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18/06/2020 às 09h09min - Atualizada em 18/06/2020 às 09h09min

Odelmo Leão encaminha para o fim de seu último mandato

João Lucas França Franco Brandão
No último sábado (13), a Prefeitura de Uberlândia divulgou que, nas últimas 24h, 539 pessoas testaram positivo para Covid-19 na cidade, o que representou um aumento de 111% em relação ao dia anterior. Esse foi um recorde. E por mais que as testagens estejam intensificadas (e ocorrendo em números maiores que o Estado de Minas Gerais – segundo o prefeito), esse número é uma amostra do que está por vir.

Infelizmente isso não é novidade. O que incomoda, entretanto, é a falta de respeito, empatia e governabilidade de Odelmo Leão, que responde “não tenho mais o que fazer”, quando indagado se deixará a cidade entrar em colapso. “Cada um tem seu livre arbítrio”, diz ele em sua conta no Twitter.

O ponto é que essa frase é injusta e covarde. Odelmo Leão, velho na política, mostra que tem toda a capacidade de conduzir seu município diante desse atípico contexto histórico de pandemia que estamos vivendo, mas só não faz por politicagem.

Um exemplo disso foi sua primeira determinação, lá em 20 de março, anunciando um pacote de medidas mais rigorosas de restrições e isolamento para Uberlândia, quando o Brasil contava com “apenas” 11 mortes confirmadas por Covid-19. O fechamento do comércio veio na hora certa. Tal determinação, contudo, não durou nem 1 mês.

Pressionado pela Aciub, Odelmo Leão, desde 15/04, vem anunciando aberturas graduais do comércio em Uberlândia, quando, na verdade, as medidas deveriam estar cada vez mais restritivas, já que os números de pessoas infectadas só aumentam com o passar dos dias. Assim, nada adianta um esquema escalonado, muito menos reabrir o comércio em dias de semana (como se o vírus só circulasse aos sábados e domingos), se até o Parque do Sabiá está aberto para caminhadas. Tal medida passa uma noção de tranquilidade, quando estamos longe disso. E isso é irresponsabilidade.

Enfim, fica óbvio aqui que Odelmo Leão joga no time dos mais fortes ($) e não consegue segurar a pressão daqueles que realmente mandam na cidade: Aciub, CDL e Sindicato Rural, setores com fortes ligações com a história do prefeito.

Isso é um problema para a população uberlandense, já que o próprio presidente da CDL, Cícero Novaes, exprime clichês em suas falas sobre “toxidez e pânico exagerado” a respeito de notícias sobre o coronavírus. Com falas típicas de pessoas egoístas que se baseiam no senso comum, Novaes demonstra seu elitismo ao responsabilizar “camelôs e ambulantes” e as enormes filas de bancos como culpados do aumento no número de casos na cidade, como apontado em vídeo do dia 9 de junho, postado no canal do YouTube da CDL. Para ele, a reabertura do comércio não tem nenhuma responsabilidade nas mortes por Covid-19.

Essa falta de empatia que coloca empresas acima de vidas humanas é um discurso comum em tempos de pandemia no Brasil e nada me faz tirar da cabeça que Odelmo Leão segue essa mesma linha de raciocínio, pois, seu histórico bolsonarista não nos deixa pensar o contrário.

O fato é que Odelmo não é bobo e quer se ausentar da culpa pelos mortos na cidade ao postar constantemente no seu Twitter que sabe da gravidade do assunto, o que não é verdade. Isso, pois, se o prefeito fosse realmente consciente da situação e estivesse preocupado com os cidadãos, decretar um lockdown, seguindo a tendência de cidades do norte e nordeste do Brasil, seria pauta prioritária da prefeitura.
 
Diante dessa realidade, caberia ao prefeito assumir as rédeas do Estado e criar planos econômicos para o trabalhador desempregado, para o pequeno e médio empresário que não tem culpa de querer reabrir seu comércio para sobreviver. Se a prefeitura não dá suporte para essas pessoas, este que é totalmente plausível no contexto econômico de Uberlândia, o povo realmente não tem uma alternativa. E a culpa, mesmo que o Odelmo e a CDL tentem colocar, não é desse pessoal.

O prefeito é um Leão acovardado que transforma vidas em politicagem. Que se vende para os grandes empresários e ruralistas. Mas ruim é para ele, que não está lá, nem cá. Nem 100% defende a população do coronavírus, nem dá condições plenas para o empresariado trabalhar sem dor de cabeça (vide as próprias críticas de Novaes sobre o prefeito). Nesse acovardamento, Odelmo Leão rompe com parcela dos bolsonaristas, se queima com os empresários, ignora a oposição e ainda culpa a população pelo número de mortos. Cada vez mais rachado.

Se em março o prefeito estava em dúvidas se entraria na disputa pelo seu 4º mandato em Uberlândia, hoje torço para ele desistir de vez dessa daí. Nossa cidade merece uma liderança que se importe mais com a vida dos seus cidadãos. E se Odelmo Leão acredita que realmente não há mais nada a ser feito, que renuncie.



Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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