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14/01/2021 às 08h00min - Atualizada em 14/01/2021 às 08h00min

Fim da história? Fim do capitalismo? O que virá depois?

CLÁUDIO DI MAURO

A democracia no pós-guerra se sustentava na premissa de que o Estado era capaz de intervir nos mercados e corrigir seus resultados, no interesse dos cidadãos. Contudo, as décadas seguintes mostraram os crescentes níveis das desigualdades, e a impotência dos governos. Esse formato dos Estados foi levando às dúvidas sobre sua competência que era esperada.

Houve sim uma crescente desvalorização do Estado em favor da economia de mercado configurado no neoliberalismo. Assim é que a democracia em favor das igualdades passou a ser vista como um empecilho. Na visão do capitalismo, os mercados devem ser protegidos das políticas distributivas. Não é possível reduzir os ganhos do capital para fazer distribuição das riquezas. Para o neoliberalismo, isso é a base do crescimento, ou seja, é na concentração da riqueza que se dá o desenvolvimento.

Com essa concepção no capitalismo atravessamos um período no qual a concepção antidemocrática vigente se sustenta no aumento espantoso da dívida pública. Não se distribui a riqueza dos setores financeiros, não se cobra impostos compatíveis com a concentração das riquezas e, portanto, o financiamento da melhoria de vida das populações subalternas tem como único caminho o endividamento público.

O crescimento da dívida pública é atribuído aos sindicatos que são desprestigiados pelos setores patronais e às lutas distributivas de pessoas e trabalhadores que “vivem acima de suas posses” exigindo aumento de seus ganhos, para poderem gastar acima do dinheiro que não têm. Ou seja, caberia aos patrões e ao Estado prover esses necessários aumentos de ganhos para suprir tais despesas. Mas, tais gastos tidos como exagerados incluem o “bolsa família”, a “renda mínima”, dinheiro que somente atende a sobrevivência, no mais baixo nível de possibilidades e consumo. Segundo esse modelo que vivemos, são exatamente esses setores que não podem continuar ganhando “tantos benefícios” que oneram a Dívida Pública.

Com isso os sindicatos estão em baixa em todo o mundo. Nos Estados Unidos praticamente foram erradicados. Assim é que vivemos em uma “democracia” adaptada ao mercado.

Daí, surge uma indagação muito importante, será que o capitalismo está se esgotando?  Chegou ao seu limite de exploração dos trabalhadores para manter o enriquecimento dos ricos?

Mas, o certo é que já em muitos momentos da história da humanidade foi anunciado o final do capitalismo. Ou sejam o fim do capitalismo já foi vislumbrado muitas vezes e ele se reescreveu. Ele aparenta-se moribundo, mas encontra formulas de se manter vivo.

Poderíamos pensar que uma crise de longa duração e aparentemente é o que está ocorrendo, abra oportunidades para o surgimento de agentes reformistas e também revolucionários.

Em um país com predominância do catolicismo, cabe conhecer a “Enciclica Rerum Novarum” do Papa Leão XIII ao considerar que o capitalismo “...impõe um jugo quase servil à infinita multidão de proletários...” e conclui, que a lei de concorrência só deixa de pé “...os mais fortes, o que muitas vezes significa aqueles que lutam com maior violência, que são os menos molestados pelos escrúpulos da consciência”. Essas observações são corroboradas pelo sistema que manipula a escassez e estabelece o limiar da abundância. Nada mais atual do que a poesia de Geraldo VANDRÉ ao dizer “...pelos campos há fome em grandes plantações...”.

Assim é que em seu artigo Como vai Acabar o Capitalismo, Wolfgan Streeck considera importante que se tenha consistência, reflexão teórica e prática entre os opositores do modelo vigente.  Para ele, há que se investir na confiança, na boa fé, no altruísmo, na solidariedade no seio das famílias e das comunidades.

AFINAL, QUAL É O PROJETO QUE DESEJAMOS CONSTRUIR?

No Fórum Social Mundial, às 14 horas do dia 27 de janeiro teremos uma Mesa Redonda onde debateremos REVOLUÇÃO E DEMOCRACIA NAS CIDADES. A PARTICIPAÇÃO É GRATUITA E TODAS E TODOS SÃO CONVIDADOS.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 

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