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28/04/2021 às 10h28min - Atualizada em 28/04/2021 às 10h28min

As redes sociais e o impacto no isolamento durante a pandemia

ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA
A pandemia do novo coronavírus levou muita gente a se isolar, mas o isolamento pode nos levar a uma mudança no relacionamento social. Cada um reage de uma maneira às situações limites, em geral, as pessoas apresentam medo, confusão, ansiedade, distúrbios do sono etc. Entretanto, aqueles que tiveram contato próximo com potenciais infectados apresentam também nervosismo, tristeza e culpa.

Como as pessoas se sentem durante o isolamento? - A situação de quarentena é desagradável por diversos motivos: sentimos falta de estar com pessoas queridas, somos privados da nossa liberdade de ir e vir, ficamos preocupados com o contágio da doença e com o tempo que a situação levará para voltar normalidade.

Para alguns povos o isolamento pode apresentar uma experiência desconfortável mais que para outros. O momento nos leva a mudar os olhares e rever valores.  "Nós, latinos, temos uma dificuldade muito grande de aceitar essa situação de isolamento físico. A gente gosta de aglomeração, da família fazendo barulho. Curiosamente, acho que é entre as pessoas que praticam aglomeração que sente solidão. É nas situações críticas que a gente começa a mudar o olhar", É o que afirma Amyr Klink, navegador e escritor, com longa experiência de períodos isolados em alto-mar.

Para conter o avanço do novo coronavírus, vários governos decretaram medidas de restrição de movimento a seus cidadãos, a fim de se prevenirem contra a disseminação da doença. Aulas foram suspensas, ambientes públicos e de grande circulação de pessoas foram fechados, a orientação é de que todos os que puderem, devem permanecer em suas casas. Sobre os impactos emocionais do período de quarentena, as possíveis consequências desse isolamento social na saúde mental da população e sobre como superar o momento.

Embora o termo quarentena seja sugestivo, quarentena não se refere exatamente a um intervalo de 40 dias e pode ser definido como um período de separação e restrição do movimento de pessoas para reduzir o risco de exposição e contágio de uma doença.

Os fatores de estresse durante um período de quarentena, primeiro é a duração da quarentena, quanto maior o tempo de isolamento, maior a frequência de sintomas de estresse. A ruptura na rotina e a falta de contato social e físico levam à sensação de frustração, pois não se pode viver o dia a dia normalmente. Outro fator que promove o estresse é a pouca ou insuficiente informação vinda de órgãos de saúde pública, visto que a população busca um direcionamento sobre o que fazer, a respeito da gravidade e dos riscos da doença.

A perda financeira associada à impossibilidade de trabalhar é sem dúvida um dos fatores de estresse após o período da quarentena e ao impacto socioeconômico do período de reclusão e são as maiores preocupações que afetam a saúde mental das pessoas. Isto pode apontar um aumento de pessoas com sintomas pós-traumáticos e depressão.

Criar uma rotina, para amenizar as consequências do isolamento realizando atividades que sejam prazerosas e permanecendo em constante comunicação com pessoas queridas por meios digitais. Buscar informações vindas dos órgãos de saúde é fundamental para a conscientização e pensamento altruísta, já que a quarentena é uma forma de manter a salvo toda a sociedade.

Dizer às pessoas o que elas devem fazer e a razão do isolamento para preservar a saúde mental da população, promovendo atividades significativas, prover comunicação clara sem o viés político ideológico, garantindo que suprimentos de necessidades básicas estejam disponíveis e reforçando o senso de altruísmo são fundamentais nesse momento.

Para o "day after", contar com ações do poder público visando minimizar o impacto socioeconômico e prover cuidados em saúde mental para a população em geral e, principalmente, para os profissionais de saúde é fundamental. A situação de quarentena é diferente para esse grupo, que estão na linha de frente no combate à pandemia. Logo após a quarentena, esses profissionais por terem entrado em contato com o agente infeccioso, apresentam sintomas de estresse agudo, exaustão, ansiedade em lidar com pacientes, insônia e prejuízo na concentração. Alguns desses sintomas continuam se apresentando por vários anos após o período da quarentena. Vale ressaltar que esses profissionais precisam receber apoio permanente do poder público e da sociedade para que possam seguir com suas vidas profissionais e pessoais.

Vamos refletir:... As redes sociais podem ser úteis para reduzir a solidão indesejada?

Intervenções baseadas em plataformas sociais virtuais podem ser uma oportunidade para conectar e superar barreiras de comunicação. Elas também podem reduzir o isolamento e a solidão indesejada que alguns indivíduos sofrem. Este é o caso dos idosos que vivem sozinhos em suas casas e têm apoio limitado. Alguns estudos afirmam que o contato através de redes sociais virtuais parece não estar diminuindo o contato face a face, mas reforçando-o.

A eficácia de programas baseados em tecnologias digitais para reduzir o isolamento social em pessoas idosas visava fortalecer os laços sociais preexistentes e aumenta as oportunidades de intercâmbio social.

Estar sozinho não implica necessariamente num sentimento negativo e às vezes pode ser necessário ou benéfico. Por outro lado solidão desejada estimula nossa capacidade de nos conhecer, refletir sobre nosso modo de pensar, sentir e agir. A criatividade também emerge através da solidão desejada. É, em suma, um motor para o crescimento pessoal.

Pensando estrategicamente, ... O uso excessivo ou inadequado de redes sociais está relacionado à solidão indesejada, mas não é a principal causa disso. Outros aspectos, como o individualismo, o anonimato das grandes cidades ou a tendência a viver em lares com uma única pessoa, podem contribuir para uma maior solidão indesejada.

As plataformas digitais podem funcionar como ferramentas eficazes para o intercâmbio social construtivo, mas também podem tornar mais difícil encontrar momentos para estar realmente sozinhos. Limitar o tempo de uso e priorizar a interação face a face com a conexão virtual pode levar a uma melhora significativa no bem-estar, diminuindo o impacto do isolamento nas relações sociais.
 



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