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03/03/2022 às 08h00min - Atualizada em 03/03/2022 às 08h00min

Guerra ou paz, para onde caminha a humanidade?

CLÁUDIO DI MAURO
É de absoluta lucidez os conhecimentos e a interpretação oferecida pela Presidenta Dilma Roussef para essa guerra apontada no caso dos ataques da Rússia à Ucrânia e a reação da OTAN, Estados Unidos e países europeus. Dilma conhece minuciosamente essas relações conflituosas, das quais foi parte integrante como Presidenta da República.

Torna-se necessário o entendimento da realidade histórica e os acordos internacionais dos quais participam a Rússia, a Ucrânia e a OTAN.

Dentro da Ucrânia há rupturas institucionais que levaram a um golpe de Estado. Mas, há também os componentes da OTAN se dirigindo para Leste, ampliando suas fronteiras, em desacordo com o que foi assinado para a instalação da Paz, pós-guerra.

Esse deslocamento para ampliação dos limites da OTAN é considerado como um erro fatal. Relança uma atmosfera de “guerra fria” nas relações leste e oeste. 

Entendendo que a estratégia da OTAN é insustentável, a Rússia apresentou sua proposta  para manutenção da Paz:

- Congelamento das fronteiras da OTAN conforme os Tratados Internacionais já assinados para manutenção da Paz. 

- Retirada das tropas ocidentais que estão instaladas na Europa Oriental, servindo de ameaças e estimulando a expansão das “fronteiras” da OTAN;

- Retirada com repatriamento das armas nucleares dos Estados Unidos nos países da Europa, servindo como ameaça à Rússia.

Essas são as exigências Russas para que haja paz.

Em confirmação disso há que se conhecer todas as origens do atual conflito que chegou às armas e à guerra. Fora disso, não há como construir a paz no território em disputa.

Como as relações internacionais da Rússia com o restante da Europa, especialmente com a Alemanha, proporcionaram uma nova relação geopolítica, a Rússia buscou se aproximar da China, colocando esse país no processo social e econômico.

A Rússia estava limitada a suas políticas de importação de produtos transformados, com relações comerciais, especialmente estabelecidas com a Alemanha.  Com sua necessidade de mudança de rumo, os russos se preparam. O país passou a produzir manufaturados que importava e agora dispõe de boa parte dessas mercadorias internamente. Mudou-se a relação comercial para garantir sua perspectiva de “desenvolvimento”, estabelecendo o crescimento do PIB em níveis que sejam compatíveis com outros países desenvolvidos.

A Rússia como um grande importador de manufaturados, tinha concentração de suas relações com a Alemanha. Se a Alemanha se mantém apoiando a estratégia da OTAN e com isso a geopolítica subordinada aos Estados Unidos, nessas condições a Rússia se aproximará mais da China. Aí se formando uma aliança de grandes proporções econômica e bélica.

Fica explícito que a Alemanha tem interesses econômicos muito importantes nesse embate.

No embate com a Ucrânia, ficou nítido para a Rússia que quem está ameaçando suas fronteiras, via OTAN é preferencialmente os Estados Unidos. Assim, a Rússia sabe que só vai para a Mesa de Negociações, quando estiver sendo de fato ouvida pelos Estados Unidos.

Não há como desconhecer que o diálogo tem como situação intransponível os limites já estabelecidos para a OTAN, não avançar nada, absolutamente nada.

Lembremos que a Ucrânia tem suas origens na dissolução da União Soviética e se caracteriza como um complexo de etnias; Russas, Polonesas, Otomanas. Por exemplo, a Criméia nunca foi Ucraniana. 

O Brasil teria condições de se colocar com essa visão equilibrada, entendendo toda essa trajetória na formação e desenvolvimento dos conflitos? A solução é multilateral. A Guerra não resolve essa questão que é essencialmente política. Precisa ser resolvida com negociações.

Com isso, o Brasil tem que ter relações internacionais lideradas por um Presidente da República que esteja aberto para o diálogo. Não pode ser liderado por um Presidente que “bate continência” para bandeira estrangeira, principalmente para um país que tem os maiores interesses nesse conflito. Tem que respeitar e se colocar em favor da soberania brasileira.  Equilíbrio indispensável.

É preciso se entender que a Rússia não quer retomar à União Soviética. Mas, o que pretende a Rússia é a solução negociada anteriormente e que congela os limites da OTAN.

Quanto à expansão da guerra é importante se reconhecer que a Ucrânia não é um país que faz parte da OTAN. Assim é que não cabe uma intervenção de tropas da OTAN para defender seus membros. Tal interferência bélica seria inexplicável. 

Diante do quadro criado, caberá aos países da Europa e Estados Unidos conhecerem os problemas concretos e históricos desde os Acordos Internacionais. Somente com esse conhecimento será possível a tentativa de buscar negociações.

Nesta fase do desenvolvimento dos conflitos, está em mãos da OTAN, Estados Unidos e Europa a apresentação da saída menos dramática para uma crise que chegou aos seus estertores. 

A imprensa e a mídia brasileira precisam ter conhecimentos e equilíbrio para tratar dessa realidade mundial. Não se pode defender a invasão do Biden à Ucrânia. Isso significaria promover a guerra nuclear, caminho para a extinção da humanidade no Planeta Terra. 

Incentivar a guerra é incentivar a destruição da vida como a conhecemos na crosta terrestre.

Há que se buscar um acordo que tenha capacidade diplomática de pacificar e criar as condições para que todos os envolvidos se sintam vitoriosos. Trata-se de buscar solução dos problemas por via da pacificação.

 
*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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