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13/08/2020 às 15h42min - Atualizada em 13/08/2020 às 15h42min

É de pequeno que se aprende

IVONE ASSIS
Todos sabem que é de criança que se aprende. No ano 1340 antes de Cristo, a dinastia egípcia coroou o faraó Tutancâmon com apenas 9 anos de idade. 1800 anos depois de Cristo, era a vez do órfão Dom Pedro II ser elevado ao trono aos 5 anos de idade. O monarca assumiu como imperador aos 16 anos, em meio à sua solidão. Nessa longa linhagem, alguns governos idealistas sempre promoveram culto à pátria por intermédio das séries iniciais.

O fato é que, a criança é o futuro de uma nação, por isso há que se ter muita responsabilidade com a sua educação. Mas educar não é, nem de longe, furtar infâncias, sob o pretexto de dar responsabilidade. Um bom gestor e/ou administrador primeiro deve aprender os valores humanos, deve amar a terra, respeitar o próximo, e saber interpretar a palavra. Estes são ensinamentos que se iniciam no instante em que a criança nasce, depois vão sendo aperfeiçoados.

Assim como o gestor está para o estrutural e o Administrador para o operacional, também a criança está para a aprendizagem e o adulto para as decisões; igualmente, a leitura está para a decodificação e a literatura para a interpretação. Linha tênue, que faz toda a diferença. Muitos professores impõem a leitura de determinado livro, como se a não leitura fosse sugar o fôlego do leitor, mas, isso não passa de uma imposição hierárquica, que poderá criar aversão ao livro, especialmente quando se trata de crianças. Havendo múltipla escolha das obras literárias, a leitura poderá ser mais fluída, sobretudo se o professor valorizar o acervo do aluno. A literatura é arte, é imaginário, é criatividade, é interpretação, é poética, é informação, é conexão com o mundo, e muito mais. Formar leitores é formar cidadãos conscientes.

Há expressão “é de menino que se torce o pepino” representa bem o processo de formação de um cidadão, basta observar o plantio e a poda desse fruto. A cidadania é feita de direitos e deveres, no âmbito social, político e civil. E isso, com certeza, se aplica ao ensino e à aprendizagem. As crianças aprendem tais valores por meio da poda, da leitura, e da interpretação da literatura. A literatura infantil pede informação e humor, porque a criança é diversão, alegria e, também, um ser em formação. A boa análise da obra é crucial.

Pensando em envolver a criança positivamente com a leitura, em um ciclo de informação, social, arte e diversão, Lionizia Goyá escreveu o lúdico “Bruna, una luna”. O conto poético se abre convidando o leitor ao imaginário e ao encantamento: “[...] morava em um lugar distante, / Um reino fascinante. [...]”. Entre versos e rimas, Goyá vai pontuando a beleza, a riqueza, o resplendor, e, ainda, a escuridão, para que o leitor entenda que nem tudo são rosas; a vida tem seus percalços. Logo, a autora começa a descrever o cerrado, as frutas, os sabores, as cores, os cheiros, as flores... enfatizando o encanto da natureza e mostrando que há mais brilho que escuridão. A personagem é envolvida nas fases da lua, bem como nas estações, absorvendo a essência do lugar, para saber que a riqueza vai além da moeda de troca.

O conto infantil apresenta a persona da criança, com suas indagações e desbravamentos, cujas respostas vão surgindo por meio do descobrimento do cerrado, com suas riquezas e beleza da flora, iluminadas pela lua da estação. Afinal, qual criança não é “de lua”?
Como escreveu Luiz de Aquino, da Academia Goiana de Letras: “os artistas não se fazem apenas nas telas, tintas, cores, [...] traz, em si, a bagagem de tudo o que [...] é vida”. Lionizia apresenta o cerrado, a arte, a natureza... e amplia a criatividade da criança, em uma leitura de sabenças.

“Bruna, una luna” traz as formas, as cores, os sabores e demais estruturação do cerrado, estampados nos frutos veludo, mama cadela, murici, mangaba, erva-de-santa-luzia, corda de viola, joão bobo, marmelada e jatobá, em que suas cores, frutos e flores vão formando um arco-íris do cerrado. Ratificando que é de pequeno que se aprende.




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