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29/09/2021 às 08h00min - Atualizada em 29/09/2021 às 08h00min

Mídia de massa e a nova realidade do consumo

ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA
Com o advento da Segunda Guerra Mundial, os meios de comunicação de massa mostraram a sua força. Naquela época, o Brasil de Getúlio Vargas mostrou aos brasileiros o seu paternalismo, uma característica marcante do seu governo populista, através do rádio.

Quando a distribuição da informação se dá em rede, a comunicação se complexifica, de modo que o receptor não mais é totalmente passivo no processo, mas sim, interage e, principalmente, tem um leque muito maior de escolhas. Ao contrário, a mídia de massa precisa se simplificar para que assim atinja o maior número de pessoas possível. Dessa forma, “os homens que se qualificam em coletividade, transformam-se a si mesmos em algo material, desaparecem como sujeitos autônomos”.

O reflexo disso é uma queda de audiência e interesse nos meios tradicionais de comunicação, como rádio, televisão e internet. O indivíduo de hoje não se satisfaz mais com a informação estática e generalista, ele escolhe o horário e a forma como quer receber a informação.

Antes a fonte de informação mais imediata e mais próxima do público o rádio AM, já não atende as necessidades do público, pois as pessoas têm tempo para dedicar a ouvir as notícias que, muitas vezes, não são bastante aprofundadas. Com o surgimento dos Podcastings, os programas de áudio na internet ganham formatos parecidos com os de rádio tradicionais, porém, com a vantagem de poderem ser armazenados para que o ouvinte escolha a hora que quer ouvir.

Com o surgimento da TV a cabo e a aparente crise de criatividade pela qual passa a TV aberta, os números de audiência e satisfação desse meio também mostram um desinteresse por parte da população. A similaridade entre os telejornais e a transformação dos eventos em espetáculo reflete na credibilidade do meio frente ao telespectador.

A rede britânica BBC, preocupada com a queda na audiência, principalmente entre os jovens, reavaliou seus planos de conteúdo. O diretor geral da BBC, Mark Thompson, afirmou que a empresa entregará conteúdo em qualquer que seja a plataforma escolhida pelo usuário. A BBC também dará ênfase à música e às bandas desconhecidas no meio online para se aproximar mais do público jovem.

A popularização da internet na segunda metade dos anos 90, fez com que a partir dali houvesse uma multiplicidade de vozes, uma verdadeira democratização da comunicação. Ignácio Ramonet escreveu que “a multimídia e a internet criam uma ruptura que poderá acabar revolucionando todo o campo da comunicação”.

A partir do momento em que todos publicam e todos têm acesso a essas publicações em rede, uma gama muito maior de conteúdo é disponibilizada fazendo com que as pessoas possam concentrar-se naquilo que querem. O manual de redação do jornal de maior circulação do país, Folha de São Paulo, apontou para uma população que dedica cada vez menos tempo aos jornais diários e mais aos seus interesses individuais supridos pela rede. “Como o leque de opções é amplo na televisão paga e praticamente inesgotável na internet, a tendência é que as inclinações pessoais, especialidades e hobbies encontrem seus nichos, levando seu usuário a dedicar parte crescente do tempo a eles.” (FOLHA DE SÃO PAULO, 2001).

Vamos refletir:  A palavra é: ... personalização. Muito antes dos jornalistas, os publicitários identificaram essa individualização do sujeito. Sites como o Amazon.com consideram os seus clientes com as suas preferências pessoais, oferecendo produtos de acordo com as buscas prévias feitas pelo usuário. Assim, a possibilidade de compra aumenta. É preciso, contudo, levar em conta que uma parte da população ainda prefere o meio impresso, não pelas suas características de conteúdo, porém, pelas suas características físicas como portabilidade. O impresso ainda é o meio mais acessível de informação e isso faz dele tão importante a ponto de merecer ser repensado. Uma possível saída para isso seria a personalização. Dar ao leitor apenas o que ele quer ler, considerando seus interesses. Seguindo este raciocínio, quanto mais para cima do funil, maior a massa (escala) e menor a personalização.

“O que era produzido para o gosto da média deu lugar a um mercado que têm diversos tipos de produção, direcionados individualmente para as pessoas.”

Pensando estrategicamente: A publicidade direcionada ajudaria a fazer com que o feedback aos anúncios seja maior, impedindo que indivíduo migre para outros meios. Impedir que o leitor migre para outro meio, no entanto, não é necessário, desde que a empresa diversifique a sua área de atuação. Por isso, transmitir o conteúdo personalizado do jornal também para outras mídias ajuda a fidelizar o público a uma empresa.

Ainda é preciso descobrir como tornar a produção mais eficaz, adaptar os conteúdos às mídias utilizando suas características, como convergência e praticidade na web. A aplicabilidade desse conceito de personalização no mercado também é uma preocupação. A sociedade é influenciada pelos meios de comunicação. Quais seriam os reflexos de uma comunicação personalizada na sociedade? O debate sobre uma mudança tão importante para a mídia faz-se necessário.

 “Nós, como pessoas e consumidores, não somos e nem estamos sempre iguais. Além das individualidades, há inúmeros fatores que vão nos moldando ao longo da vida. É com o suporte de inovações como o Big Data Analytics, Inteligência Artificial e Internet das Coisas (IoT) que estamos deixando de lado a mass customization para entrar, de fato, no true individualism”, destaca Walter Longo.
 
 
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