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04/06/2021 às 21h50min - Atualizada em 04/06/2021 às 21h50min

Um texto mal-humorado

TÚLIO MENDHES
Você certamente conhece alguém que parece estar sempre de mal com a vida. Alguém que está mal humorado o tempo todo? Talvez um colega de trabalho, a sogra, a vizinha rabugenta. Enfim, aquela pessoa mais azeda que tamarindo. Afinal, mesmo boas às noticias são recebidas de forma negativa e nada parece deixa-la feliz.

Pois bem, “o pai dos burros” – no caso meu padrasto, diz que essa pessoa é mal-humorada. Ou seja, um adjetivo composto que classifica quem está de mau humor ou tem habitualmente má disposição. Uma dica é sempre que quisermos referir a má disposição de alguém devemos utilizar as palavras mau humor, que são sinônimas de irritação, neurastenia, nervosismo, agastamento, zanga, ranzinzice, aborrecimento, entre outras.

Bom, depois de compartilhar um pouco de sabedoria, vamos ao contexto desse texto de hoje. Enfim, não faz essa cara, porque eu sei que você me entendeu! Então “simbora”.

Você sabia que irritação e pessimismo constantes é uma doença e merecem tratamento? Agora atire a primeira pedra quem nunca criticou uma pessoa mal-humorada. Por exemplo, colocar apelidos, ficar chamando de ranzinza, de mal com a vida, cara amarrada... Enfim esses são só alguns dos apelidos nada carinhosos usados para classificá-la. A verdade é que poucos sabem que essa condição tem tratamento.

Eu, Túlio o lindo... geralmente acordo de mal humor. As duas primeiras horas depois de despertar são cruciais pra eu evoluir meu humor. Nesse meio tempo leio as principais notícias aqui no Diário, acesso meus emails, se eu alguém falar comigo geralmente respondo monossilabicamente enquanto medito e aprecio as notas do meu café com sua estonteante cor negra bordada com os tons quentes vindo do raio de sol que sai da janela refletindo no copo. Feito isso... estou pronto pra encarar as próximas 24h com leveza e bom humor.

Entretanto, se nosso mau humor for permanente, estamos falando sobre uma doença chamada distimia. Mas o que é essa distimia? Bom, reconhecida pela medicina nos anos 1980, a distimia pode ser um problema isolado, um tipo de depressão crônica leve, ou algum transtorno de personalidade, é uma doença causada por mau humor crônico e influencia não só as nossas vidas como também das pessoas que convivem com a gente.

E se esse for o seu caso, não fique sem procurar ajuda, pois esse comportamento tende fazer com que você se isole cada vez mais. Rebato na tecla que essa doença não deve e nem pode ser subestimada.

Pois a distimia faz que a pessoa continue tocando a vida, mas sempre reclamando. Por exemplo, só enxerga o lado derrotista de tudo e não sente prazer em nada. Vive em constante lamentação, inclusive se ganhar na loteria. Não fica feliz, porque começa a pensar em efeitos negativos, como ser alvo de assaltos e sequestros etc.

Geralmente quem tem distimia tende ser amargos, de difícil relacionamento, com baixa autoestima e elevado senso de autocrítica. Reclamam de tudo, são agressivos. A irritabilidade com tudo e todos e a impaciência são sintomas frequentes que incomodam eles mesmos. Também são altamente estressados, contaminando todos ao seu redor e gerando prejuízos pessoais e familiares importantes. Sem contar que a capacidade produtiva fica afetada, tanto quanto como a agilidade mental. Na maioria dos casos a pessoa com distimia passa anos doente antes de perceber que precisa de ajuda. E quando percebe, já desenvolveu um quadro grave de depressão.

É supernatural que o nosso humor varie normalmente ao longo dos dias. Todos nós temos momentos de tristeza, irritação e frustração. Mas o ser humano não consegue lidar com tantos sentimentos ruins durante tanto tempo. E é aí que a doença chega, quase com os mesmos sintomas da depressão comum, porém em menor intensidade:

Alteração de apetite (para mais ou menos), no sono (para mais ou menos), cansaço em excesso, baixa autoestima constante, pessimismo permanente, dificuldade de se concentrar, irritabilidade, sentimento de culpa.

A Distimia é uma doença que pode ser tratada e superada, mas é necessário acompanhamento profissional. Em muitos casos, é necessário buscar tratamento especializado. Apesar de não parecer doente, é preciso procurar um Psiquiatra para ser diagnosticado corretamente. Pode ser necessário também tomar medicação antidepressiva. Mas o tratamento só funciona se o paciente fizer terapia. É na terapia que se aprende a mudar a forma de pensar e de ver o mundo.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

 
 
 
 
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