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30/09/2020 às 08h00min - Atualizada em 30/09/2020 às 08h00min

Tendências: para onde vai a mobilidade urbana de pessoas

ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA
As incertezas causadas pela pandemia do coronavírus atingem pessoas e negócios, e tem mudado radicalmente a forma de pensar o futuro dos moradores das grandes cidades brasileiras. A deficiente infraestrutura de transportes impõe às pessoas condições mínimas de conforto em seus deslocamentos nos centros urbanos, que muitas vezes são obrigadas a encarar longas distâncias em pé, em ônibus lotados. 
 
Em uma sociedade tão dependente dos meios de transporte coletivo (transporte de massas), influenciado pela recomendação do distanciamento pelas autoridades sanitárias, o setor de transportes públicos, principalmente o de ônibus, vive um grande desafio. Com o trânsito cada vez mais complicado nas cidades, com os ônibus que transportam por unidade muito mais passageiros que os carros sem receber nenhum tipo de prioridade no espaço urbano. 
 
Por outro lado, o uso do carro pelo seu custo elevado e por soar como uma alternativa um tanto quanto egoísta para os padrões da mobilidade urbana nacional e da renda média atual dos brasileiros. O certo é que, diante da profunda instabilidade da economia, seria pretensão, procurar entender quais são as principais tendências para o mercado de transporte de pessoas no Brasil. 
 
O importante é entender a dinâmica das cidades e ter uma política de mobilidade sustentável e organizada, com um leque de opções de transportes públicos eficientes e de qualidade, para que eles sejam realmente a forma prioritária de deslocamento dos cidadãos.
 
Isso se pode dizer sobre o transporte de massa, quando as empresas começam a olhar para o transporte personalizado dos seus funcionários. Com a utilização de aplicativos coletivos, as empresas veem a oportunidade de solucionar um problema crônico de locomoção dos trabalhadores, de casa para o trabalho e vice e versa, monitorando seus trajetos e proporcionando a eles comodidade, segurança e o conforto do porta-a-porta. 
 
Imagine que você não tem carro, mas toda vez que precisa do automóvel encontra um à disposição. É assim que funciona o carsharing, modelo de compartilhamento de carros por meio de aluguel. O usuário contrata o serviço, em geral por meio de um aplicativo no celular, utilizar o veículo por um tempo e depois devolve-o. 
 
Para as cidades, o principal benefício é a diminuição na frota de veículos rodando nas vias, o que ajuda a reduzir o fluxo de trânsito. Um carro compartilhado retira, em média, de nove a 13 automóveis das ruas, segundo o estudo Shared Mobility, da Universidade da Califórnia. A pesquisa também apurou que 25% dos usuários de carsharing venderam um dos veículos que possuía e outros 25% adiaram a compra de um novo carro.
 
“Uma outra vantagem para as cidades é a redução da ocupação do espaço público, pois há menor necessidade de espaços de estacionamento”, observa Hugo Repolho, especialista em planejamento de transporte e pesquisador da Universidade de Coimbra, em Portugal.
 
O uso regular de serviços de carona também aumentou nos últimos anos, segundo o estudo da Deloitte. Quando os consumidores veem os benefícios e os custos baixos no compartilhamento de carro, passam a reconsiderar a necessidade de ter um veículo como propriedade.
 
A pesquisa da Deloitte mostra também que os indivíduos são unânimes em apoiar maior acesso a transportes coletivos como alternativa para redução do congestionamento do tráfego nas grandes cidades.
 
Além disso, os consumidores estão menos preocupados com a segurança, portanto mais confiantes na tecnologia dos carros autônomos, que são uma outra ponta dessa tendência relacionada à mobilidade alternativa.
 
Por se tratar de uma tecnologia em desenvolvimento, a confiança dos consumidores ainda não está consolidada. 
 
    Vamos refletir: ... Tudo indica que, daqui para frente, as novas gerações serão cada vez mais “curtas”. O conceito de “compressão geracional” foi introduzido pela consultoria The Future Hunters. Segundo eles, a tendência é não mais agrupar os consumidores mais jovens por décadas, e sim pelo tipo de tecnologia com a qual estão habituados.
 
Os fabricantes e revendedores de veículos precisarão ser ágeis para responder às vontades e necessidades de cada nova onda que é cada vez mais rápida. Uma dessas ondas é a dos conhecidos como Geração Z, uma geração de consumidores que diferem dos nativos digitais (millenials) porque têm uma relação quase simbiótica com a tecnologia.
 
Essa geração é mais precavida do ponto de vista financeiro e está mais preocupada com o meio ambiente. Estão menos interessados em possuir coisas e mais interessados na relação tempo/valor do que consomem. 
 
Pensando estrategicamente... Segundo um relatório da PWC, em 2030, 1 a cada 3 quilômetros percorridos numa jornada poderá envolver o conceito de compartilhamento.
 
O ponto positivo é que, embora a indústria automotiva possa ter visto anteriormente a carona como uma ameaça, agora está trabalhando em várias maneiras de adotá-la.
 
Diversas marcas já anunciaram parceria com empresas de car sharing. Além disso, não é segredo que o varejo, principalmente o de aluguel, tem ganhado bastante com um novo público: o dos motoristas profissionais de aplicativos.
 
Recentemente, duas das maiores empresas de aluguel de automóveis, Localiza e Unidas, anunciaram um acordo para a incorporação de ações, ou uma fusão. 
 
Tudo indica que a transação resultará na união de acionistas que são referência e têm longa experiência na indústria, na combinação de talentos para prover soluções inovadoras em mobilidade, na criação de um player com escala global, comprometido com os mais altos níveis de governança e com ambição para prover a melhor experiência do cliente, aumentando o acesso da população e de empresas ao aluguel de carros.

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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