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20/04/2022 às 08h00min - Atualizada em 20/04/2022 às 08h00min

No agronegócio, enquanto "os cães ladram a caravana passa"

ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA
A expressão idiomática ”os cães ladram a caravana passa” tem um sentido cultural que pode ser considerada figurativa, gíria ou de contexto popular. É um ditado utilizado na língua portuguesa, mas de origem árabe. A expressão significa um conselho, o mesmo que dizer "não ligue para o que outros dizem", "vá em frente". 

A expressão que indica que os acontecimentos continuarão a se desenvolver como vinham ocorrendo, independentemente de quão céticos sejam alguns, ela também indica que o falante não vai mudar sua conduta, pois considera a crítica como hostilidade insignificante.

As críticas ácidas daqueles que pregam o “quanto pior melhor”, buscando diminuir o desempenho econômico brasileiro, tendo como alvo preferencial o agronegócio, por ser um dos pilares que sustentam a economia brasileira em 2022, é lugar comum nas análises daqueles que não querem ver o país deslanchar.  

Um dos principais motivadores que contrapõe a esse discurso negacionista é a expectativa de uma boa safra de grãos. A sétima estimativa da safra de grãos 2021/22, divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no último dia (7), aponta que a produção de grãos no país poderá atingir um total de 269,3 milhões de toneladas. No entanto, em todas as trajetórias de sucesso sempre há alguns percalços, em comparação ao primeiro levantamento da Companhia para a atual safra, quando a previsão era de 288,6 milhões de toneladas, o volume representa uma redução de 6,7% ou 19,3 milhões de toneladas, devido às condições climáticas adversas observadas em algumas regiões produtoras. 

De acordo com o levantamento, a área plantada total no país está estimada em 72,9 milhões de hectares, representando um crescimento de 4,4% se comparada à safra 2020/21. Os maiores incrementos de área são observados na soja, com 4,1% ou 1,6 milhão de hectares e, no milho, com 6,5% ou 1,3 milhão de hectares.

Te convido a refletir comigo: “O resultado até o final desta safra vai depender muito do comportamento climático, fator preponderante para o desenvolvimento das culturas”, afirma o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro. 

Nos resultados por cultivo, a soja tem uma produção prevista em 122,4 milhões de toneladas, uma redução de 11,4% em relação à safra anterior. O quadro de queda da produtividade já havia sido anunciado em levantamentos anteriores. 

Para o milho, esse segundo fator no cenário de prosperidade, a produção estimada é de 115,6 milhões de toneladas, 32,7% superior ao ciclo anterior. Para a safra 2021/22, a Conab destaca que, apesar do aumento no volume total, é importante registrar a forte queda de 20,4% na produtividade da região Sul durante a primeira safra, fato que causou uma redução de até 15,6% da produção naquela região. 

Vamos um pouco mais além: Neste último levantamento de abril, a Conab manteve a estimativa para 2022 das exportações de algodão em 2,05 milhões de toneladas, de arroz em 1,3 milhão de toneladas e de feijão em 200 mil toneladas. Para o trigo, considerando que a previsão de volume exportado entre agosto de 2021 e março de 2022 já supera 2,8 milhões de toneladas.  Diante disso, a estimativa é que sejam exportadas 3 milhões de toneladas. Confirmado esse número, será o recorde da série histórica para o trigo.

Por outro lado, para a soja houve redução no volume estimado de exportações, passando de 80,16 milhões de toneladas para 77 milhões de toneladas, motivada por um maior direcionamento para a produção e exportação de óleo, em detrimento do grão. Já em relação ao milho, a venda externa deve passar de 35 milhões de toneladas para 37 milhões de toneladas neste levantamento. “Acreditamos que o aumento da produção brasileira, alinhada à demanda internacional aquecida, deverá promover essa elevação de 77,8% das exportações do grão na safra 2022, compreendida entre fevereiro de 2022 e janeiro de 2023”, avalia o superintendente de Estudos de Mercado e Gestão da Oferta da Conab, Allan Silveira.

Se pensarmos estrategicamente: A balança comercial do agronegócio brasileiro fechou o ano de 2021 com saldo positivo de US$ 105,1 bilhões, 19,8% acima do verificado em 2020, impulsionada pela alta dos preços internacionais das commodities. Os dados sobre o comércio exterior do agronegócio brasileiro foram apresentados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em (17/1). O documento contempla um ranking dos principais produtores, consumidores, exportadores e importadores mundiais, destacando a relevância do Brasil no fornecimento de várias commodities, como açúcar, soja, carnes e café. Enquanto a balança comercial total, apresentou superávit de US$ 61,2 bilhões, a balança comercial dos demais setores registrou déficit de US$ 43,8 bilhões,

Continuando a trajetória de sucesso dos anos anteriores, as exportações do agronegócio atingiram o valor recorde de US$ 14,53 bilhões para meses de março, em 2022, cifra 29,4% superior na comparação com mesmo mês do ano passado. O aumento foi motivado pela elevação de 27,6% nos preços dos produtos exportados pelo agronegócio. De acordo com levantamento elaborado pela Secretaria de Comércio de Relações Internacionais do Mapa, o volume exportado cresceu 1,4% no período.

As exportações do agronegócio representaram 50% de todo o valor exportado pelo país em março de 2022, movimento alavancado pela alta recorde dos preços dos alimentos no cenário global. Em relação às importações de produtos do agronegócio, as compras somaram US$ 1,42 bilhões (alta de 5,9%).

“O agronegócio vai evitar que tenhamos uma economia pior em 2022”, diz Vale. Contrariando o negacionismo, as commodities agrícolas serão as estrelas da festa.

 
*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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