JACQUELINE MACOU POR PIXABAY Dia desses, postei alguns memes no status do meu WhatsApp que denunciavam de forma divertida e irônica acontecimentos políticos (patéticos) atuais. Em questão de minutos os patrulheiros de plantão me chamaram no privado para reprimir e questionar meu posicionamento irônico e de humor ácido. Não vou nem comentar aqui sobre a liberdade da qual tenho legítimo direito de usufruir, pois se trata de um espaço que é meu, utilizado sem invadir e prejudicar a vida de ninguém!
Bom, o fato é que o ocorrido me fez levantar algumas indagações: "Quando foi que perdemos a capacidade de rir de tolices? Quando foi que nos apossamos de uma pompa ensoberbada, nos atribuindo o direito de regular o que o outro deve considerar ou não ser humor? Quando foi que perdemos a aptidão de fazer uma leitura sensata da realidade utilizando coerentemente nosso juízo de valor e julgamento?"
As respostas para essas perguntas são claras!
Foi exatamente quando deixamos de apreciar a importância de se desenvolver a inteligência. Foi quando a pobreza da nossa linguagem, da nossa cultura e falta de desejo por ascensão intelectual, física e espiritual, limitou a expansão do nosso imaginário, que é responsável por alargar o nosso intelecto e, por consequência, a nossa habilidade de mensurar e dar real proporção aos fatos e situações.
Somos analfabetos funcionais, carrancudos, sisudos e prepotentes. E esse, é um dos motivos por não sabemos lidar com as intercorrências e inconveniências da vida. Não suportamos o sofrer, a dor, a perda, a solidão, a derrota e o peso da VERDADE (ainda mais, quando dita pelo outro!).
É incontestável que o bom humor nos salva dessa miséria! Inclusive, ele é uma ferramenta interventiva da psicologia clínica.
Viktor Frankl, o fundador da Logoterapia, foi um neuropsiquiatra austríaco que, durante a segunda Guerra, foi preso, passando por 4 campos de concentração, um deles o campo de Auschwitz. E, mesmo em meio a tanto sofrimento, se apoiou na prática do bom humor como uma forma de salvação. Dizia ele que “o humor constitui uma arma da alma na luta por sua autopreservação” e que “a vontade de humor — a tentativa de enxergar as coisas numa perspectiva engraçada — constitui um truque útil para a arte de viver”.
Ele chegou a fazer um acordo com um companheiro no campo: todos os dias, cada um deles deveria inventar, pelo menos, uma piada. E, dessa forma, Frankl colocou em prática a estratégia do humor para conseguir manter a vida em seu interior e permanecer emocionalmente estável durante os anos que passou nos campos de concentração. “Eu nunca teria conseguido suportar se não conseguisse rir."
Aquele que sabe rir, usar de ironia inteligente, alegrar o dia do outro com um sorriso e tenta sempre usar de uma pitada de humor nos diversos contextos, consegue amar, ter prazer e força em suas circunstâncias. Encara a vida com mais leveza e enxerga diferentes possibilidades nas situações com mais criatividade.
Quem me conhece sabe, (e sabe mesmo!), que nunca permiti que sofrimento algum tirasse do meu rosto o sorriso largo, da minha alma a gargalhada alta e escancarada e do coração a piada boba retirada do contexto, sempre em tempo!
Foi isso que sempre me salvou da seriedade do momento, da pessoa inoportuna e do peso do sofrimento.
Ria mais de você! Ria mais dos seus problemas! Se permita fazer papel de bobo por mais vezes e seja mais engraçado para os outros quando puder! Você não imagina o quanto um sorriso carrega de esperança.
Seja aquele que vai ser lembrado por todos por ser contagiante e bem-humorado, ao invés do rabugento reclamão!
Quem foi que disse que a inteligência se veste de forma impecável, usa óculos e se penteia com gel? Não se esqueça de que as melhores e mais espirituosas piadas são escritas por inteligentes travestidos de palhaços!
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