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29/08/2020 às 08h00min - Atualizada em 29/08/2020 às 08h00min

Discussão sobre a virtude da Cannabis

TÚLIO MENDHES

Sim! Mais uma vez trago esse tema de extrema relevância. Afinal, por falta de informações adequadas e verídicas uma parcela da sociedade ainda nutre certo receio ou “preconceito” quando o uso de cannabis é discutido. As evoluções ainda são e estão espaçadas numa temática em que questões morais e intolerância muitas vezes ofuscam o debate técnico. Contudo, o Brasil marcha para a dilatação do uso medicinal de propriedades da “classe” cannabis, ou nossa popularmente conhecida maconha.

Dias atrás, a senhora Damares, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, externou com impetuosidade que usará as ferramentas que lhe for cabível para trabalhar contra o texto, que autoriza o plantio da cannabis para fins medicinais. Juro que nesse momento os comentários que dominam minha mente sobre essa “cidadã”, não são nada, nadica de nada educados e polidos. Entretanto, diferente da referida senhora, eu pondero cada palavra que escrevo ou falo ao público, por exemplo, agora “conversando” com você.

Enfim, não compreendo as declarações insipientes, ineptas sobre o plantio regulado, com seguridade, policiamento, entre outras regras rígidas. O fato é que a ministra não tem um pingo de interesse em entender de fato a discussão. Em vez disso, prefere arrotar um debate ideológico ignorando a necessidade de milhares de pessoas como eu, pacientes com dores intermináveis, dez, vinte, trinta crises de convulsões ao dia, pessoas com Alzheimer que infelizmente causa a deterioração cognitiva, da memória de curto prazo entre outros como os comportamentais que se agravam ao longo do tempo.

É um disparate uma “autoridade” que trabalha para o povo, embolsando um salário exorbitante, fora os benefícios, não ter empatia pelo padecimento de aproximadamente 13 milhões de pessoas que, segundo a Anvisa, a maioria são crianças, dependem das propriedades da maconha e não têm acesso a medicação. Sendo pessoa com doença rara e de difícil tratamento, afirmo que pra mim, pra os meus amigos com câncer, epilepsia, distúrbios de ansiedade, autismo, escleroses, entre outros diagnósticos... as propriedades da cannabis atuam como neuroprotetores, anti-inflamatórios, aumento da tolerância das dores, antipsicóticos, são fortes potenciais no tratamento dos diversos tipos de câncer, afinal centenas de estudos demonstram efeitos antitumorais e anticancerígenos... Enfim, por que não afirmar que a autorização do cultivo e uso de propriedades da cannabis pode representar a inviolabilidade do direito a vida expresso na Constituição Federal como garantia fundamental? Pra ter uma noção, hoje, no Brasil, o Mevatyl, medicamento a base de propriedades da cannabis, é comercializado de R$ 2500 a R$ 2800 por mês de tratamento. Com a autorização para cultivar a cannabis, os principais benefícios que ganharemos são: qualidade de vida e dignidade que são os bens mais importantes de qualquer ser humano.

Resumindo a coisa toda... quando colocamos a mesa temas relacionados ao uso da cannabis, temos muito assunto. Por exemplo, pra que serve o Canabidiol e o Tetra-hidrocanabinol? Como podem ser usados? Qual é a diferença entre a maconha e o CBsuas propriedades medicinais isoladas em sua forma natural? Uma coisa é fato. Temos muito que discutir. Dá vontade de convidar à senhora Damares para uma roda de conversa e começar questionando: Como mãe e pastora a senhora consegue se colocar no lugar de um paciente ou membro das famílias que luta pelo cultivo da cannabis? Como a senhora entende, como princípio da dignidade da pessoa humana como preceito de vida? Sendo ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a senhora acredita que todo cidadão brasileiro, membro de um Estado Democrático, deve ter garantido a inviolabilidade do direito à vida?

Lamento pela ministra e seus aliados, mas como cidadão brasileiro eu quero ter garantido e respeitado o meu direito a uma melhor qualidade de vida, pois a cannabis consegue melhorar os sintomas de doenças muito cruéis. A terapia com ela não é apenas um óleo ou cultivar, é tudo o que rodeia esta planta virtuosa.

*Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 

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