Juquita, Migliorini e Lázaro Chaves
A primeira estrada de Uberlândia a Itumbiara foi construída nos princípios do século passado por Fernando Vilela e Paes Leme. O primeiro trecho, de 72 km, de Uberabinha a Monte Alegre de Minas, foi inaugurado, segundo o engenheiro que a construiu, Paes Leme, em 7 de setembro de 1912. Foi, portanto, a primeira estrada de rodagem construída para veículos automotores no Brasil. Há estradas anteriores, até famosas, mas não foram construídas para veículos automotivos. A Itumbiara, ela chegou em 1.917. Tinha desvios para Tupaciguara e Ituiutaba.

Quarenta anos depois, o deputado federal Rondon Pacheco, conseguiu junto ao Congresso Nacional a aprovação de uma verba para asfaltamento de estrada que ia de Uberlândia a Itumbiara, hoje, trechos das BRs 365 e 153. Minas Gerais ainda não possuía estradas asfaltadas. Não bastava a verba orçamentária. Era preciso agir. O Brasil não produzia asfalto. Tinha que importar. A carteira de importação estava fechada. Só o presidente da república poderia autorizar uma licença junto ao órgão competente para a importação.

A Associação Comercial, cujo presidente era Alexandrino Garcia, queria que a estrada saísse. Procurado, o deputado Rondon Pacheco explicou que verba havia, mas precisava de autorização do presidente para a importação. Alexandrino e Geraldo Migliorini (vice-presidente) tramaram um plano: ir pessoalmente ao palácio pedir a autorização do presidente, que era Getúlio Vargas. Curioso um diálogo entre os dois: Migliorini argumentou que estávamos querendo demais. O asfalto da estrada de São Paulo para cá estava parado em Campinas...

Alexandrino contra argumentou que isso não lhe interessava, o que era importante era o asfalto daqui pra Goiás. Nota-se a confluência da visão futurista de dois grandes visionários, Fernando Vilela e Alexandrino Garcia: o futuro de Uberlândia estava em Goiás! Organizada a comitiva, Rondon prometeu conseguir a audiência, mas ele não poderia estar presente por ser de partido, a UDN, opositor ao governo. O deputado conseguiu que Euvaldo Lodi, presidente da Confederação das Indústrias do Brasil os acompanhasse. Rondon recebeu a comitiva e passou-a a Euvaldo. Eram: Alexandrino Garcia, Geraldo Migliorini (presidente e vice da ACIUB), José Rezende Ribeiro (presidente da Câmara Municipal), Cedro Naves (empresário), Lázaro Chaves (presidente da Associação dos Motoristas) e o jovem universitário Antônio Thomaz de Rezende. Nicomedes Alves dos Santos, presidente da Associação Rural, não pôde esperar os dois dias da prorrogação da audiência e Migliorini representou-o.

O presidente recebeu-os às 22 horas, mas não apresentava cansaço, pelo contrário estava alegre e disposto. A conversa foi rápida, o universitário Rezende bateu uma foto do grupo e o presidente assinou a autorização, cujo papel já estava pronto nas mãos da comitiva.

Assim, saiu a primeira estrada asfaltada de Minas Gerais, não casualmente em cima do traçado original do Fernando Vilela, pelo menos até Monte Alegre: ambas buscando um futuro que se realizou com muito sucesso.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
Leia Também »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90