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23/12/2021 às 08h00min - Atualizada em 23/12/2021 às 08h00min

Afinal, agora é o Natal?

CLÁUDIO DI MAURO
No Natal, comemoramos o aniversário de nascimento de Jesus de Nazaré.  A vida de sua família era concentrada preferencialmente em Nazaré. Mas Jesus teria nascido em Belém e sua presença é marcante e inesgotável nas tradições dos povos ocidentais.

Jesus de Nazaré teria sido o filho de um carpinteiro chamado José e de uma mulher, Maria, que segundo o dogma de parte das religiões ocidentais foi concebido pelo Espírito Santo.

Maria e José partiram de Nazaré para Belém, na Judeia, de onde eram originários. Com o menino sendo gestado, o casal se tornou refugiado e migrante. 

Heródes era o governador da Judéia e teria mandado matar todas as crianças nascidas vivas que tivessem até 2 anos naquele período. Havia o entendimento de que naqueles dias nasceria um menino que teria uma vida revolucionária, transformadora e influente para a população. O Estado então temia esse menino e o que ele seria capaz de proporcionar. Há quem diga que seus pais foram para Belém com objetivo de realizar o recadastramento. Mas, experimentaram a situação dramática dos refugiados, marcada por medos, incertezas, dificuldades, exatamente o que acontece diariamente no mundo e também no Brasil, com milhões de famílias que vivem essas tristes situações.

Com pais fugitivos, Jesus nasceu em um estábulo e foi colocado em uma manjedoura. Segundo a história, seus pais tiveram que se abrigar em estábulo, pois não havia quartos na pousada. Isso mostra um Jesus, com seus pais, tratados como milhões de famílias existentes pelo mundo. Seres humanos que sob pontes e viadutos, em meio às ruas e avenidas exemplificam o presépio representado pela família de Jesus.

O Natal, portanto, celebra o nascimento de um menino que ainda no ventre da mãe fugia para não ser degolado. Filho de pais que estavam fugindo do risco de que o menino fosse dizimado pelo Estado, a mando do governador.

Antes mesmo de nascer e depois do nascimento, Jesus foi perseguido pelas estruturas do Estado e também das religiões que imperavam.
No dia da comemoração do Natal, nascimento de Jesus, será que os cristãos da atualidade reconhecem de fato quem foi seu homenageado, e sua história do nascimento ao calvário?

Mas, a vida de Jesus,  o que exemplificou para a humanidade?

Quem era de fato sua família? Essa por sinal foi uma pergunta que ele teria feito às portas de uma festividade.

Com quem preferencialmente se reunia, Jesus de Nazaré, não querendo ser o centro das atenções, foco dos holofotes?

Como ele se colocava diante das desigualdades, das iniquidades, discriminações e exclusões? 

Seu chamado “Sermão da Montanha” nos apresentou uma pessoa humana, defensora dos direitos humanos, fortalecedora do amor à humanidade.

Imaginemos Jesus de Nazaré vivendo nos dias de hoje, no Brasil. Qual seria seu discurso? No Sermão da Montanha está o cerne de seus ensinamentos, o que ele esperava de seus seguidores. Ali ele teria preparado seus seguidores para propagar e viver sua mensagem.

Ele teria dito no Monte no qual subiu para explicar aos seus seguidores, entre tantas pérolas:

“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus;
 bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; 
bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; 
 bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; 
bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; 
bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; 
bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus;...”


Essas palavras que Jesus teria dito, devem orientar o comportamento cristão?

Mas, vem a indagação, fazer e praticar esse cristianismo leva seus anunciadores a serem perseguidos, como foi Jesus? Preso, sequestrado, espancado, cuspido, ensanguentado e morto por causa de seus ideais defendidos? Mas, não são essas imagens do martírio que devem prevalecer.

Há que prevalecer seu projeto de vida e seus ensinamentos?

Assim destaca-se uma indagação, começando pela comemoração do seu simbólico nascimento, o Natal, como deve ser sua configuração? Como esse Jesus da história comemoraria seu aniversário em companhia de seus seguidores?

Cabe a cada uma das pessoas decidir o que é o seu Natal? Comemoração do aniversário de Jesus? Compromisso assumido com suas formulações e pregações?

Que todos nós tenhamos o Natal do amor. O Natal da renovação diante da vida em favor da humanidade que teria sido anunciada por Jesus ao recomendar:

Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, também vós deveis amar-vos uns aos outros.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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