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26/11/2020 às 08h00min - Atualizada em 26/11/2020 às 08h00min

Leitura

IVONE ASSIS
É comum ouvir adultos reclamando que as crianças não se interessam pela leitura. Já me deparei com pessoas, de todas as idades, que repudiavam a leitura. Por isso, é importante que apresentemos a lucratividade cultural de se ler. Geralmente, o êxito é maior que o esperado.

Posso garantir que uma das razões pelas quais a criança não desperta o interesse pela leitura é, justamente, pela falta de familiaridade com as obras. Enquanto eu lia a obra “1001 atividades para fazer com suas crianças”, da escritora americana Caryl Waller Krueger, fiquei pensando no quanto as brincadeiras revelam da cultura de um país.

As adivinhas, os faz de conta, as brincadeiras de roda e outras são muito familiares à maioria, mas a obra chamou minha atenção para o capítulo 5 “O vasto mundo dos livros”, cuja subdivisão apresenta cinco partes a saber: 1) Leitura em casa; 2) Utilizando a biblioteca pública; 3 ) Trabalhando junto à escola; 4) Livros a serem compartilhados; 5) Os livros sempre bons. Nem preciso dizer no quão diferente achei tais brincadeiras. Pois, este “vasto mundo dos livros” é inserido naturalmente no universo infantil, da forma mais lúdica possível. 

Com isso, abrem-se as portas para o mundo, para o conhecimento, para o mercado financeiro, para a sociedade criativa, para o universo da leitura... É retirar a criança do individual espaço da telinha e trazê-la para a vastidão de possibilidades, acompanhada de brincadeiras, exercícios, técnicas de criação... e tantas outras benesses. É um educar por meio do exemplo. É promover a leitura brincando.

Na parte 3, o livro vai além. A criança é direcionada para o mercado livreiro, com brincadeiras resultantes em: feiras do livro, livros de aniversário, vendedores de livros, personagens de livros, linha do tempo da história e do livro, programas de incentivo... coisas que, pelo menos para mim, na maior parte, foram novidades alcançadas na vida adulta.

Já a parte 4 apresenta o compartilhamento dos livros. Trata-se de uma abordagem sobre o vínculo entre os pais e os filhos, no universo do livro, que começa quando o bebê nasce. Esta parte, de certo modo, é para os adultos, os quais são convidados a levar seus filhos à biblioteca e a ler em voz alta; depois, devem discutir sobre o conteúdo lido.

A leitura em voz alta dá vida ao livro, traz a história para dentro do cenário, sem contar que são momentos inesquecíveis na vida da criança. Afinal, mora um artista dentro de cada leitor. A cada leitura pode ser adicionado um acessório que amplia o imaginário não só do contador, mas, especialmente, do ouvinte. Seja um banner, uma gravura, um móvel, um tecido pendurado, uma veste diferente, uma canção, um gesto... Quem não gosta de ouvir uma boa leitura, sobretudo antes de dormir?

Para quem estiver se iniciando no exercício de contar histórias e ler em voz alta, sugiro que leiam, para si, obras no contexto de relacionamento pessoal e interpessoal, que será muito rico em boas maneiras comportamentais. Sendo experiente ou iniciante, inove sempre, conheça a história antes de apresentá-la ao seu público, mesmo que este público seja de um filho só. Não podemos nos esquecer de que, ao ler para uma criança, estamos ensinando-a, por isso a qualidade ofertada deve ser a melhor possível. É de momentos como estes que nascem os melhores relacionamentos.

Uma história tem muitos ecos, é preciso conhecê-la bem, para compreender sua essência. Como muito bem escreveu Cecília Meireles, em seu poema “O eco”: “O menino pergunta ao eco / Onde é que ele se esconde. / Mas o eco só responde: Onde? Onde? / O menino também lhe pede: / Eco, vem passear comigo! / Mas não sabe se o eco é amigo / ou inimigo. / Pois só lhe ouve dizer: Migo!

Escolher bons textos (poemas, contos...) é como preparar os sabores e a mesa para o lanche, deve ser nutritivo e convidativo, deve abrir o apetite, despertar o interesse pelo novo e pelo conhecido. A escolha de bons livros resulta em boa educação.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.




 
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