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08/08/2020 às 14h45min - Atualizada em 08/08/2020 às 14h45min

Paternidade No Stress

IARA BERNARDES
Ahhh os pais, aqueles homens que se tornam nada ao nascer de uma criança, são escanteados, esquecidos e menos amados. Todo o amor é direcionado ao pequeno ser que toma conta do colo e do coração da mãe, deixando o homem à mercê de seus próprios sentimentos, sem protagonismo ou destaque. Mas será mesmo que é assim que acontece? No começo do puerpério é comum a mulher se voltar exclusivamente aos cuidados do recém-nascido, deixando, inclusive, de cuidar de si mesma em prol desse novo ser que depende prioritariamente dela e, com isso, muitos homens se sentem abandonados.

Porém, o homem precisa entender que esse momento é muito delicado para a mulher, seu corpo está em plena ebulição hormonal, já que durante muitas semanas se dedicou a fabricar um ser humano e nada parece no lugar, a relação visceral foi construída por várias semanas e rompida abruptamente, causando uma transformação enorme em sua mente e corpo.

E a pergunta que não quer calar é: o pai fica mesmo deslocado nesse processo e é possível ele se colocar dentro de tamanho movimento? Sim e CLARO! O papel do homem, seja ele o esposo, companheiro ou apenas o pai, sem relação afetiva com a mulher, é fundamental, pois o vínculo entre ele e o bebê deve ser iniciado desde antes do nascimento dando segurança e aconchego para esse ser que acaba de chegar ao mundo, além, é claro, dos cuidados com a mãe, que em meio a tanta mudança, também se sente desamparada e cansada.

Inclusive, todos sabemos disso, a importância do papel do pai não é novidade para ninguém e muito se fala sobre atualmente, bem como a necessidade de dividir as responsabilidades e os cuidados com a mãe em relação aos filhos e as tarefas domésticas. No entanto, o que quero hoje é tentar me expressar sobre esse homem que tem a vida transformada com a chegada do filho, afinal, sou mãe, não sou pai, nossos papéis são diferentes e a relação com os filhos idem.

Na minha visão, como filha, esposa e mãe, posso relatar o que sinto e percebo inserida nesses papéis, mas nunca poderei saber exatamente o sentimento de um pai. No papel de filha, posso falar sobre o meu pai, do homem que desde sempre cuidou de mim e dos meus irmãos com muito amparo e amor. Meu pai sempre foi aquele que só de olhar já doía, pois, a reprovação de alguma atitude errada era transmitida com os olhos e essa sempre foi a maneira mais assertiva de nos ensinar. Sempre foi a ele quem chamei durante os pesadelos e no colo dele chorei depois de grande; me ensinou a engraxar os sapatos e a ouvir música clássica; a voltar o troco no comércio e a limpar prateleiras de remédios quando tínhamos a farmácia. Meu velhinho, que é como o chamo hoje, me ensinou que caráter não se discute, ou você tem ou não tem, ninguém se corrompe quando tem honra e compromisso com a corretude. Com ele eu posso chorar abertamente e mostrar que não sou forte o tempo todo, mas que quando preciso for, serei um rochedo à beira mar, firme, independentemente do tamanho da onda a se quebrar em mim. Com ele também posso mostrar que tenho medo da morte e que ele sempre será o maior exemplo de homem para mim. A gente não concorda com tudo, mas o respeito um pelo outro, liberdade, carinho e confiança são a base do nosso relacionamento.

Já como esposa, posso falar do meu marido no papel de pai. Confesso que tenho um ciuminho dele com os meninos, afinal, ele é o pai, com toda aquela leveza de permitir muito mais que eu, é o que brinca, que joga videogame e que é disputado na hora de dormir e o que recebe todo o carinho mesmo depois da bronca. Com ele não tem choro nem ranger de dentes, corrige, acaba com a birra e dali a pouco todos os amam de novo, sem rancor. Fico observando como foi a sua evolução como pai: com a primeira filha, coitado, nem o deixava chegar perto da criança direito, porque eu queria a cria só para mim. Ele foi deixado de lado e não lhe era permitido muito. Com a segunda, percebeu que uma luz se acendeu e poderia usar do puerpério da mais nova para aproveitar mais a primogênita, mas foi com o caçula que foi à forra e descobriu o que é mesmo ser pai, assumindo todos os ônus e bônus que a paternidade entrega. Hoje, apesar de ver nitidamente a preferência dos pequenos por ele, e querer mais disso para mim, sinto um orgulho tremendo do pai que se tornou.

A todos os pais, que realmente o são, meu mais sincero parabéns. Vocês são muito importantes para nossos pequenos seres e tê-los na educação e cotidiano deles com certeza faz toda a diferença na formação afetiva e no caráter deles.




Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.



 
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