Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
28/09/2021 às 08h00min - Atualizada em 28/09/2021 às 08h00min

A Capela da Saudade

ANTÔNIO PEREIRA
A Capela da Saudade, uma construção simples, sem relevância arquitetônica, foi construída nas terras da fazenda da Saudade, numa região conhecida como Cruz Branca.
                      
Essa fazenda resultou da divisão de terras de João Pereira da Rocha, primeiro entrante do município, parte que coube a Francisco Pereira de Resende, filho de Manoel Alves Pereira e Genoveva Pereira de Resende, e neto do João e da Genoveva Alves de Resende. Francisco era um dos onze filhos do Manoel. Casou-se com Genoveva Pereira dos Santos e com ela teve também onze filhos. O proprietário seguinte foi seu filho José Resende dos Santos que a passou para seu filho João Resende dos Santos. E assim a propriedade veio até os dias atuais sem sair da família. (Obs: todas as senhoras citadas se chamavam realmente Genoveva)
                      
A primeira sede era de madeira rebocada e o piso de terra batida, tinha um paiol subterrâneo, um engenho de pau, um moinho e um socador de trapizonga.
                      
Francisco, já idoso, e seus filhos prometeram construir uma capela e um cruzeiro. Dizem que o motivo foi afastar uma assombração que fazia um monjolo funcionar à noite sem ninguém que o acionasse. Dizem também que foi cumprimento de voto para a cura de um parente. Há ainda uma terceira versão que um membro da família fez o voto e faleceu antes de cumpri-lo e a família cuidou de cumprir por ele.
                      
O cruzeiro foi erguido no dia 3 de maio de 1899, dia de Santa Cruz, e contou com a presença do Padre Pio. Desde então, nessa data, se reza missa, se fazem batizados e casamentos. A capela também foi construída, primeiro, era um simples barracão para abrigar as famílias que vinham para as festas do cruzeiro. Depois, se fez a capela que foi reconstruída em 1954. Na década de 1991, o cruzeiro deteriorado foi substituído por um de cimento. A cruz original foi enterrada no adro da capela.
                      
Segundo registro da Secretaria Municipal de Cultura, “os símbolos do cruzeiro são: o galo de São Pedro, que representa a luz da aurora, a luta e a vitória de Cristo ressuscitado, vitória da qual participava São Pedro mártir, a escada simbolizando o descimento do corpo de Cristo da cruz, os instrumentos do martírio, o martelo e duas lanças, o cálice da amargura oferecido a Jesus por um anjo no horto das Oliveiras, o véu de Verônica que representa o pano com que ela enxugou o rosto de Jesus na subida do Calvário, a coroa, símbolo da soberania (...) e uma placa com a inscrição INRI (Jesus Nazareno Rei dos Judeus).”
                      
Ainda em 2014 foi feita nova reforma na capela com a troca do telhado, do forro e a pintura do prédio.
                      
As festas que ocorrem na Capela são a de Santa Cruz, em maio, todos os anos, a procissão e a cavalgada. Celebra-se uma missa por mês.
                      
“A festa da Capela da Saudade cria um momento especial no cotidiano da população rural, revelando-se como um espaço vivo, constituído pela convivência de várias gerações das famílias das fazendas próximas, que demonstraram grande interesse no tombamento do bem.” (Secretaria Municipal de Cultura).
                      
O processo de tombamento durou dois anos, de 2015 a 2017.


Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
Tags »
Leia Também »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90