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12/12/2020 às 08h00min - Atualizada em 12/12/2020 às 08h00min

Meu presente de Natal

IARA BERNARDES

Vai chegando essa época e os pensamentos vão se direcionando para o encerramento de muitas fases, tarefas, fechamentos, mas também sobre as festas: com quem passar, como se distribuir entre os compromissos profissionais e familiares. Além disso, vêm os detalhes dos presentes que daremos às pessoas que amamos, os brinquedos, roupas, calçados, livros... Aparecem também pensamentos positivos, desejos para o próximo ano, aquela revisada no ano que passou – e que ano!!!

Por aqui, nada disso é diferente, todos os anos a mesma coisa, no entanto, neste vamos fazer tudo igual de uma maneira muito especial e meio maluca também, afinal, quem não ficou meio louco em 2020? Mas junto com a loucura de tantos ajustes, reajustes e mudanças, vem a parte boa e ela é necessária de ser olhada e cuidada, para que 2021 seja mais especial e que preservemos o que de bom nos aconteceu.

Começamos esse ano otimistas, com muitas promessas de mudanças, mas logo em março as coisas começaram a ficar meio esquisitas. Porém, mesmo com o início da pandemia tentamos nos manter positivos, dar um gás, estudar, lançar novos projetos, fazer cursos, nos especializar e isso se manteve por uns meses, mas o cansaço foi batendo, afinal, percebemos que não estávamos de férias indefinidas, estávamos apenas nos ajeitando para reiniciar um processo que era muito automático e a partir do momento que o re-start fosse dado, todas as atividades e novos projetos seriam a sobrecarga que não precisaríamos naquela hora e estes foram começando a ser deixados de lado, o plano B, C ou Z, que olhávamos vez ou outra, com vontade de continuar, mas sem muita força, disposição e tempo.

O cansaço bateu, a coluna doeu e o home office já não era mais legal quanto antes: escrever, programar e trabalhar em meio ao barulho exagerado e às solicitações de boquinhas nervosas a pedirem por comida e mentes ansiosas loucas por atenção passaram a ser desgastantes. Mas a gente não desiste e sabe a necessidade de dar continuidade, então acrescentamos muitas plantas a fim de mudar o visual, mudamos as nossas mesas de lugar, ajustamos nossos horários de trabalho para conseguir dar a devida atenção a tudo que se acumulava mais a cada dia, logo, as manhãs passaram a se iniciar mais cedo e as noites a terminarem mais tarde e junto com o acúmulo de trabalho, veio o acúmulo de cansaço, as dores de cabeça constantes, insônia, dores no corpo e queda na qualidade de vida.

Eu sei! Sou solidária a você, sei o quanto tudo mudou e como vocês estão exaustos, mas quem sou eu para colocar mais peso na sua leitura? Não!!!!! Eu não sou essa pessoa. Sou aquela que vem te lembrar da leveza e satisfação em ver seu filho acordar, com aquele rostinho amassado, o bafinho de onça na sua cara ao te chamar para o carinho matinal, os cabelos despenteados  e o brilho no olhar ao abrir definitivamente os olhos. Eu preciso te lembrar também das presenças constantes nas reuniões online, em que sua filha aparece completamente maquiada e já dispara, na maior naturalidade, que é uma princesa, cita o nome dos seus colegas como se já fossem os dela, companheiros de jornada nessa maluca realidade que se instalou, chamando sua chefe pelo nome e dizendo como ela está bonita. Ahh, tem também as brigas em meio a essas mesmas reuniões, momentos em que a intervenção materna é urgente e não dá tempo de desligar a câmera, nem mesmo o microfone, então sim, todo mundo da sua empresa sabe que você berra com seus filhos e sua maternidade perfeita foi desmascarada num realityshow caseiro, ao vivo, sem chance de edição. Mas antes que o rubor do seu rosto cesse, seus colegas já estão rindo e tudo fica bem em questão de segundos. Vida que segue e a pauta continua com seu background dinâmico.

É... 2020 não foi fácil para ninguém, mas sinceramente acho que a única coisa que tiraria dele são as máscaras: fazer atividade física, andar na rua e respirar ao mesmo tempo se tornou bem complicado, além disso, elas me fizeram esquecer o rosto das pessoas, bem como não conhecer a face de muitas que apareceram na minha vida nesse período. Mas de qualquer modo, sei que elas também foram necessárias para que vários de nós aprendêssemos a olhar nos olhos e ver lá no fundo o que a boca não é capaz de expressar.

Sendo assim, eu te convido a repensar o que nesse ano valeu para você, limpe seu coração, clareie seus pensamentos e busque o que de bom deverá ficar, deixe o ódio político para lá, lave o rancor e iniba suas opiniões contrárias à religião alheia, veja com cuidado o que realmente valeu a pena e saiba que se daí não sair nada de bom, talvez seja hora de repensar quem você é nesse mundo e como deseja continuar. 2020 foi um ano de desventuras e desafios, mas também de aprendizado e oportunidades de resgatar aquilo que o verdadeiro Espírito de Natal vem nos trazer.

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 

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