Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
23/11/2021 às 08h00min - Atualizada em 23/11/2021 às 08h00min

João Pereira da Rocha

ANTÔNIO PEREIRA

João Pereira da Rocha não foi o primeiro entrante em nossas terras. Antes dele, outros cidadãos andaram por aqui. Ali na Rocinha (Tapuirama) tinha um velho doente que vendia coisas aos viandantes que por lá passavam rumo a Goiás, atrás de ouro. Um dos peões do Saint Hilaire conhecia bem a Farinha Podre porque, antes de acompanhar o francês, andou colhendo esmolas para Santos Reis por ali. Isso tudo está no livro do Saint Hilaire.

 

Na descrição do lugar da sesmaria do João Pereira, constam vizinhos. Gente que chegou antes.

                

João, no entanto, foi o único que ficou. Todos os outros se mandaram. O que criou raízes e espalhou uma família. É o nosso primeiro cidadão.

 

O que não me ficou claro, nos textos que li, é a sua origem.

 

Pedro Pezzuti, em sua monografia “Município de Uberabinha”, de 1922, diz que o João veio de Paraopeba, mas não diz onde ele nasceu, nem quando. Nem diz quem foram seus pais. Registra que faleceu em 1845.

                

Gentil Alves Pereira em seu livro “São Pedro de Uberabinha – suas sesmarias – suas primeiras famílias – suas primeiras fazendas”, de 1974, informa que João era filho de João Lobo leite Pereira e Tereza Silva Figueiredo, casal que foi para Cachoeira do Campo, na província de Minas Gerais, entre 1731 e 1735. Afirma que foi “tronco majestoso da imensa árvore genealógica... ”

                

Tito Teixeira, nos seus fundamentais “Bandeirantes e Pioneiros do Brasil Central, volumes I e II”, diz que João Lobo Leite Pereira era filho de Luiz Lobo Leite Pereira e reafirma a possível data de sua vinda para o Brasil. Diz que João Pereira da Rocha era filho de João Lobo, conforme informação do seu bisneto, Aniceto Alves Pereira. Diz, ainda, que eles residiam em Cachoeira do Campo. Algumas informações do Teixeira foram colhidas no livro de Arthur Rezende, “Genealogia dos Fundadores de Cataguazes.”

                

Casualmente esta genealogia veio parar em minhas mãos. Sua terceira parte é dedicada à Família Lobo Leite Pereira. É uma parte ampla e minuciosa que vai da chegada do João Lobo até, mais ou menos, 1934. Encontrei o coronel João Lobo Leite Pereira, com quem começa a família, no Brasil. Ele veio para Cachoeira do Campo e aí se casou, em segundas núpcias, com Thereza da Silva e Ávila de Figueiredo. Tiveram três filhos: Iria (de quem o pesquisador não encontrou mais informações), Antônio Agostinho Lobo Leite Pereira e Luiz Lobo Leite Pereira. É curioso e importante anotar que João Lobo Leite Pereira era filho de Luiz Lobo Leite e um dos seus filhos também se chamava Luiz Lobo Leite Pereira. Rezende também diz que João Lobo veio para Cachoeira do Campo entre 1731 e 1735.

                

Daí para frente comecei a procurar João Pereira da Rocha. Não existe. Não é da família. Deve haver algum engano dos nossos cronistas. A genealogia do Arthur Resende é muito minuciosa. Até encontrei por lá o compositor da Aquarela do Brasil, Ary Barroso, filho de d. Angelina (da família Leite Pereira) e do dr. João Evangelista Barroso.

                

Posteriormente, o historiador Daniel Araujo Alves, descendente da família do Pereira da Rocha, residente em Anápolis, informou-me que possui o Registro de Batismo do João e também o testamento de seu avô materno, Manoel Nogueira Penido, documentos onde consta que os pais do nosso primeiro entrante foram José Pereira da Rocha e Joana Nogueira Penido. Consequentemente os registros dos nossos cronistas estão equivocados. Será?


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.



Leia Também »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90