06/01/2022 às 08h00min - Atualizada em 06/01/2022 às 08h00min
É importante olhar para cima, para baixo e todos os lados
CLÁUDIO DI MAURO
Está em cartaz o importante filme: NÃO OLHE PARA CIMA. Trata-se de uma ficção que pode ser interpretada a luz das realidades mundial e em nossos países.
Cientistas identificam um enorme meteoro e concluem com base em sua trajetória que dentro de alguns meses, seis (6) meses, atingiria o Planeta Terra.
Há estudos demonstrando que no passado a Terra já foi atingida por grandes meteoros capazes de promover muitos impactos e mudanças, por exemplo na ainda frágil vida aqui existente.
Tais impactos poderão ter promovido tsunamis de grandes extensões, abalando o eixo da Terra e teriam sido antecedidos por “chuvas” de materiais tóxicos e incandescentes afetando praticamente todo o planeta. O certo é que as formas de vida teriam sido duramente modificadas, especialmente na era geológica quando reinavam animais dos tipos dinossauros. Esses fatos aconteceram a cerca de 65 milhões de anos e o impacto do meteoro abriu a cratera no México denominada de Chicxulub com aproximadamente 200 km de largura. Esse episódio da natureza foi responsável pela passagem da Era Geológica Mesozoica para a Cenozoica. Grandes transformações ocorreram no Planeta.
No filme referido e que está em cartaz, cientistas previnem os governantes, na época os Estados Unidos tinham como Presidente uma mulher interpretada pela excelente atriz veterana Meryl Streep. Envolvida com os interesses econômicos que caracterizam a privatização de Estados Governamentais, a Presidente e sua equipe preferem não dar atenção e rejeitar a informação científica, privilegiando os interesses do capital.
Depois de muitas perseguições aos cientistas e aos setores que se engajaram nas campanhas populares para informar os riscos a que todo o Planeta estava submetido, com engajamento contrário dos órgãos da mídia e da imprensa, chegou o tempo em que o meteoro, torna-se visível, quando as pessoas olhavam para o céu a olho nu. Daí, o título do filme e da campanha Não Olhe para Cima. Ou seja, não veja a verdade, os fatos são aterrorizadores.
Em nossa realidade, sem ficção, a que vivemos no mundo atual: - “não preste atenção nos alertas da ciência, confie nos seus governos”. Com isso, chegamos a cerca de 5 milhões e 500 mil mortos provocados pelo coronavírus. Só no Brasil cerca de 620 mil pessoas foram a óbito. E isso ainda não se esgotou. Quais serão as próximas etapas e quais serão as próximas catástrofes que a humanidade terá que enfrentar?
Outra realidade que as autoridades mundiais, governamentais e a Mídia tratam com pouca ênfase, abafando a voz da ciência, trata-se das mudanças climáticas. Os fatos demonstram que as mudanças climáticas estão em curso e a catástrofe do Planeta se aproxima com a velocidade do meteoro que atingiu a Terra.
A ciência aponta as medidas que devem ser implementadas para reduzir os impactos dessas mudanças que estão indicadas para ocorrer. Os interesses econômicos, do capital, privilegiam a continuidade do enriquecimento dos mesmos grupos corporativos, em detrimento do bem estar geral.
O ano que se iniciou poderia ser o momento de desencadear novas práticas e condições de vida no Planeta. Mas, o sistema de exploração não aponta para novas práticas que respeitem a sustentabilidade ambiental e social.
O Planeta está em sério perigo e esta constatação não é catastrófica. Não é mais possível a ignorância para as realidades que se configuram. O aumento das catástrofes provocadas pelas “torrencialidades” pluviais; as secas prolongadas gerando “arenização” em significativas partes do planeta; os derretimentos de blocos na calota polar; a subida no nível dos oceanos; a contaminação das águas superficiais; o ataque desenfreado aos biomas e seus povos originários, enfim, as práticas que prevalecem são obviedades para a destruição da vida no planeta, como a conhecemos.
A Terra tem seus limites na capacidade de suporte. As forças que dominam a exploração do Planeta nunca se limitarão a essa capacidade de suporte. Elas precisam ser detidas em suas ganâncias ilimitadas.
Não há mais tempo para esperar que os governantes dos Estados e as forças que dominam as economias mundiais, se regenerem e modifiquem suas práticas espontaneamente. Os projetos desenvolvimentistas estão nos conduzindo para o abismo. São inesgotáveis, a exploração dos componentes da natureza e do trabalho, visando a produção e concentração das riquezas.
Em um ano eleitoral como 2022, temos que imprimir nossa visão de mundo nos planos propostos por candidatos. Não há muito tempo para que as transformações nos projetos e ações sejam implementados. E isso ainda não será suficiente. Os governos que se afiguram, precisarão ter capacidade de interferência nas políticas mundiais. O Planeta não pode ficar nas mãos daqueles que se silenciam diante da catástrofe que se avizinha.
*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.