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25/09/2021 às 10h00min - Atualizada em 25/09/2021 às 10h00min

O sorriso de Mateus

Foto: Arquivo Pessoal
Para quem sabe fazer bom uso, o Instagram pode ser uma ferramenta de encontros com pessoas que edificam as nossas vidas de maneira inexplicável.
 
Em 2019, encontrei o perfil de uma psicóloga excepcional que, logo, se tornou uma referência para mim. A Dra. Rebecca Athayde me conquistou, primeiramente, com vídeos nos quais analisava um dos meus livros preferidos, do autor Jordan Peterson.  A partir de então, descobri os seus textos preciosíssimos, lições narradas com alma. Ela se derrama em cada palavra, consegue usar o seu cotidiano, a sua vida acontecendo, para nos convocar a belíssimas reflexões. São confrontos amorosos que nos convidam a uma verdadeira transformação.
 
No final daquele mesmo ano, participei de um curso para Psicólogos clínicos em São Paulo. Tive a honra de conhecer pessoalmente a Rebecca, mamãe da falante e engraçada Cecília e do Luquinhas, que estava em gestação. Sua generosidade me acolheu e me abraçou. Que presença! Que mulher!
 
No final de 2020, uma notícia que muito nos alegrou: estava, agora, gestando o Mateus! Pesquisando o significado deste nome, descobri que deriva do hebraico Matityahu, que significa "presente de Javé". Não podia ser diferente, à Rebecca e Ronaldo, lhes foi confiado uma oferta do próprio Deus!
 
Ainda na gestação, descobriram que o presentinho veio embrulhado de uma forma especial. Os exames apontaram uma cardiopatia, hipoplasia do coração esquerdo, a mais grave que existe. Rebecca disse que “desde a barriga, a vida dele foi um desafio”. Chegaram a ouvir de médicos que eles eram muito novos para terem mais filhos e que esse ‘tipo’ de criança dava muito trabalho. Mas, para eles, era inconcebível rejeitar o presente que o Senhor lhes havia enviado.
 
Começaram a buscar soluções e, em São Paulo, encontraram um lugar que oferecia tratamento efetivo para esta condição. O bebê teria que passar por três etapas de cirurgia após seu nascimento. Dia 31/03/2021, o nosso presentinho, Mateus, chegou! Já em suas primeiras 24 horas de vida foi realizado o primeiro dos três estágios. Com 48 horas, ele precisou passar por outra intervenção e, antes de receber alta, ainda foi preciso um cateterismo. Foram 47 dias de hospital, 30 deles na UTI.
 
O nosso guerreirinho lutou, venceu e conseguiu, finalmente, ir para a casa. Foi recebido com festa e nós, ainda que apenas como espectadores, também comemoramos. Que alegria poder acompanhá-lo, vê-lo crescer e rir com seus risos. Que bebê risonho! É possível enxergar em seus olhos o sorriso. Bem dizem que os olhos são a janela da alma. Mateus é uma alma que sorri!
 
Tentei me colocar no lugar de Rebecca algumas vezes. Pensava em quantas lágrimas eu teceria em meu travesseiro ao ser visitada pela angústia de saber que logo travaria nova batalha pela vida do meu filho. Mas, ao abrir o insta diariamente, me surpreendo com a forma como ela extrai da dor o entendimento de Eternidade e não abdica do cumprimento de sua missão: se doar. Essa mãe, ainda que em meio ao sofrimento, está sempre nos servindo com seus ensinamentos, nos inspirando, nos acalentando e nos fortalecendo.
 
E, pensando em sua força, lembrei do sorriso do Mateus. É como se fosse a surpresinha que vem escondida no presente, a carta bônus, o bilhete dourado! O sorriso do Mateus é o revigoro, é a esperança, é a janela que mostra a Eternidade, justamente, porque a sua alma abriga o céu. O Mateus quando sorri, revela o próprio Deus. E, diante dessa expressão Divina, a dor encontra consolo, a desesperança encontra vida e a angústia encontra paz.
 
Na segunda-feira, Mateus, agora com 5 meses, passou pela segunda etapa cirúrgica. Ocorreram algumas complicações e, nas redes sociais, há uma grande mobilização em favor de sua vida.
 
Muitas pessoas foram e estão sendo resgatadas pelo sorriso de Mateus.
Você não conheceu essa história por um acaso.
 
São 1:50h da manhã e estou aqui pensando: Quantas vidas deixaram de contemplar a eternidade porque eu me privei de sorrir?


Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
 
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