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18/02/2021 às 08h00min - Atualizada em 18/02/2021 às 08h00min

Golpe parlamentar, midiático, judiciário, militar e a ditadura

CLÁUDIO DI MAURO

A semana que passou trouxe fatos históricos muito relevantes para entendermos o que está acontecendo no Brasil.

Se confirmar o diálogo gravado do então senador Romero Jucá com seus aliados, mostrará que a retirada da Presidenta Dilma deveria acontecer com participação de todos: dos congressistas, do vice presidente Michel Temer, do Judiciário, do STF....com tudo.

Em meio a uma crise política, a Presidenta Dilma foi impedida de nomear o ex-Presidente Lula para a Casa Civil. Agora, sabemos os motivos, o Alto Comando das Forças Armadas, lideradas pelo General Villas Boas, pressionou o STF, impedindo a posse de Lula.
E foi assim, tiraram Dilma da Presidência e deram posse para Temer. Mesmo sem comprovação de crimes conseguiram destituir a Presidenta Dilma! Aqui, foi decisiva a participação do Congresso Nacional e a falta de atuação, por omissão, do Supremo Tribunal Federal!

A prisão do ex-presidente Lula se deu com absoluto descumprimento da Constituição, que só permite prisão com os processos tramitados em julgado. Prenderam Lula e o deixaram em cárcere de Curitiba (PR) por mais de 500 dias. Assim, o Judiciário, desde Curitiba, com o lavajatismo, e, mais uma vez, com a ausência presente do STF, mostra-se, inclusive com a participação do Juiz Sérgio Moro e do Ministério Público para consolidar o golpe contra a Constituição Federal.

Agora, confirma-se a participação ilegal entre o Juiz das Ações e os acusadores contra Lula, instalados na operação Lava Jato, de Curitiba. Os lavajatistas e Sérgio Moro combinavam as providências que seriam tomadas para culpabilizar e condenar Lula. A desfaçatez chegou ao ponto de uma procuradora dizer que desejava acertar na cabeça de Lula. O chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, dizendo que tinha orgasmo com a condenação de Lula, mostra como se comportou o Ministério Público, com seus Procuradores, na prévia condenação de Lula. Sergio Moro chegou a insistir para apresentarem a denúncia, que ele condenaria. Condenação prévia e contando com o STF ao dizer “In Fux we trust”.

A mídia e a grande imprensa sempre atuaram em favor do golpe, da Lava Jato, e dando voz, com imagens, aos que defendiam tais posições. Mais uma vez, o que se viu foi a conivência e a adesão desses setores das comunicações aos interesses ditatoriais. Não é a primeira vez.

Assim, tivemos a sequência, com a derrubada do governo Dilma, a prisão e impedimento de Lula e o verdadeiro golpe para eleger Bolsonaro Presidente da República. Agora, com a declarações contidas nas conversas dos membros da Lava Jato com o Juiz que julgou o caso do Triplex do Guarujá, combinando previamente a condenação, fica escancarado o desenho do golpe, do começo até o fim.

Na comemoração feita por Dallagnol com a prisão do ex-presidente Lula, o chefe da Lava Jato atribuiu o feito a um presente da CIA, dos Estados Unidos, na nítida exposição de que a operação por ele chefiada tinha o condão dos interesses dos Estados Unidos. A Justiça brasileira a serviço dos interesses do capital estrangeiro! Ou o STF não entendeu o que estava acontecendo no Brasil? Se não entendeu, está na hora de rever seus atos e julgamentos.

O livro publicado pelo General Villas Boas, em que assume a participação do Alto Comando das Forças Armadas para impedir que Lula ficasse livre, foi decididamente contundente. Lula ficou sem condições de se defender e demonstrar que as acusações não eram justas e que seu julgamento se constituiu em uma fraude judicial. Lula não pôde participar das eleições presidenciais e ficou demonstrado que todos os níveis e as instâncias de poder do País estavam articulados para impor seus desejos, independente do que pensasse a população brasileira, custando o que custasse. Ainda que isso representasse a implantação da ditadura, sem liberdade para o voto popular na escolha de seu principal mandatário, assim se posicionaram o Legislativo, o Judiciário, o Ministério Público e as Forças Armadas.

Neste momento, há uma descomunal agressão contra as instituições promovida pelo, agora, preso, Deputado Federal Daniel Silveira, do PSL do Rio de Janeiro. O ataque que ele fez às instituições eleva o nível das argumentações na direção da implantação definitiva da ditadura, com fortalecimento de golpe. Esse deputado tem que ser mantido em prisão, perder seu mandato e ser punido por crime contra a soberania do País. Não há como ignorar o crescimento dos ataques às instituições, objetivando a implantação da ditadura. Se o Parlamento brasileiro aprovar a manifestação desse deputado miliciano, estará decretando sua falência total.

A democracia, no sentido liberal, tem como sua principal prerrogativa a presença e participação da população na escolha livre de seus representantes e dirigentes. Nem isso foi propiciado aos eleitores brasileiros. Todo o processo foi maculado, desde a aplicação do golpe que depôs a Presidenta Dilma, ao impedimento de concorrer do ex-Presidente Lula. Tudo foi forjado para que o capitão Bolsonaro fosse eleito e, hoje, garantisse a existência de cerca de 13 mil militares em seu governo. Fazendo as vergonhosas gestões exemplificadas por pelo ministro Eduardo Pazzuello no Ministério da Saúde.

E, agora, o que os golpistas farão com esse senhor capitão que preside o Brasil? Para tais setores golpistas, o que interessa é a política na perspectiva capitalista, liderada por Paulo Guedes à frente da economia brasileira. Até que profundidade serão capazes de enterrar a dignidade e a soberania do Brasil?


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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