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28/05/2021 às 19h34min - Atualizada em 28/05/2021 às 19h34min

Acumulador compulsivo ou colecionador?

KELLY BASTOS (DUDI)
Foto: Pexels
Bom dia!
 
Você, eu, nós, com certeza, todos conhecemos ou já tivemos conhecimento de alguém que ama acumular coisas, de forma desordenada e sem equilíbrio algum. Acumular uma série de objetos dentro de casa não é uma prática tão incomum assim e pode fazer parte da rotina de muita gente. Entretanto, o hábito pode se tornar um problema de verdade - exigindo atenção e a intervenção de especialistas, por caracterizar um distúrbio mental.
 
Essas casos extremos são enquadrados na acumulação compulsiva, que se manifesta pelo acúmulo de objetos que, na maioria das vezes, não têm mais utilidade - seja pelo estado (estragado ou deteriorado) ou por estarem simplesmente obsoletos. Um acumulador não consegue se desfazer desses materiais, geralmente, por acreditar que pode precisar deles um dia.
 
A psicóloga Eliana Alves Pereira, nossa consultora, explica que esse quadro é considerado, de fato, como uma doença e entrou em 2013 no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, como transtorno de acumulação compulsiva.

Além de objetos variados, o distúrbio pode envolver também uma concentração desmedida de animais, sem que a pessoa perceba os prejuízos que isso traz tanto para ela quanto para os bichos. Eventualmente, também podem ser identificadas várias unidades do mesmo item, de forma que o ambiente fique, muitas vezes, abarrotado de coisas.
 
ACUMULADOR COMPULSIVO OU COLECIONADOR?        
Ao tratar do assunto, é importante diferenciar o comportamento de um acumulador compulsivo e o de um colecionador (que tem vários modelos de um mesmo objeto). A diferença mais evidente é que o acumulador esconde seus objetos e não os organiza ou higieniza com frequência - diferentemente do colecionador, que faz o contrário.

Além disso, um acumulador costuma não ter prazer em mostrar esses objetos "não funcionais" que adquire e dos quais não consegue abrir mão. Um colecionador, por outro lado, usualmente conhece, classifica e se orgulha de apresentar esses itens ao mundo.

Por se tratar de uma doença, o transtorno de acumulação pode trazer inúmeros prejuízos à pessoa. De acordo com a psicóloga, “O primeiro deles é a ocupação de boa parte do espaço onde o acumulador reside, de forma desorganizada”.

“Isso acaba tornando a limpeza e a manutenção do espaço difícil ou mesmo impossível, trazendo acúmulo de sujidade e, por consequência, de microrganismos nocivos e insetos. Dessa forma, causa também problemas de saúde para os que ali habitam”.

“Outro ponto é que, muitas vezes, o distúrbio de acumulação compulsiva pode também agravar o estado de saúde mental da pessoa, podendo desencadear um quadro de ansiedade e até mesmo uma depressão. Por isso, é importante diagnosticar o transtorno o quanto antes”, enfatiza a profissional.
 
Continuando, a psicóloga diz que “Existem algumas formas de identificar os sinais da acumulação compulsiva. Geralmente, indivíduos que sofrem desse quadro tendem a passar por sofrimentos pessoais e se isolam socialmente. A resistência aos conselhos para se desfazer daquilo que se acumula é, principalmente, o que leva as famílias ou amigos a procurarem ajuda profissional para realizar uma intervenção na vida da pessoa. As más condições de higiene também são um alerta para a condição. No caso de acúmulo de animais, muitas vezes, é possível notar a precariedade das instalações - com sujeira excessiva, mau cheiro e, inclusive, alguns bichos mortos no espaço”.

Finalizando, Eliana Alves Pereira diz: “Uma das técnicas mais aplicadas no tratamento da acumulação compulsiva é a terapia cognitiva comportamental. Além dela, também pode ser necessária a administração de medicamentos, em virtude de uma possível associação a outra questão psiquiátrica, como ansiedade e depressão”.

Bom fim e boa semana


Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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