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29/12/2020 às 08h00min - Atualizada em 29/12/2020 às 08h00min

Velhos italianos de Uberabinha

ANTÔNIO PEREIRA
Os italianos, como os portugueses e os árabes, transformaram a história econômica do município. Naquilo em que se aplicaram, foram técnicos competentes. A maioria desses imigrantes veio de Conquista, na época, distrito de Sacramento. Na cidade, eles introduziram as atividades técnicas de alta qualidade. Foram os primeiros mecânicos, fundidores, construtores, niqueladores, sapateiros, alfaiates, ferreiros etc. Aplicaram-se muito na agricultura, ali para os lados da Martinésia e do Cruzeiro dos Peixotos e são os responsáveis pelo incremento da produção do arroz de sequeiro, do abacaxi e do café. Com o árabe José Andraus Gassani, foram os primeiros a mecanizar a agricultura. Nessa região se formaram grandes famílias que, depois, se espalharam pela região. Muitos vieram para a cidade e aqui constituíram novas famílias. Eram os Malagoni, os Camin, os Segatto, os Rizza, os Zanatta, os Buiatti, os Lozi, os Biazzi, os Pazzini e outros.

Entre os construtores, o mais destacado foi Cypriano del Favero que tinha outras atividades artísticas e políticas. Foi o introdutor da organização social dos trabalhadores, criando a primeira “Liga” (sindicato). Outros construtores foram os Calábria, Zardo, Hovane, Negreto, Ramella, Boroni, Zumpano, Turbiano, Rugani, Valentim, Tomazelli, Bailloni e outros.

Na indústria, principalmente no trato com os metais e os motores, os italianos transformaram Uberabinha num centro atrativo regional de montagens, consertos, produção de peças etc. Os mais conhecidos foram os Salvatori, Mascia, Rosetto (ferrarias e serralherias), Mazzula e Vanni (destilarias), Felice, Finotti e Palazzo (alfaiatarias), Melazzo (serrarias e veículos), Schiavinatto (ladrilhos), Favatto e Tarla (mecânicos), Crosara (fundição), Testa (carpintaria, móveis), Pelizer, Tronconi, Porta, Galassi, Merolla e outros.

Foram muitos os comerciantes. Os Capparelli chegaram a ser os maiores atacadistas distribuidores de sua época (até meado dos anos 60). Outros grandes comerciantes foram Giffoni, Torrano, Savastano, Peppe, Zocolli, Margonari, Schiavinatto, Naghetini, Tibery, Mugnato e muitos outros.

Os primeiros italianos participaram da epopeia dos desbravadores dos sertões do Brasil Central com seus caminhõezinhos de quatro pneus, carregando duas toneladas e se enfiando por estradas carreiras levando o comércio atacado distribuidor de Uberabinha a lonjuras inimagináveis. Vicentini, Pafume, Valentini e ouros fizeram parte desse momento heroico do nosso comércio.
Nossos dois primeiros médicos eram italianos: Carlos Gabaglia, o primeiro, ficou apenas um ano. Foi contratado pela Câmara por seis contos e seiscentos mil réis. Foi o presidente da comissão da festa de inauguração da Mogiana. O segundo foi um santo, Rafael Rinaldi, chegou no ano em que saiu o Gabaglia e ficou até falecer.

Nos esportes, vários italianos ou descendentes atuaram nos primeiros times de futebol de Uberabinha: Tolini, Petri, Zardo, Spala, Pavan. Guedini, Quercia, Liege, Azelli, foram atletas da primeira academia criada na cidade, em 1923.

Na religião, tivemos o cônego Pedro Pezzutti (1911/19), pároco da matriz de N. S. Carmo, que escreveu a primeira história do município, de 1818 a 1922, fonte para todos os pesquisadores desde então.

Nos fins do século XIX, chegaram ao Brasil, os Pavan, e nos princípios do XX, os Scarpini. Não demorou muito pra que viessem para Uberabinha. Os Pavan eram musicais. Reuniam-se à noite à frente de casa e tocavam e cantavam velhas canções. Eram violões, bandolins, violinos e piano (esse apenas arrastado até a porta da casa). Todos os filhos do casal Rocha e Lucca/Scarpini foram músicos também. Essas famílias nos deram Cora Pavan Capparelli, um ícone musical da cidade, e Nininha Rocha, pianista exuberante que se expôs em muitos meios de comunicação.

Em 1993, conclui uma pesquisa em torno dos italianos que chegaram a Uberabinha até 1930. Publiquei um livro chamado VELHOS ITALIANOS DE UBERABINHA, onde é contada a história de quase toda essa gente citada aí em cima, suas lutas, suas dificuldades, seus fracassos, seus sucessos, suas importantes participações no desenvolvimento do município. Com auxílio de d. Cora e dr. Victório, relacionamos todas as famílias de origem italiana residindo no município. E muitas informações curiosas, pitorescas, dramáticas. Estou vendendo esse livro virtualmente por apenas 25 reais. 

Quem quiser, por favor faça um depósito no Bradesco, agência 3301, c/c 4286-2, e me informe com endereço para a entrega. Muito obrigado. Boa leitura!

(RESTAM APENAS 25 EXEMPLARES COMIGO MAIS OS QUE ESTÃO NA REVISTARIA ITACOLOMY E LIVRARIA PRÓ SÉCULO)


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.




 
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