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17/04/2021 às 09h42min - Atualizada em 17/04/2021 às 09h42min

O fantástico mundo das vacinas

JOÃO LUCAS O'OCONNELL
A vacinação é uma forma simples, segura e eficaz de proteger as pessoas contra doenças nocivas, antes que entrem em contato com elas. As vacinas estimulam o nosso sistema imunológico, ensinando as células do nosso sistema de defesa a reconhecer determinados vírus ou bactérias como nocivos e a neutralizá-los através de anticorpos (proteínas que inativam os agentes agressores) para construir uma resistência competente contra infecções específicas. Assim, basicamente, as vacinas estimulam o seu organismo a se tornar mais resistente contra microorganismos invasores, tornando o seu sistema imunológico mais forte.

O corpo humano é fascinante! No decorrer dos últimos milhares de anos, a fim de garantir a sobrevivência do corpo (e da espécie), o nosso sistema imunológico aprendeu a atacar os microorganismos nocivos que invadem nossas células e tecidos. Nosso sistema de defesa sabe reconhecer um agente invasor e consegue estimular a produção imediata de células de defesa que atacam o invasor e também a produção de toxinas e anticorpos que também vão neutralizar o agente. Isto permite com que sobrevivamos à maioria das infecções virais, bacterianas, fúngicas e agressões por vermes e parasitas que adquirimos ao longo da vida. É bem verdade que, muitas vezes, precisamos da ajuda de uma medicação antiviral ou antibacteriana que seja capaz de ajudar a frear a replicação do invasor ou a ajudar a destrui-lo, facilitando o vencer da batalha pelo sistema de defesa. Outra dura realidade é saber que, muitas vezes, a ativação do sistema de defesa ou é ineficaz ou é muito demorado, o que acaba permitindo a destruição maciça de células e tecidos pelo agressor e a consequente vitória do invasor...

A descoberta deste fascinante mecanismo natural de ativação do sistema de defesa para destruir os invasores estimulou os cientistas (ao longo das últimas décadas) a tentar desenvolver uma maneira de estimular o sistema imunológico humano a se antecipar a uma série de agentes agressores. Ou seja, se sabemos que ao entrar em contato com um agressor, o organismo consegue reconhecer esta invasão e ativar mecanismos para conter a sua replicação e a sua agressão, por que não tentar desenvolver uma maneira de ativar o sistema de defesa antes do contato com este agressor.

Assim, ao longo das últimas dezenas de anos, os cientistas conseguiram desenvolver meios de treinar o nosso sistema imunológico para criar anticorpos, antes de entrar em contato com determinados patógenos, causadores de uma série de doenças. Mas, fazer isso sem o risco de induzir ao surgimento da doença é que sempre é um grande desafio. Portanto, para que uma vacina seja eficaz e também segura, ela tem que ser capaz de estimular o organismo a produzir uma resposta de defesa sem, no entanto, causar a doença. A maneira mais utilizada para este fim é a aplicação de vacinas que contenham apenas formas mortas ou enfraquecidas de germes, como vírus ou bactérias. Estes microorganismos inativados, enfraquecidos ou, simplesmente, uma parte do invasor que é administrada acaba estimulando o rápido reconhecimento da invasão e uma resposta de contra-ataque eficiente, através da produção de células de defesa especializadas (que conseguem reconhecer e lutar contra o invasor) e da produção de substâncias que conseguem ajudar a neutralizar o invasor. Lembrando que isto tudo tem que ser feito sem o risco de complicações, como, por exemplo, o desenvolvimento da própria doença.
  Os objetivos principais das vacinas são, portanto, estimular o reconhecimento o germe invasor (como um determinado vírus ou bactéria); estimular o organismo a produzir células especializadas de defesa e anticorpos contra o invasor, permitindo que o seu organismo reconheça a invasão e estimule a formação dos principais mecanismos de defesa; e, ainda, treinar o seu organismo para que, em caso de exposição ao germe no futuro, seu sistema imunológico possa destruí-lo rapidamente, antes que você adoeça... Assim, uma vez expostos a uma ou mais doses de uma vacina, normalmente permanecemos protegidos contra uma doença por anos, décadas ou mesmo por toda a vida. 
A maioria das vacinas é administrada por injeção (intramuscular ou subcutânea), mas algumas são administradas por via oral, inaladas ou pulverizadas no nariz. Hoje, existem vacinas disponíveis para proteger contra pelo menos 20 doenças, como difteria, tétano, coqueluche, gripe, sarampo, pneumonia, meningite, vírus relacionados ao desenvolvimento de câncer de colo de útero e outras. Juntas, essas vacinas salvam a vida de até 3 milhões de pessoas todos os anos.
  É importante lembrar também que, em se tratando de doenças facilmente transmissíveis, quando somos vacinados, não estamos apenas protegendo a nós mesmos, mas também aqueles ao nosso redor. Pois, se o meu sistema imunológico fica apto a reconhecer rapidamente um invasor e eliminá-lo, eu consigo evitar que eu mantenha o circuito de transmissão do agressor, uma vez que o meu organismo vai destruí-lo antes que eu consiga transmitir o patógeno a outras pessoas. 
  É isso que torna as vacinas tão eficazes. Em vez de tratar uma doença depois que ela ocorre, as vacinas nos previnem, em primeira instância, de ficarmos doentes.
  As vacinas funcionam treinando e preparando as defesas naturais do corpo - o sistema imunológico - para reconhecer e combater vírus e bactérias. Se o corpo for exposto a esses patógenos causadores de doenças mais tarde, ele estará pronto para destruí-los rapidamente - o que evita o desenvolvimento de várias doenças.
  Nas próximas colunas, falaremos um pouco mais sobre o processo do desenvolvimento de vacinas, sobre as vacinas já desenvolvidas para combater a COVID e sobre as dificuldades inerentes ao desenvolvimento e distribuição das vacinas. 
     
 
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