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30/05/2020 às 08h39min - Atualizada em 30/05/2020 às 08h39min

Sangue de argila

ALICE GUSSONI
MARCEL GUSSONI / DIVULGAÇÃO
Nesta quinta, 28 de maio, foi o dia do ceramista. Uma profissão que abraçou minha vida com tentáculos longos e fortes. Então, hoje vim contar uma história de amor. Eu, e o meu casamento com a cerâmica.

Não sei ao certo quando tudo começou. Como aquelas coisas que vieram junto com você, sabe, a cerâmica está comigo desde que me entendo por gente.

Ainda criança, me fascinava a possibilidade de materializar uma ideia. Pensar e tornar real. É como ter uma impressora 3D com vontade própria dentro de você, com sua caligrafia, sua personalidade.

Uma dessas primeiras "materializações" em cerâmica foi uma miniatura. Uma casa bem pequena, com telhados removíveis, mini cama, mini pessoas. Um mini vaso sanitário.

Penso que essa paixão tenho herdado dos meus pais artistas. Cafés da manhã ouvindo sobre grandes escultores, pintores e movimentos culturais. Mais tarde, ter a indescritível emoção - e o privilégio -, de ver muitas dessas belezas em museus. Aliás, visita a museus é agenda principal em qualquer lugar que eu vá.

Das brincadeiras com argila no quintal da minha avó, eu a cerâmica fomos estudar artes na faculdade. Juntas também, nos mudamos para Roma. Tempos de dificuldades e de uma solidão cortante, e da euforia de uma aprendiz na terra dos clássicos.
Observar, respirar, estudar. Ser aluna de um "maestro" italiano que parecia ter saído de um filme de Fellini.

Aprendi que a beleza da cerâmica artesanal é que as peças não são feitas por máquinas, e que isso fique evidente. Autênticas e com personalidade. Como uma família: iguais, mas diferentes.

Essa experiência me fez entender que, para mim, arte faz tanto quanto a fome e a necessidade de dormir. Seja com aquarela, argila, ou cozinhando. Arte é o caminho espiritual que traz para o prumo, dilui problemas, traz insights.

Que linda loucura essa, de admirar o processo alquímico da argila, da água, do secar, das cinzas, do fogo.

A cerâmica e eu nos elegemos, uma a outra, num desafiante re-criar diário, quase incansável. Sinto um privilégio, um maravilhamento em criar objetos que vão testemunhar almoços de família, presentear autênticas histórias de amor e unir pessoas. E por esse caminho seguimos, através da arte, criando conexões. A receita de hoje é meu prato preferido, servido no meu prato preferido.
 
LASANHA BOLONHESA
 
Ingredientes para 6 pessoas
 
- 500g de massa fresca
- 2 kg de tomates maduros (ou duas latas de tomates pelados)
- 500g de patinho moído
- 1 cenoura média
- 1 talo de salsão
– 1 cebola média
- 3 dentes de alho
- 1 xícara de vinho branco
- Manjericão
- 500g de mussarela
- 200g de parmesão ralado
- Sal e azeite
 
Preparo
 
Em uma panela bem aquecida com azeite, refogue a carne moída, até dourar. Adicione a cebola e o alho. Quando estiverem também dourados, adicione a cenoura e o salsão cortados em cubos pequenos. Deixe refogando por alguns minutos e adicione o vinho, os tomates cortados em cubos e sal. Deixe cozinhando em fogo baixo por 30 minutos, mexendo e adicionando um pouco de água se necessário. Finalize com manjericão e reserve.

Para a montagem tradicional basta ir intercalando camadas de molho bolonhesa, massa, queijo mussarela, repetidas vezes.
Para fazer em formato de rosas, nós cortamos as massas em tiras estreitas, colocando a carne moída e o queijo por cima da massa e depois enrolando, como um rocambole. Neste caso, molho de tomate deve ser despejado metade no fundo da forma, outra metade por cima das rosas, e o parmesão ralado para finalizar. Leve ao forno por 40 minutos. Finalize com um fio de azeite e um punhado de manjericão.



Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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