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04/09/2020 às 08h30min - Atualizada em 04/09/2020 às 08h30min

CelSiceS – Quase pecando!

CELSO MACHADO
Se é verdade que a gente peca não só por ações, mas também por pensamentos, estou precisando urgentemente de fazer algumas confissões.

E, se for como aprendi na infância, meus pecados atuais não são daqueles veniais que se paga apenas com orações, são mais sérios. Não estou me referindo aqueles que praticamos inconscientemente no dia a dia, mas outros que, quando menos a gente espera excitam nossas ideias.

Um desses “quase pecado” está acontecendo com frequência sempre pela manhã, invariavelmente todos os dias.

Como não sei bem com quem devo confessar vou fazê-lo publicamente. 

Nesse período da pandemia vou no período matinal a nossa produtora. Nesse horário não tem ninguém lá, apenas eu com a companhia inseparável das minhas tagarelices mentais.

A rotina é sempre a mesma: chego, abro a porta da entrada, acendo a luz da recepção, rapidamente desligo o alarme de segurança e me dirijo a minha sala que fica isolada com uma janela que dá para a rua. Abro, sinto a agradável receptividade do vento renovando o ar e fico com a sensação de que estou protegido para passar algum tempo trabalhando em paz.

Fiquei uns 3 meses sem sair de casa e, portanto, como a grande maioria é reconfortante frequentar outros ambientes, ainda que isoladamente.

Voltando ao assunto do pecado, a questão é que desde que voltei a fazer isso, é chegar e uns 5 minutos depois o telefone fixo tocar insistentemente. Como não tenho extensão tenho que ir correndo atender a ligação. Até aí seria normal, afinal quem liga para uma empresa geralmente é para buscar uma informação, estabelecer um contato, dar sequência a uma negociação etc.

Mas não é isso que tem ocorrido. As malditas ligações, desculpem pela indelicadeza da expressão, são gravadas oferecendo nem sei o quê pois nunca tive paciência de ouvi-las alguns segundos sequer.

Da primeira vez vá lá, da segunda começa a aborrecer, mas a partir da décima a vontade é puxar a pessoa pelo braço do telefone e estrangulá-la. Nem que seja só até a língua dela sair um pouquinho.

O problema é que, como são ligações automáticas feitas por robôs, não tem ninguém do outro lado, nem para ouvir nosso desabafo, nem a súplica para não ligar mais.

Tenho tentado, mas não descobri como acabar com essa tortura. Fico praguejando para que a empresa que está fazendo isso tenha um baita prejuízo ou receba as mesmas ligações indesejadas de volta para sentir o incomodo que causam.

Pois é, se a gente peca por pensamento, deveria mesmo confessar. A questão é que confissão sem arrependimento não faz sentido.

Pra piorar, além dessas ligações inconvenientes, outras estão me despertando o mesmo sentimento como a música chatérrima que o caminhão de limpeza toca, o barulho irritante daqueles sopradores de folha etc.

Imagino o que vou sentir quando começar o período de campanha eleitoral. Haja penitência...


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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