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07/10/2020 às 08h00min - Atualizada em 07/10/2020 às 08h00min

Crescimento econômico passa pela produtividade na construção civil

ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA
O impacto da construção civil para a economia brasileira, assim como para os demais países em desenvolvimento, é de grande relevância, tendo em vista a demanda por infraestrutura e moradia que esses países apresentam. Mesmo levando em conta as oscilações na economia, a construção civil representa tanto para PIB quanto para a geração de empregos, vetores fundamentais para a retomada do crescimento econômico.

Em um momento de crise vivido desde 2015, muitas construtoras e profissionais da área se veem obrigados a repensar seus sistemas de construção, uma vez que esses empreendimentos geram muitos prejuízos, desrespeitando cronogramas com custos elevados, através do desperdício de grandes volumes de materiais.  Essas práticas não são mais aceitas pelos vários stakeholder com participação nesse seguimento de negócio, seja ele um indivíduo ou um grupo. 

O método construtivo convencional (alvenaria de tijolo cerâmico), por exemplo, é um sistema construtivo ultrapassado em todo mundo e mesmo assim, continua sendo usado na maior parte dos mercados emergentes, notadamente onde a mão de obra é abundante e de baixa qualificação.

 O que se constata no momento para que os sistemas construtivos sejam aceitos pela população, pela mão de obra e pelos investidores é a necessidade de divulgação dos diferenciais e aspectos positivos dos métodos a fim de se mudar a cultura e a capacitação de profissionais que projetam e constroem para adequação das técnicas construtivas empregadas.

Segundo Mário Vieira, Diretor Executivo da Habitat para a Humanidade Brasil, que explica em relatório – “Pedra angular da recuperação”: como a habitação pode ajudar as economias de mercado emergentes a se recuperar da Covid-19, analisando os dados habitacionais presentes no PIB do Brasil, Peru, México, Egito, Índia, Indonésia, Quênia, Filipinas, África do Sul, Tailândia e Uganda. O objetivo da análise era dimensionar o papel da habitação nas economias, representando tanto o investimento em habitação como o consumo habitacional. Para isso, os dados do PIB foram examinados detalhadamente e analisado se esse setor poderia realmente sustentar a recuperação econômica dos países; levando-se em consideração que ao mesmo tempo em que a economia seria ativada, as famílias de baixa renda estariam melhorando seus lares para casas mais seguras e saudáveis e, assim, contribuiriam para reduzir a disseminação da Covid-19.

De acordo com o relatório, que parte do pressuposto de que as estatísticas oficiais incluem em média apenas metade do mercado habitacional informal (no qual as famílias melhoram suas casas progressivamente), isso poderia contribuir com um adicional de 1,5% a 2,8% ao PIB, se devidamente contabilizado.

Para tentar reverter o quadro, grupos de pesquisas em todo o território nacional se dedicam a estudar e desenvolver alternativas construtivas de baixos custo e impacto ambiental para dar novo sentido à construção civil brasileira e esbarram na falta de investimentos e burocracia para ver os projetos saírem do papel.

Na geração de empregos como sabemos, a construção civil é um dos grandes motores da nossa economia. Segundo o Jornal Estadão, em 2019 a construção civil representava 6,7 milhões de postos de trabalho. Isso era o equivalente a 7,3% de todos os empregos no Brasil. Ou seja, um a cada 14 pessoas empregadas, uma trabalha na construção civil.

Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, a construção civil brasileira ainda é, em média, 30% menos produtiva se comparada a outras áreas da economia do país, explica Hélcio Bueno. A explanação dele se baseou em estudo de EY de 2016 – mas ainda atual, denominado “Produtividade na construção civil: desafios e tendências no Brasil”. No levantamento são apontadas sete alavancas que contribuem para melhorar a performance no canteiro de obras: planejamento na execução das obras, adoção de métodos de gestão, equipamentos, materiais, métodos construtivos, melhorias de projeto e qualificação da mão de obra, de acordo com ele, o setor da construção precisa correr para se adaptar às novas tecnologias, conclui Bueno.

Vamos refletir: ... Estudo anual sobre o setor habitacional no país e a evolução dos seus indicadores, considerando a falta ou inadequação do estoque urbano de moradias no Brasil altamente impactante em todas as unidades da Federação e regiões metropolitanas.  

Num país onde o convívio diário com um déficit habitacional recorde parece banal, nem mesmo os números superlativos dão a dimensão necessária: no País, faltam nada menos que 7,7 milhões de residências para que a população encontre não apenas condições decentes de vida, mas tenham acesso ao que é considerado direito humano à habitação. 

O Brasil e outras economias emergentes, que lutam para se recuperar da pandemia da Covid-19, podem estar subestimando significativamente a contribuição de seus setores de habitação para o Produto Interno Bruto (PIB) e, como resultado, estão perdendo oportunidades de recuperação econômica, social e sanitária.

Pensando estrategicamente: ... Alavancar a retomada e o desenvolvimento econômico do país é tema recorrente em todas as conversas de especialistas no assunto. O setor da construção civil representa um dos vetores que irá induzir o processo de retomada.

Os métodos industrializados, de rápida montagem, sem muitos espaços para erros, essas novidades construtivas esbarraram em problemas, que no método artesanal de construção, adotado no Brasil, não são levados tão a sério: planejamento da obra, qualidade dos projetos, qualificação da mão de obra e a aceitação do produto pelo público – aspectos culturais que emperram o crescimento econômico pela produtividade na construção civil. 


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

 
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