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21/01/2021 às 08h00min - Atualizada em 21/01/2021 às 08h00min

Fórum Social Mundial terá início dia 23

CLÁUDIO DI MAURO

O Encontro Mundial que recebeu o nome de Fórum Social Mundial – FSM, aconteceu pela primeira vez em 25 de janeiro de 2001, na cidade de Porto Alegre (RS). Como Prefeito do município de Rio Claro, SP tive oportunidade de participar desde aqueles momentos. Os temas que foram delimitados para discussão naquela oportunidade foram:

- A produção de riquezas e a reprodução social;
- O acesso às riquezas e à sustentabilidade;
- A afirmação da sociedade civil e dos espaços públicos; e,
- Poder político e ética na nova sociedade.

Esse se constituiu no espaço para troca de experiências entre os diversos movimentos sociais e dedicados a promoção da articulação entre pessoas, movimentos e instituições que se opõem ao neoliberalismo. A carta de princípios elaborada no FSM de Porto Alegre, evento de extensão mundial, ressaltou com convicção que “um outro mundo é possível”, como forma de expressar a compreensão de que a Globalização como se dava deveria ser revertida.  Assim estava nascendo o contraponto ao Fórum Econômico Mundial, que acontece em Davos, na Suíça, no mês de janeiro.

Em sua continua realização, no ano de 2006 o FSM aconteceu em três cidades ao mesmo tempo: Bamakp, no Mali; Caracas, Venezuela, e Karachi, no Paquistão. Retornando para o Brasil, em 2009 a cidade que recebeu o FSM foi Belém do Pará.

Em suas realizações na capital gaúcha, o FSM contava com apoio institucional da Prefeitura, do Governo do Estado com Tarso Genro e com Raul Pont. Com isso as condições de realização, embora lideradas pelos Movimentos Populares tinham maior apoio e retaguarda governamental. Naqueles momentos os gaúchos tinham o espectro progressistas de governos populares.

Ao sair do Brasil e sem contar com os apoios semelhantes, houve uma desagregação desses Encontros Mundiais. Agora, há enorme esforço para recomposição das condições dessas realizações. No dizer de Miguel Rossetto, chegou o momento de reabilitar e “fortalecer a solidariedade e o internacionalismo”.

Neste mês de janeiro teremos o FSM realizado, 20 anos depois da sua primeira versão. O evento acontecerá de 23 a 31 de janeiro e terá esse formato virtual devido às dificuldades impostas pela pandemia de covid-19. As inscrições poderão ser feitas por pessoas, individualmente, coletivamente e por organizações, no endereço que está aberto no Facebook. A Marcha Global será um ATIVIDADE PLANETÁRIA VIRTUAL, acontecerá no dia 25 de janeiro e você poderá participar de maneira virtual.


Haverá atividades com as principais figuras mundiais em cada temática abordada. O Brasil estará com muitas presenças importantes e debatendo os temas mais candentes da atualidade.

Entre as Mesas Redondas, há debates sobre o combate ao racismo estrutural, a homofobia e o combate aos feminicídios. Tudo isso visto na perspectiva da luta de classes. Assim como também se verifica que o avanço da extrema direita na América Latina, e no nosso caso brasileiro, clamam para que nossos povos transformem o modelo de exploração dos componentes da natureza, todos transformados em “recursos naturais”, gerando enormes lucros privados e socializando todos os impactos ambientais negativos, entre os quais o sofrimento social. As queimadas na Floresta Amazônica e no Pantanal Mato-grossense demonstram a maneira como o modelo aplicado no Brasil é altamente destrutivo.

Há uma temática de grande importância que também terá seu espaço de debates, as cidades. Nas cidades vive mais de 80% da população brasileira, os sujeitos da história, as pessoas, em grande parte estão abandonadas à sua própria sorte. O Brasil não tem demonstrado interesse em atender sua população urbana com os cuidados e de acordo com seus direitos. A situação a que tem sido levados setores subalternos durante a pandemia causada pela contaminação por coronavírus, mostra o desinteresse do capitalismo para com esses setores sociais.  Tais setores sociais são ignorados, por serem baixo consumidores. Ao sistema só interessam os que são verdadeiramente capazes de consumir. Na sociedade de consumo os consumidores também são mercadorias. E, podem ser descartados. Assim como se descarta um objeto que não será utilizado, a pessoa que não consome, conforme o interesse do sistema, deve ser subtraída da sociedade, deve ser substituída, quando possível ou simplesmente descartada.

Essa temática mereceu o interesse do BrCidades, do COLETIVO dos Atingidos pelo Coronavírus de Uberlândia, pela Revista Diálogos do Sul, e Movimento dos Trabalhadores Sem Teto MTST, gerando a proposição de uma mesa redonda que será realizada na próxima quarta-feira, dia 27, a partir das 14 horas sob o título de REVOLUÇÃO E DEMOCRACIA NAS CIDADES. A composição terá a arquiteta professora doutora Erminia Maricato; a ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina; a vereadora do Rio de Janeiro Tainá de Paula; o diretor da Revista Diálogos do Sul Paulo Cannabrava Filho; o ex-prefeito de Rio Claro Cláudio Di Mauro e o líder de MTST Rud Rafael.

A minha fala terá como base a necessidade de uma Revolução Social não burguesa que distribua riquezas naturais, produzidas e renda para que se possa ter um bom convívio nas cidades. Não haverá paz nas cidades, sem que se produza uma revolução na economia e na vida das pessoas.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

 

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