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21/05/2022 às 08h00min - Atualizada em 21/05/2022 às 08h00min

Medicina de Precisão

JOÃO LUCAS O'CONNELL

Não é novidade que o avanço acelerado da tecnologia impacta cada vez mais todos os setores da sociedade e do mercado. No segmento da saúde, uma de suas influências mais significativas está na medicina de precisão! A medicina de precisão é aquela que busca compreender os aspectos genéticos que tornam cada indivíduo único. Logo, para determinar os tratamentos mais eficientes possíveis para cada paciente, o cruzamento de dados é realizado através da Inteligência Artificial. Difícil imaginar que uma medicina feita assim possa funcionar, não é mesmo?!

 

Na medida em que a área médica evolui, novas práticas, técnicas e abordagens junto aos pacientes também surgem e avançam. A medicina de precisão visa abandonar a visão antiga dos tratamentos, voltada ao combate de doenças, voltando suas atenções aos indivíduos em si, para que tenham mais longevidade e plena saúde. A ideia é garantir intervenções mais eficientes, precisas e livres de erros que hoje são comuns na saúde contemporânea. As abordagens são multidisciplinares, em que diversos especialistas atuam em conjunto em prol do paciente.

 

A ideia é ir além das informações básicas hoje coletadas na medicina tradicional, apoiando-se no perfil genético das pessoas para garantir uma visão médica mais detalhada, profunda e personalizada.  A promessa é que, ao garantir tratamentos muito mais precisos, esta proposta de uma nova medicina (mais individualizada e tecnológica) possa proporcionar benefícios significativos, tanto para os pacientes quanto para os médicos.

 

Mas, como este novo jeito de encarar a Medicina funciona na prática?! Como já escrito acima, uma das principais bases da medicina de precisão está nos dados do perfil genético dos pacientes. Com o avanço dos conhecimentos a respeito do organismo humano e de seus processos obtidos nos últimos 50 anos, ficou evidente que o sequenciamento e as possíveis alterações no genoma podem ter influência direta sobre os tratamentos e as ações de prevenção. Ou seja, a partir da obtenção do sequenciamento genético de cada paciente poderíamos ser capazes de determinar ou mesmo criar medicamentos e intervenções muito mais assertivas. Imagine, por exemplo, se conseguíssemos determinar que um indivíduo de 20 anos tenha um sequenciamento genético com probabilidade mais alta para o desenvolvimento de um câncer de pulmão... A equipe multidisciplinar que o acompanha poderia ser muito mais rígida quanto à necessidade do paciente parar de fumar. O seu médico pneumologista poderia sugerir tomografias de pulmão a cada ano ou dois, a fim de obter um diagnóstico mais precoce do câncer e iniciar rapidamente a quimioterapia. E mais: sabendo das variabilidades genéticas do indivíduo e conhecendo melhor o tipo celular causador daquele câncer, o tipo de quimioterapia seria mais direcionada para aquele específico câncer que acomete aquele específico paciente. As chances de resolução do problema poderiam ser, portanto, maiores do que as quimioterapias atualmente disponíveis para um grande grupo de neoplasias diferentes e pacientes diferentes. 

 

Na medicina de precisão, além do genoma dos indivíduos, também é levado em consideração os fatores ambientais que o influenciam. A partir de informações coletadas a respeito desses fatores, algoritmos são utilizados para reconhecer padrões clínicos e direcionar o melhor tratamento possível para cada caso específico.

 

Aos médicos, cabe se adaptar a essa nova realidade. Ou seja, aderindo a equipes multidisciplinares, integrando suas informações, investindo em equipamentos de ponta, personalizando sua infraestrutura e abusando das melhores tecnologias! É um tema bastante novo e desafiador que promete transformar o futuro da Medicina e do cuidado médico. Voltaremos a este tema extremamente interessante em futuras edições de nossa coluna semanal!

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

 
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