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27/06/2020 às 10h30min - Atualizada em 27/06/2020 às 10h30min

Redes desativadas

ALEXANDRE HENRY
Já faz algum tempo que retirei os aplicativos das redes sociais Instagram e Facebook do meu celular. Eventualmente, eu reinstalava por uns dias, só para depois retirar novamente. Claro, essas redes também podem ser acessadas pelos navegadores e acabava acontecendo de eu estar sem os aplicativos, mas ainda assim abrir o navegador do celular e dar uma “espiadinha” nas fotos do Instagram ou nas postagens do Facebook. De toda forma, como era um procedimento mais complexo, os acessos acabavam sendo mais frequentes. Exceto pelo fato de... Sim! Eu trabalho o dia todo na frente do computador e lá na página principal do meu navegador estavam os links das duas redes. O que acontecia? Vira e mexe, lá estava eu acessando novamente as “novidades” das pessoas conhecidas e de outras não tão conhecidas assim.

Há dez dias, eu me cansei. Quanto ao Facebook, sinceramente, a bolha que ele forma é desgastante. O algoritmo de direcionamento de conteúdo é tão forte que é difícil sair dele, para não dizer quase impossível. Creio que você já saiba do que estou falando. Se você tem cem amigos na rede, o sistema vai perceber de quem você mais lê mensagens. Não precisa clicar em nada: o simples fato de você parar de rolar a tela quando chega a uma determinada postagem já indica para o “cérebro” do Facebook que aquele conteúdo te interessou mais. Aí, o sistema se reprogramará para te dar mais do que te chamou a atenção. Aos poucos, o seu perfil – não falo da página que aparece para todos, mas dos seus gostos interpretados pelos computadores da rede social – vai sendo moldado de maneira a só mostrar para você aquilo que é do seu agrado.

Já falei mais de uma vez aqui que eu sempre travei uma luta inglória com tais algoritmos. Como? Seguindo gente que é radical de esquerda e gente que é radical de direita. Mais do que isso, parando para ler postagens de um e de outro. Porém, essa é uma luta isolada. Comecei a perceber que meus “amigos” não tinham o mesmo costume e, por isso, mantinham-se mergulhados em suas bolhas sem, na maioria dos casos, perceber que o mundo ia muito além daquele círculo. Não foi só isso. O conteúdo que a gente vê no Facebook realmente é, na média, muito fraco, muito pobre.

Quanto ao Instagram, bem, eu acho uma rede interessante até certo ponto, pois gosto de fotos. Só que, convenhamos, a maioria é bem fútil. Eu não tenho nada contra futilidades e acho até que, nos momentos de lazer, algo leve, que não exija muito da gente, é excelente para descansar a cabeça. Porém, quando essas coisas “leves” costumam ocupar seu tempo demais, aí a coisa complica, pois você perde tempo produtivo para bobagens e, mais do que isso, inunda seu tempo livre apenas com bobagens. Nas minhas horas de lazer, eu quero aliviar a cabeça, sim, mas também não precisa ser só com coisas, digamos assim, tão banais.

Resultado? Pela primeira vez desde que entrei nessas duas redes, eu desativei meus perfis. Não os excluí, pois, especialmente no caso do Facebook, há muita coisa ali que é parte da minha própria história. São postagens que eu fiz ao longo dos anos que contam um pouquinho do que eu pensava naquele momento e que, um dia, posso querer ver novamente. De toda forma, ao menos por agora, decidi que não queria dar mais as “espiadinhas” nessas duas redes sociais.

Sabe o que mudou na minha vida? De negativo, nada. Eu achei que fosse sentir falta, mas percebi que dá para viver muito bem só com as pessoas de carne e osso ao seu redor. Evidentemente, continuo consumindo outros conteúdos que a internet disponibiliza. Eu não preciso ler uma notícia no Facebook, pois há os portais dos jornais e, para quem gosta, de milhares de blogs. Posso continuar comunicando com as pessoas por aplicativos de mensagens, o que me permite ter notícias delas quando eu quiser.

Provavelmente, vou voltar a ativar essas duas redes sociais daqui a algum tempo. Por enquanto, porém, estou gostando da experiência de viver longe delas. Cuido também para não trocar de vício, substituindo o tempo no Facebook e no Instagram por mais tempo, por exemplo, no WhatsApp. Se eu fizesse essa troca, pouco estaria ganhando em termos de libertação do vício tecnológico. Com essas decisões, tenho sentido meus dias um pouco mais agradáveis. Pode até ser ilusão da minha cabeça, mas o fato é que passei a conversar mais com as pessoas ao redor, voltei a ler um livro e fiz algumas coisinhas que há algum tempo estavam de lado, além de conseguir colocar meu trabalho em dia.



Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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